Blog do Chico Maia

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Doze sedes para 2014: para encher os bolsos de muita gente

Esta charge do Duke, hoje, no Super Notícia, retrata bem o que vai acontecer a partir de agora, nos preparativos do Brasil para a Copa de 2014. É gente demais que vai molhar a mão e ficar rica indevidamente, com dinheiro gasto à toa ou obras superfaturadas, como foi no Pan-Americano do Rio em 2007, e ninguém foi responsabilizado até hoje.

Os Estados Unidos, de maior extensão territorial e mais rico que o nosso, em 1994, fizeram a Copa em nove sedes. A África do Sul, que já tinha estrutura rodoviária muito melhor que a nossa, também em nove.

Mas em 2014 serão 12 sedes, e toma verba pública, dos nossos impostos!

DUKESUPERFATURADO


Boa demais da conta

Depois da derrota da seleção para a Holanda, tentei antecipar minha volta, mas está difícil, pois não há lugar nos voos da South Africa, antes do dia 16.

“Bão tamém!”, como diriam os gordinhos bons de serviço César Menotti e Fabiano.

De Porth Elizabeth desci para a Cidade do Cabo, com uma parada antes em Knysna, onde ficaram as seleções da França e Dinamarca. Agora estou na Cidade do Cabo, que realmente é tudo aquilo que falam a respeito dela: boa demais da conta!

Amanhã vou ao estádio assistir Uruguai e Holanda e continuo por aqui até quinta feira, quando retorno a Johanesburgo, onde o presidente Lula vai participar da solenidade oficial de lançamento da Copa de 2014.


Começam aparecer os vilões do fracasso da seleção: Jorginho: “Santo do pau oco”

Entre a maioria dos jornalistas ele era tido como “traíra”, responsável pela radicalização do Dunga contra a imprensa. Mas alguns o defendiam e diziam que o Dunga não sofria tanta influência dele a esse ponto.

Agora, alguns jogadores estão abrindo o bico e confirmando, que também entre eles, o auxiliar técnico Jorginho, ganhou a fama de “duas caras”, desses que pregam uma coisa e agem de outra.

A reportagem é da Folha de S. Paulo de hoje:

 

Jorginho sai queimado da seleção brasileira

EDUARDO ARRUDA
MARTÍN FERNANDEZ
PAULO COBOS
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS A PORT ELIZABETH

Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

Esse foi o sentimento de alguns jogadores da seleção com relação ao auxiliar técnico Jorginho. Braço direito de Dunga na seleção brasileira, ele pregou durante o Mundial que a equipe deveria ficar isolada dentro de um hotel em um condomínio sofisticado de Johannesburgo.

Ele também decidiu pelo fim das folgas para os jogadores durante a Copa-2010. Com Dunga, forjou no grupo que os parentes dos atletas deveriam ficar no Brasil para evitar que o time “perdesse o foco” no torneio.

Alegavam que os jogadores poderiam se desconcentrar do Mundial com os familiares na principal metrópole da África do Sul, cidade com índices de violência superior aos piores vistos no Brasil.

Apesar do discurso de reclusão, Jorginho fez o contrário. Desde o primeiro dia da Copa sul-africana, sua mulher e seus filhos estavam em Johannesburgo. O fato só foi descoberto mais tarde pelos jogadores, que se sentiram traídos pelo auxiliar técnico.
A partir daí, Jorginho foi perdendo o poder no grupo.

O ex-lateral direito, campeão mundial em 1994, também desagradou aos dirigentes. Ele era um dos líderes da ala religiosa da seleção. Jorginho aparelhou a delegação brasileira de evangélicos.

Ele foi o responsável pela contratação de Marcelo Cabo para ser “espião” de Dunga no Mundial. Desconhecido no futebol, Cabo dividia com Taffarel, escolhido por Dunga, a função de observar os rivais do time nacional.

Amigo de Jorginho de igreja, ele só trabalhou em clubes pequenos do futebol, como o Bonsucesso, o Bangu e o desconhecido Atlético de Tubarão (SC). O ponto alto da carreira dele foi ter sido auxiliar técnico de Marcelo Paquetá na seleção da Arábia Saudita, em 2002. No Oriente Médio, treinou times locais.

Jorginho influiu até na escolha dos seguranças da seleção. Um deles foi colocado no posto por ser evangélico.

O auxiliar técnico de Dunga comandava também na seleção as sessões de oração. Um pastor frequentava a concentração para rezar com os jogadores. Lúcio, Josué, Felipe Melo e Luisão eram os atletas mais participativos.

Frequentador da Igreja Congregacional da Barra da Tijuca, Jorginho participa dos cultos quando está no Rio e habitualmente confunde futebol com religião.

No início da carreira como treinador, tentou trocar a mascote do América carioca em 2005. O símbolo do clube é um diabo. Segundo Jorginho, a mascote era uma das responsáveis pela má fase do time –o último título estadual do América foi em 1960.

