Blog do Chico Maia

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“O tempo é praga, e arregaça com o sujeito”

Imagem: twitter.com/Atletico

Em janeiro de 2023 o Atlético postou no twitter essas fotos comparativas de Reinaldo, Paulo Isidoro e Marcelo Oliveira, quando jogavam juntos no Galo em 1977 e agora:

“Uma geração de craques Atleticanos que o tempo não separou”

Me lembrei da frase do filósofo diamantinense, Waldívio Marcos de Almeida, que diz: “o tempo é praga e arregaça com o sujeito”. No caso, o Paulo Isidoro, 70 anos, escapou. Mudou muito pouco em relação aos dois companheiros. Reinaldo fará 67 anos depois de amanhã, dia 11. Marcelo está com 68.

Jogaram muito!

Felizmente, os três estão muito bem de saúde e só o visual mudou bastante, especialmente do Rei e do Marcelo.


Que este ano seja diferente. Em 2023 o América foi o “rei” dos jogadores velhos, mais rebaixados e no DM

Minha coluna no BHAZ:

Técnico Cauan de Almeida apresentado no CT Lanna Drumond – Foto: @AmericaFC1912

Perspectivas 2024

A montagem de todo elenco começa pela escolha do treinador, que junto com a diretoria, define quem fica no clube e quem será contratado. Ano passado, o veterano Wagner Mancini foi o responsável pela maioria das indicações e só na reta final foi substituído pelo argentino Fabián Bustos. Este ano, a aposta é na juventude do Cauan de Almeida, 34 anos, que já trabalhou no próprio América e era até outro dia auxiliar do Mano Menezes no Corinthians.

Em 2013 o ex-dirigente do Barcelona, Ferran Soriano, lançou um livro que se tornou uma “Bíblia” do futebol: “A bola não entra por acaso”. Quem segue os caminhos indicados lá raramente se estrepa. Quem não segue, dança feio. Caso do América ano passado.


A temporada 2023 terminou oficialmente no dia 6 de dezembro, mas no dia 8 de novembro a imprensa nacional já destacava o primeiro rebaixado do Brasileiro, o Coelho, que tomara de 3 a 0 do Coritiba (outro que seria rebaixado na sequência), em pleno estádio Independência.


No mesmo embalo, começavam sair as estatísticas do fim do ano e se destacava como o América líder em contratar jogadores com histórico de rebaixamento e presença no departamento médico. Sem falar naqueles envolvidos no esquema de apostas e armação de resultados, citados pela investigação do Ministério Público de Goiás.


O lateral Nino Paraíba e o atacante Henrique Almeida acumulavam a partir dali, o sétimo rebaixamento nas vidas deles. Passaram Rafael Moura, que foi rebaixado seis vezes, e que coincidentemente, também caiu com o Coelho (2018). Se aposentou em 2022.


O Globoesporte.com buscou dados nos departamentos médicos dos clubes da Série A 2023 e fez um ranking dos “chinelinhos”, e lá está o América, líder também, junto com o colega de rebaixamento Goiás, e o São Paulo. Cada um deles jogou um mínimo de 70 partidas na temporada. O Coelho teve 56 no estaleiro, seguido pelo Goiás, 55, e o São Paulo 54.
Com jogadores deste tipo, a fórmula do fracasso está garantida.


Rebaixamentos do Nino Paraíba: Vitória 2010 e 2014, Avaí 2015, Ponte Preta 2017, Bahia 2021, Ceará 2022 e o América 2023.
Henrique Almeida: Vitória 2010, Sport 2012, Bahia 2014, Coritiba 2017, Chapecoense 2019 e 2021, América 2023.
Rafael Moura, seis rebaixamentos: 2004 (Vitória), 2005 (Paysandu), 2010 (Goiás), 2016 (Figueirense), 2018 (América) e 2020 (Goiás).


Outro “rei” de rebaixamento é o ex-lateral Edílson, cinco vezes, mas não passou pelo América. O destaque aí é que ele fracassou com os dois maiores de Minas: Atlético 2005 e Cruzeiro 2019. Também contribuiu com as quedas do Athletico-PR 2011, Botafogo 2014 e Goiás em 2020.


Éverton Ribeiro e outros investimentos. Donos do Bahia/City estão enfiando a mão no bolso

Minha coluna no BHAZ:

Foto: @ecBahia

Pelo menos na mídia, SAF do Bahia promete bons resultados este ano

Pelo visto os donos do Manchester City estão enfiando a mão no bolso mesmo para montar um time competitivo para o Bahia nesta temporada. Além da manutenção do técnico Rogério Ceni e a contratação de Everton Ribeiro, outros bons jogadores foram contratados e o time está viajando neste momento para pré-temporada em Manchester nas instalações do clube.


Isso pode gerar efeito psicológico bastante positivo nos 24 jogadores que compõem a delegação e nos que ficaram em Salvador para o início do campeonato baiano. A simples perspectiva de ficar sob o radar atento e milionário de ambiente britânico, de um dos clubes mais poderosos do mundo não é pouca coisa.


Expectativa enorme em torno da joia da coroa baiana, Éverton Ribeiro, um dos maiores investimentos do mercado brasileiro até agora. Em 10 de abril ele vai completar 35 anos, é um profissional sério, que sempre se cuidou bem dentro e fora de campo.


Me chamou a atenção um comentário que o Planeta do Futebol futebol publicou, como sendo do Arnaldo Ribeiro, de São Paulo, um dos comentaristas que mais respeito: @futebol_info “O Bahia está montando o melhor meio de campo do Brasil. O Bahia está contratando Jean Lucas, Everton Ribeiro, Caio Alexandre e manteve Cauly. Imagina o meio de campo com Caio Alexandre, Jean Lucas, Everton Ribeiro e Cauly. Cara, dá uma olhada no que o Rogério Ceni vai ter nas mãos.”
Outro jornalista que respeito muito, o catarinense Renan Koerich discorda: @renankoerich “Gosto muito do Arnaldo Ribeiro… mas, discordo.”

E concordo com o Renan. Considero exagero dizer que é o melhor meio campo do Brasil, pois a bola não rolou ainda e nem papel me parece o melhor meio campo. Mas, como diria o saudoso Flávio Anselmo o “comentarista de peito aberto”, “vou guardar a minha boca pra comer a minha farinha!”


Ainda sobre a SAF baiana/britânica, vale lembrar que os ingleses estão investindo em jogadores formados, porém, apostando no principal interesse deles no futebol brasileiro que são as promessas. Na delegação que fará pré-temporada em Manchester, está um jogador de 17 anos, Sidney, formado pelo Bahia, que estava disputando a Copa São Paulo e foi chamado de volta a Salvador para se juntar os profissionais que viajaram.


E enquanto a bola não rola, o oba-oba do clube nas redes sociais, segue a mesma cartilha de todos os clubes de futebol brasileiros, jogando pra cima, enchendo a bola de tudo e todos, criando as maiores expectativas possíveis nos torcedores:
@ecbahia


“Bom dia, Nação! Delegação tricolor nesse momento sobrevoa o Oceano Atlântico rumo às últimas três horas de voo até Lisboa. Grupo fará conexão na capital portuguesa com destino à cidade de Manchester.”


Franz Beckenbauer contribuiu demais com a evolução do futebol, dentro e fora de campo

Foto: twitter.com/UEFA

Minha coluna no BHAZ:
Mais um gigante do futebol que se vai: Franz Beckenbauer

Contribuiu demais com a evolução do futebol, como o zagueiro que era também meio campista e atacava, como técnico da seleção alemã, como vice-presidente da Federação deles e coordenador da candidatura e realização da Copa de 2006, a que mais apresentou novidades em termos de organização e marketing, depois da França.

Os capitães de Cruzeiro e Bayern se cumprimentam antes do primeiro jogo da final da Copa Intercontinental de 1976, 2 a 0 para os alemães, em Munique: Wilson Piazza e Franz Beckenbauer, no dia 23 de novembro de 1976, sob os olhos do árbitro argentino Luis Pestarino, hoje com 95 anos de idade.

Foto: twitter.com/Cruzeiro

Nessa os times perfilados para os hinos momentos antes do jogo da volta, no Mineirão, 0 x 0 (Foto: twitter.com/Cruzeiro), com apito do árbitro inglês Patrick Partridge, que morreu em outubro de 2014, aos 81 anos.


Aos 78 anos de idade, ontem, mas só hoje a notícia foi dada pela família, que soltou uma nota curta e seca “É com profunda tristeza que informamos que meu marido e nosso pai Franz Beckenbauer faleceu pacificamente ontem cercado por sua família. Pedimos que possamos chorar em silêncio e que se abstenham de todas as perguntas.”

Em 2016, acusações, até hoje não comprovadas, do Ministério Público da Suíça, envolveram o nome dele em tramoias da candidatura alemã para se tornar a sede da Copa de 2006. Isso o abalou profundamente, com consequências em sua saúde.
Passou nos últimos anos por duas cirurgias cardíacas e ficou cego de um olho.

Ele teve muito trabalho para marcar Palhinha nas partidas decisivas contra o Cruzeiro – Foto: twitter.com/Cruzeiro

A União Europeia de Futebol prestou homenagem a ele em suas redes:
“Sua versatilidade incomparável, transições graciosas entre a defesa e o meio-campo, controle de bola impecável e estilo visionário remodelaram a forma como o futebol era jogado. O legado de Beckenbauer como um dos maiores nomes do futebol de todos os tempos é indiscutível…”
No site da Rádio Deutsche Welle, mais detalhes sobre o “Kaiser”


“Morreu Franz Beckenbauer, lenda do futebol alemão”
Franz Beckenbauer, lenda do futebol alemão, morreu no domingo (07.01), aos 78 anos, informou hoje a família do antigo jogador e treinador. “Uma perda para o futebol e para toda a Alemanha”, dizem dirigentes e amigos.

https://www.dw.com/pt-002/morreu-franz-beckenbauer-lenda-do-futebol-alem%C3%A3o/a-67921523


Exageros à parte, Zagallo: nem herói, nem vilão!

Imagem: twitter.com/CONMEBOL

Uma overdose de Zagallo na imprensa nacional, só de elogios ao falecido treinador. Já manifestei a minha opinião sobre ele numa postagem anterior e volto ao tema porque assim como eu, muita gente se assustou com o endeusamento absurdo que estão fazendo dele.

E a reação tem sido pesada, quase na mesma proporção. Pego como exemplo comentários aqui no blog, com os quais concordo na maioria dos casos, porém com ressalvas, que já faço agora, para o que os senhores e as senhoras vão ler:

– Zagallo foi inovador sim e quem me disse foi o Tostão, que tem trabalhou sob comando dele.

– Teve grandes craques da história nas mãos para ganhar a Copa de 1970, porém, se não tive competência para saber escalá-los e controlar o ambiente, teria se ferrado, como vários se ferraram e se ferram ainda. Exemplos não faltam, nos clubes e na seleção.

– Ele era bairrista sim, mas não discriminava em função do estado em que o jogador atuava, como por exemplo: em 1970, Tostão, Piazza e Fontana eram do Cruzeiro; Dario, do Atlético; Everaldo, lateral esquerdo, titular, era do Grêmio.

– Em 1998 ele pôs Ronaldo para jogar a final em cima da hora, depois de ter soltado a escalação oficial para a imprensa com o Edmundo escalado. Opção dele, que era o chefe e teria que optar. Cada treinador e cada um de nós pensaria de um jeito. O jogador disse que estava bem, os médicos lavaram as mãos, dizendo que clinicamente ele estava, ok. Era o melhor jogador do mundo naquele momento e titular absoluto. Se eu fosse o treinador, também o colocaria pra jogar.

Com essas ressalvas, confiram o que pensam outros comentaristas aqui do blog, a quem agradeço:

Juca da Floresta

… Zagalo pegou a seleção de 70 montada pelo inesquecível João Saldanha, ele não teria a competência de escalar esse time. Fez fama com a cama pronta. Deus o tenha…”

João Carlos Albuquerque  

“Não há nenhuma dúvida de que Zagallo é uma das maiores personagens do futebol brasileiro, mas a pesar dos 4 títulos mundiais, a verdade é que ele nunca passou de um esforçado coadjuvante e um dos responsáveis pela supervalorização do cabeça-de-bagre no futebol, tais como Parreira, Coutinho, Lazaroni e alguns outros menos famosos que ajudaram a plantar e adubar as sementes de nossa mediocridade atual, da qual seremos herdeiros por mais muitas décadas. Além do exposto, o pachequismo dele aliado ao carioquismo subserviente ao poder, bem como ao bairrismo que simplesmente o faziam “desconhecer o futebol que era jogado no restante do país” fizeram mais mal do que bem ao esporte. Ninguém diz isso abertamente, mas a verdade é que fora do Rio, ninguém suportava esse cara.”

Silvio Torres

“Não vou detonar totalmente a carreira e as conquistas do Zagallo mas, como acontece em muitas outras situações, a “imprensa atleticana” do Rio costuma esconder os fracassos de seus protegidos. Assim foi com o Velho Lobo, que treinou pouquíssimos times pra quem tinha um currículo tão “vitorioso”. Praticamente nenhum grande clube brasileiro o queria e os poucos que o contrataram foi por falta de opção melhor. Na seleção mesmo, com gerações brilhantes nas mãos, fracassou em três Copas. Em 74 penou na fase de grupos – quem viu não esquece o sufoco contra o Zaire – avançou aos trancos e barrancos até topar com a Holanda. Em 98 não dá pra esquecer nem perdoar a atitude covarde, medrosa de botar Ronaldo pra jogar a final. Em 2006 foi cúmplice do maior festival de palhaçadas de um selecionado tupiniquim. Peço licença ao Levir Culpi pra definir a carreira do Zagallo: foi um medíocre com sorte.”

Alisson Sol

“Definitivamente uma grande pessoa, que descanse em paz.

Agora, eu vou apresentar um ponto-de-vista aqui: é difícil ser treinador com Pelé, Tostão, Rivelino, Garrincha, etc.? Ou com Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo? Acho também que a má administração do caso do problema de saúde tido por Ronaldo na final de 1998 cai sob ele. Definitivamente, um grande “motivador”. Mas, como técnico, acho que conquistou títulos em eventos com menos dificuldades tendo times que jogariam sem técnico. Não olho apenas os títulos, e acho que em termos de esquema Telê Santana foi melhor, em termos de leitura de jogo Luxemburgo foi melhor, e em termos de “fazer um bando de cabeças de bagre” funcionar como um time, o Autuori foi melhor (e não é por evitar a queda do Cruzeiro: ele venceu o Campeonato Brasileiro e Libertadores com times absolutamente “esquecíveis”!).”

Raul Pereira

“… Zagallo era um técnico comum. Retranqueiro.

Deu sorte na vida como jogador (mediano, nota 6 no máximo) e como técnico que herdou de João Saldanha um time pronto e se sagrou campeão do mundo em 1970.

Mesmo assim, que descanse em paz – seja lá o que isso signifique, estou apenas repetindo uma expressão padrão que as pessoas usam em situações como essa…”


Zagallo foi um dos mais inovadores técnicos do mundo, dentro e fora de campo

Foto: CBF – Minha coluna no BHAZ:

Zagallo foi um dos maiores exemplos de superação e volta por cima no futebol

O “velho Lobo” se foi ontem, aos 92 anos de idade. A vida dele era o futebol e a família. Durante muitos anos teve grande ligação com Belo Horizonte, trazendo o filho para tratar da visão, no Instituto Hilton Rocha, então referência no assunto na América do Sul.


Era uma pessoa simples, gentil, apesar de passar imagem diferente nas entrevistas, quando os embates com a imprensa exigiam. Não fugia dos debates, era duro nas respostas e questionamentos, porém, terminada a conversa ou a “briga”, voltava a tratar o debatedor de forma elegante. Na Copa de 1994, como coordenador técnico, foi fundamental para que o Carlos Alberto Parreira tocasse a seleção com tranquilidade dentro dos gramados, pois fora, ele cuidava de enfrentar a imprensa e resolver outros problemas, muitos. Parecia que ia sair na porrada com alguns colegas jornalistas e radialistas em determinados momentos, principalmente com os paulistas, que pegavam mais no pé das escalações do Parreira e o trabalho da CBF. Momentos depois, a mesma cordialidade com todos.


Tive o privilégio de ser colega de trabalho do Tostão, na Band, no Minas Esporte, nos anos 1990. Antes ou depois do programa, eu matava todas as curiosidades que tinha sobre os bastidores do futebol, principalmente sobre alguns ícones da história com quem o Tostão conviveu, em especial na Copa de 1970, no México. O grande ex-craque contava que Zagallo foi o técnico mais inovador que ele teve até então, tanto nas táticas, quanto nos treinamentos e até na forma de tratar os jogadores de futebol. Modernizou, democratizou, abriu o diálogo entre comandantes e comandados. Era da tese de que os melhores tinham que estar entre os 11 titulares, mesmo se tivesse que improvisar. E assim, transformou Piazza em zagueiro na Copa, adaptou o próprio Tostão para jogar com Pelé e inventou o “falso” ponta, com Rivelino jogando pela esquerda.

Zagallo com Ronaldo durante a Copa da França em 1998. Foto: cbf.com.br


Pessoalmente, tive mais contato com o Zagallo durante a Copa da Itália, em 1990, em que ele foi como comentarista da Rede Manchete. Participava de todas as “resenhas” conosco, repórteres e comentaristas, de quase todas as incontáveis festas e recepções que o comitê organizador da Copa e cidades sedes organizavam. Era tido por muitos como aposentado como técnico de futebol, já que tinha comandado a seleção brasileira pela última vez na Copa de 1974 e depois passou por vários clubes, até ser convidado pela Manchete (hoje Rede TV) para ser comentarista.

Mas, com a chegada do Ricardo Teixeira à presidência da CBF, ele voltou com tudo ao poder. O sogro e mentor do Teixeira, João Havelange, então presidente da FIFA, era fã do “Velho Lobo”. Tinha sido presidente da CBD (atual CBF), e confiou a ele a missão de substituir João Saldanha às vésperas da Copa do México de 1970, em momento delicadíssimo do país, que vivia o auge do regime militar.


Depois do fracasso do Sebastião Lazaroni na Copa da Itália, Ricardo Teixeira chamou para a Copa seguinte, dos Estados Unidos, a dupla Zagallo/Parreira, do tri de 1970. E aquele “aposentado” de 1990 dava as cartas novamente, agora como coordenador, da seleção que viria a conquistar o tetra em 1994.
Em 1998 foi o treinador na Copa da França, que perdeu a final para os donos da casa. Com a derrota, parecia que tinha chegado o fim da trajetória dele na seleção. Ledo engano. Em 2006, lá estava dele como coordenador novamente, integrando a comissão do Carlos Alberto Parreira, na Copa da Alemanha. Porém, com a saúde debilitada, fora de combate. Certamente, se estivesse inteiro, desempenharia o mesmo papel de 1994 e não deixaria o ambiente da seleção se tornar aquela zona que foi, fora de campo, na preparação na Suiça e durante o Mundial.
Descanse em paz, Velho Lobo! O futebol agradece a sua dedicação e competência.


E lá se foi o querido Marco Antônio Falcone, maior mestre cervejeiro do Brasil

Tomando um “chá com torradas” com o Marco Antônio Falcone, no Falke Pub, na Rua Alvarenga Peixoto, 531 – Lourdes, em Belo Horizonte

O Marco estava com 60 anos de idade.

Velório e sepultamento, de 14h30 às 16h30 no Parque da Colina.

Cada um tem seu jeito de lidar com a morte. Morro um pouco a cada notícia da partida de alguém de quem gosto muito. Por mais que saibamos que a única certeza que temos na vida é que todos vamos morrer, nunca nos acostumamos com a informação de que alguém querido se foi.

Neste aspecto, o ano passado foi um dos mais duros da minha vida e quem nos lê aqui, sabe das minhas perdas irreparáveis em 2023. Hoje, às 15h27 o Ronaldo Falcone enviou mensagem informando que o irmão Marco teve uma recaída e estava muito mal na UTI. Às 18h20, outra mensagem com a pior notícia que eu poderia receber e passar neste quinto dia de 2024: o Marco se foi! Cabeça dura, não dava bola para a diabetes que lhe acometeu há uns anos.

No dia 11 de maio do ano passado, ele estava feliz demais com o lançamento da Wave, a sem álcool da Falke. Comemoramos no Falke Pub, obviamente tomando as várias opções com álcool, depois de degustarmos a Wave, pra conhecer.   

Sobre este encontro, escrevi aqui no blog: “Tenho o privilégio de ser amigo do Marco Antônio Falcone desde os tempos do Colégio Roma, em 1979. Nunca, eu, nem os companheiros de escola imaginaríamos que aquele nosso comandante das vias sacras etílicas pelos bares da região da Rua Gonçalves Dias (Funcionários) se tornaria o maior mestre cervejeiro do Brasil, um dos mais respeitados do continente.

Em 2004, o danado criou a Falke Bier, a artesanal que ganhou as prateleiras das melhores casas do ramo do país. Em 2005 tive a honra de ser nomeado por ele, relações públicas honorífico da Falke, por ser um consumidor fiel.

E o Marco fez escola: seus filhos Thiago e Max também fizeram por merecer o reconhecimento e entraram para a galeria dos grandes cervejeiros. Hoje, estão na prateleira de cima. Thiago, na Europa; Max, lançando novidades inacreditáveis por aqui, como a “Peregrinos”, por exemplo, um sucesso reconhecido por experts  e consumidores comuns, como eu…”

Ele com o filho Thiago, conceituado Mestre cervejeiro na Europa

Liderança nata, nos convencia a “matar” as aulas no Roma depois do intervalo para curtir os bares da região do Funcionários, Savassi e adjacências. Claro que quase todos nós tomamos bomba e nos enrolamos para concluir o segundo grau. Depois, cada um se virou nos estudos e nos encaminhamos bem profissionalmente.

A vida distanciou a maioria e ficamos muitos anos sem nos encontrar. Num belo dia, numa visita à redação da Secretaria de Comunicação do governo do estado, na Praça da Liberdade, ouço um berro:

__ Puta que pariu, Chico Maia! Quanto tempo! Está sabendo que o Marco Falcone está produzindo uma ótima cerveja artesanal?

Era o colega de sala no Roma, Toninho Morais, que eu não via há mais de 10 anos, mesmo tempo que eu não via o Marco. Trocamos números de telefones, combinamos de nos encontrar na semana seguinte. Porém, dali, eu atravessaria a Praça para almoçar no Minas 1. Quando chego, uma voz forte, inconfundível grita:

__ Pô, Chico Maia, e esse nosso Galo, hein!?

__ Não acredito que você é o Marco Antônio Falcone! -, respondi

Era coincidência demais reencontrá-lo ali, minutos depois de eu ter notícias dele, depois de tanto tempo em que não nos víamos. Ele estava de boné, artigo que passou a usar depois que a calvice o pegou precocemente, mas mesmo assim o reconheci.

Isso foi em 2004 e a partir daí a amizade foi retomada, como se não tivéssemos nos afastado por tanto tempo.

Uma das pessoas mais inteligentes, íntegras e agradáveis que conheci. Intransigente na defesa de suas convicções, mas de enorme bom senso para reconhecer quando estava equivocado.

Um dos pioneiros no desenvolvimento da cerveja artesanal em Minas, colaborava com todo mundo que se interessava pela área. Não enxergava ninguém do setor como concorrente e sim como colega de atividade para enfrentar as marcas gigantes, cada vez mais poderosas e dominadoras do segmento.

Algumas das marcas Falke Bier

Frequentador assíduo da Cantina do Sorriso, no São Lucas, se tornou nome de prato, como homenagem do dono da casa. Aliás, um dos mais pedidos: arroz, feijão, fritas, espaguete, ovo, salada do dia, porco, frango ou fígado.

Dentre as possibilidades e esperança de que tudo não acabe aqui, neste plano, o Falcone já já estará com o seu pai, Seu Júlio, figura fantástica, que nos deixou em 2021 e com o Toninho Morais, amigo e compadre inseparável dos tempos do Colégio Roma, que se foi prematuramente há sete anos.

Marco com os irmão Ronaldo e a irmã Juliana

Ano passado combinamos um encontro na Europa, pois estaríamos lá na mesma época. Seria no casamento do filho dele, Thiago, também Mestre cervejeiro, em Ghent, na Bélgica, onde vive o Thiago há três anos. Se, por algum motivo, não desse lá, nos encontraríamos em Paris. Acabou que ele retornou antes e não nos encontramos.

Com a companheira de todos os momentos, Mônica e o filho Max,

Na sede da Falke tem esta foto, que o Marco Falcone mandou emoldurar:

eu, com boné e camisa da cervejaria, entre Fernanda Torres e Maitê Proença, durante a Copa da Alemanha em 2006, no estádio do Borússia Dortmund, antes de Brasil x Gana, pelas oitavas de final.

Ele adorava receber amigos e o trade turístico na sede da Falke, em Ribeirão das Neves, como estes:

da esquerda para a direita, jornalista Sergio Moreira, o promotor de eventos Marcos Valério e Muraí Caetano, dono do Restaurante Xico da Kafua, um dos melhores de Minas.

À esquerda o músico Luciano Macaco, Vitor Braga (ex-goleiro do Cruzeiro), o saudoso Seu Júlio Falcone e o Marco.

Com ele e o publicitário Rômulo Aquino Righi, em um dos nossos últimos encontros, na Cantina do Sorriso, na esquina das ruas Camões com Visconde de Taunay, 263 – São Lucas

Descanse em paz, caríssimo Marco. Como diz o Milton, “qualquer dia a gente se encontra!”.


Futebol brasileiro: zorra nos bastidores e recorde de público nos estádios

O italiano Carlo Ancelotti brinca com seus comandados brasileiros no Real Madri

Minha coluna no BHAZ:

A volta do Ednaldo à presidência da CBF e a arapuca para o Dorival Jr.

O italiano Carlo Ancelotti pediu longo prazo para estudar a proposta da CBF. Manjou a barra e antes de bater o martelo, caiu o presidente Ednaldo Rodrigues por meio de uma estranha movimentação jurídica/política de bastidores. Dois dias depois de agradecer o convite, outro estranho movimento político/jurídico recolocava o Ednaldo na presidência.


“Que loucura é este país”, é o mínimo que o Ancelotti deve ter pensado. Escapou de uma fria. De novo no cargo, por uma liminar determinada pelo Ministro Gilmar Mendes, do STF, Ednaldo disse que Fernando Diniz não faz mais parte dos planos dele e que a bola da vez é o Dorival Jr., atualmente no São Paulo.
Interessante é que foi um partido político, o PC do B, que moveu a ação judicial que devolveu ao cargo ao Ednaldo. Sob a fajuta alegação de que a FIFA e a Conmebol poderiam excluir o Brasil das Olimpíadas de Paris e os clubes brasileiros da Libertadores, Sul-americana e demais competições promovidas por ela. Tá certo! O jogo do faz de conta não pode parar e o circo continua.


Por outro lado, dirigir a seleção brasileira por um jogo que seja, garante bons empregos para qualquer um que tenha essa “graça”, o resto da vida. Diniz comandou por seis: três derrotas, um empate e duas vitórias. Dorival pode até topar. Já estava descendo ladeira, foi resgatado pelo Flamengo, que o sacaneou em seguida, e deu nova volta por cima comandando o São Paulo. A seleção brasileira no curriculum seria a consagração total, mesmo sabendo que estaria entrando numa arapuca, no caso, de ouro.

Ednaldo
Por quanto tempo o Ednaldo ficará no cargo, pouco importa, para ele e para a CBF. Na posição em que chegou, ficará bem na fita de qualquer jeito, na certeza de que o sucessor, seja quem for e quando for, manterá o circo funcionando.
O torcedor, também nem aí para essas idas e vindas entre os cartolas e os milhões que eles manipulam. Prova disso é que o campeonato brasileiro de 2023 bateu todos os recordes de público, com média de 26.524 pagantes por partida, mesmo com 12 jogos com portões fechados. O recorde anterior era de 22.953 pagantes do campeonato de 1983.
Como dizia Tom Jobim, “o Brasil não é para principiantes”. O futebol é uma das provas disso!

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, acatou pedido do PCdoB e concedeu liminar, hoje, devolvendo a presidência da CBF a Egnaldo Rodrigues – Foto: portal.stf.jus.br


Cuca sofreu um dos maiores excessos e covardias da história da imprensa

Minha coluna no BHAZ

Foto: Pedro Souza/Atlético

E o Cuca, hein!? Quase acabam com a vida dele, e ninguém paga por isso!

Aprendi na Faculdade de Direito e tento aplicar no jornalismo: In dubio pro reo (na dúvida, a favor do réu). É o princípio jurídico da presunção da inocência. Na ausência ou insuficiência de provas, o acusado não pode ser condenado.


Agora, só falta quem o linchou moralmente na mídia convencional e redes sociais, ir pra justiça suíça pedir para que o caso seja reaberto. Trecho da reportagem da Folha de S. Paulo sobre o assunto hoje, diz “Assim, Cuca não foi inocentado no mérito…”. Outros ainda o acusam de não ter falado “abertamente” sobre o assunto e qual teria sido a participação dele. Como não? No dia 20 de abril, na apresentação dele como técnico do Corinthians, falou sobre tudo, deu detalhes. Inclusive a própria Folha registrou.


Foi um dos maiores excessos e covardias que já vi a imprensa cometendo contra um profissional. Agora, para não darem o braço a torcer, veem com cretinices como essa de que ele não foi “inocentado”.
Para quem não se lembra, a memória eletrônica está aí para reavivar. No dia 21 de abril do ano passado, escrevi aqui no blog:
“… A vítima não o reconheceu como um dos estupradores, em três depoimentos. Ele foi condenado por fora julgado à revelia, pois o Grêmio, seu clube da época, não se mexeu e ele não tinha cabeça nem dinheiro para tomar as providências que deveria tomar.
Isso há 36 anos. Como o assunto parecia ter morrido ele não se pronunciava sobre isso. Nem mais recentemente, quando começou ser questionado. Foi o seu grande erro, pois a desinformação geral o transformou num monstro. Afinal, foi condenado. Parece que, injustamente, mas enfrenta as consequências de não ter esclarecido e nem se defendido juridicamente, já que a condenação existiu.


Grande parte da coletiva de apresentação dele pelo Corinthians, hoje à tarde, foi sobre isso:
“Eu não sou do mal; eu não sou bandido; não sou culpado de nada. Sou inocente. Tenho minha consciência tranquila, durmo tranquilo. Eu sou uma pessoa decente, acima de tudo. Minha bandeira sempre foi a correção”

“Subiu uma menina para o quarto em que eu estava com mais três jogadores. Eram duas camas de casal. Essa foi minha participação. Sou totalmente inocente; tenho uma lembrança muito vaga, porque faz muito tempo. O quarto era em formato de L; você não sabe, você não vê”.

“O mais importante não é a palavra da vítima? Ela falou: ‘Eu não o conheço, não vi, não estava’. Foram três vezes. A palavra da mulher era que o Cuca não estava lá. Como posso ser condenado? Pelo quê?”

Segundo a Folha de S. Paulo, Cucaa foi “… liberado ao fim da fase de instrução no processo… voltou ao Brasil. No julgamento, teve sentença de 15 meses de prisão e pagamento de US$ 8.000, mesma pena aplicada a Henrique e Eduardo. Fernando foi considerado cúmplice e condenado a três meses de prisão, com multa de US$ 4.000… não foi à Suíça para se defender nem para cumprir a pena estipulada…”

“Eu era um quebrado, tinha 23 anos, não tinha dinheiro para pegar o voo. Fiquei sabendo que fui condenado, coisa de um ano depois. Se eu pudesse voltar ao passado, iria lá. Pronto. Já estou absolvido”

“Por que devo desculpa para a sociedade se eu não fiz nada? A vida passou quase 37 anos. Joguei aqui do lado, treinei vários times, nunca fui questionado. Nos últimos dois anos, a coisa mudou. O mundo mudou, de um jeito melhor, a mulher tem uma defesa muito maior, e sou parte disso, quero isso. Sou pai, sou marido, sou filho. Quero que as mulheres estejam cada vez mais protegidas.”

Ele reconhece que cometeu dois erros: não ter se defendido no processo e não ter falado mais sobre o assunto antes. Sobre o Corinthians, que vai dirigir pela primeira vez, disse:
“Estou energizado. Vou fazer um bom trabalho aqui. Tenho certeza e convicção de que vou fazer um bom trabalho aqui. Hoje, pode ter protesto, e eu vou passar por cima de tudo. Se tiver protesto, vou saber como passar por cima, mas de consciência tranquila. Isso é a maior coisa que um homem pode ter: saúde e paz. Você tendo isso, você dorme tranquilo. Eu durmo tranquilo, graças a Deus.”

Na apresentação no Corinthians ano passado. Linchado moralmente, Cuca jogou a toalha seis dias depois. Foto: @Corinthians/Rodrigo Coca


Parabéns Lola, fundamental na conquista do Brasileiro 1971 do Atlético

Minha coluna no BHAZ – Poster que até hoje é vendido em bancas de Belo Horizonte. O Atlético que representou a seleção brasileira em amistoso no Mineirão contra a Iugoslávia em 1968, com vitória de 3 a 2. A partir da esquerda: Vander, Grapete, Vanderlei, Mussula, Normandes e Décio Teixeira; Ronaldo, Amaury, Vaguinho, Lola e Tião

Não tive o privilégio de vê-lo em ação na plenitude nem de entrevistá-lo, mas os mais velhos contam que era genial, com e sem a bola nos pés. Meia-atacante habilidoso, irreverente, e carismático, segundo Roberto Abras, que já cobria o Atlético naqueles tempos. Tão gente que levava até o Telê Santana no bico, que contou com ele sempre, na caminhada ao título de 1971.

Em 2011 ele esteve em Belo Horizonte para lançar o livro autobiográfico “Lola ainda é o meu nome”, de autoria da esposa, Cristina Corrêa. Foto: TV Galo


Na pia batismal, Raimundo José Corrêa, nascido em Iguatama, distante 235 Km de Belo Horizonte, em dois de janeiro de 1950. Começou no Galo em 1967, onde ficou até 1973. Eu era criança e lá no interior ouvia os comentaristas das rádios Guarani, Inconfidência e Itatiaia dizerem antes de partidas decisivas: “se Lôla jogar, o Atlético tem mais chances, pois além de decisivo ele chama o jogo pra ele…”.

No dia do lançamento do livro recebeu homenagem do Atlético, das mãos da diretora executiva do Galo, Adriana Branco e do diretor de futebol, Eduardo Maluf


Depois do Galo, jogou no Guarani de Campinas, América do México, Tigres de Monterrey, Ponte Preta, Sport de Recife, Grêmio Maringá/PR, Botafogo de Ribeirão Preto, Inter de Limeira e Corinthians de Presidente Prudente/SP.
Mora em Ribeirão Preto, onde é professor universitário, com a família.

Time campeão de 1971: Renato, Humberto Monteiro, Grapete, Vanderlei, Vantuir, Oldair e Telê Santana; Ronaldo, Humberto Ramos, Dadá Maravilha, Lola e Tião. Foto: Centro Atleticano de Memória