Ele queria substituir o diabo por uma fênix. A proposta, no entanto, acabou recusada por dirigentes e torcedores do clube.

* http://www1.folha.uol.com.br/esporte/761586-jorginho-sai-queimado-da-selecao-brasileira.shtml


Público de teatro

Fotos: Eugênio Sávioeusavio_292* O governo do Rio Grande do Sul mandou para a África, o Comandante Geral da Brigada Militar do Estado, Coronel João Carlos Trindade Lopes, e mais oito oficiais para observar todos os aspectos da Copa do Mundo, visando 2014. Conversei com ele e seu grupo durante um bom tempo hoje e fiquei convencido que não só os gaúchos tirarão muito proveito dessa missão, mas todo o sistema de segurança da Copa no Brasil daqui a três anos, já que teremos a Copa das Confederações em 2013.

Vieram os militares gaúchos especialistas nas áreas de interesse cruciais para a o bem estar da população e para os cofres públicos brasileiros. Sim, porque a Fifa tem a estrutura e funcionamento de uma empresa multinacional gigante, com muitos parceiros comerciais, todos espertos na busca do lucro. E é na área da segurança que muita gente lucra, até de forma indevida. Vale lembrar que, das contas não aprovadas dos Jogos Pan-Americanos no Rio em 2007, muitas delas estão neste segmento, que o pessoal do COB até hoje não conseguiu explicar.

O governo sul-africano está com um enorme pepino nas mãos, porque foi obrigado a assumir despesas de última hora, que não estavam previstas, e a Fifa não quer nem saber. Dos cofres dela não sairá mais nenhum tostão dos US$ 100 milhões que ela se comprometeu para este mundial para a segurança.

Empresas privadas, especialmente da Inglaterra, faturam alto em eventos como este, às vezes vendendo serviços desnecessários, ou assumindo a terceirização, através de lobbys muito bem feitos. Muita gente sai ganhando fortunas e o governo do país paga a conta.

Os gaúchos estão se informando de tudo, pessoalmente.

 

Teatro

 

Quanto à segurança nos estádios em si, o Cel. Trindade voltará ao Brasil mais tranquilo. Como ele próprio afirmou, quem está acostumado a garantir a integridade dos torcedores “em um Gre-Nal”, não tem maiores problemas com o público de Copa do Mundo, composto na maioria por estrangeiros. “É como consumidores de espetáculos de teatro”, diz.

Nos estádios é proibido até fumar, apesar da cerveja liberada, e torcedores adversários juntos.

 

Vanguarda

 

O Comandante da PM gaúcha fez questão de lembrar mineira, dizendo que, junto com São Paulo, estes três Estados estão na vanguarda da segurança pública no Brasil, e certamente serão modelos a ser seguidos em 2014. Citou o Cel. Renato Vieira (Comandante Geral), como exemplo de conhecimento em policiamento de grandes eventos, lembrando dos clássicos entre Atlético e Cruzeiro, trabalhosos como os do Sul, e criadores de especialistas no assunto.

 

Seminário

 

Em setembro as polícias militares do país vão se encontrar em Maceió para a primeira grande discussão sobre o esquema de trabalho para a Copa do Mundo de 2014. Antes, os gaúchos vão realizar um Seminário, no Beira-Rio, para debater tudo que eles viram de bom e do que pode ser feito melhor em relação à Àfrica do Sul.

O resultado desse encontro será repassado às cidades sedes e aos demais Estados de todo o Brasil, já que a Copa é do país.

 

Know-how

 

Numa iniciativa louvável, a Brigada Militar já está convidando, aqui mesmo, a gauchada presente na África que veio para a Copa: torcedores, dirigentes, imprensa e empresários, para que cada um contribua com informações que viu em sua área específica e que servirão para traçar o planejamento para o nosso Mundial.

Cada segmento tem a sua visão sobre a complexidade de itens que um evento como este reúne, e nada pode ser esquecido.

 

Sem alterações

 

Nos estádios, normalmente, a polícia age mesmo é orientando o público quanto aos setores de suas cadeiras e pedindo que sente-se durante os jogos para não atrapalhar outras pessoas. Durante esta Copa, o único problema foi nas oitavas de final, depois de Argentina e México, quando torcedores andaram se estranhando. Mas a simples presença da polícia sul-africana, ostentando seus sofisticados equipamentos, acalmou os ânimos.

* Estas e outras notas estarão em minha coluna de amanhã, no jornal O Tempo, nas bancas!

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Fumar não pode; beber pode!

* Diz um ditado jurídico, desses que a gente aprende no primeiro período do curso de Direito, que “o uso e os costumes fazem as leis”. E cada país, cada, povo tem seus hábitos, costumes e por consequência, leis próprias.

Com a globalização tudo mudou e continua mudando. Viajando, se observa coisas interessantes, que mexem com a cabeça de qualquer um.

 

Mundo vasto

 

Vejam só: quatro anos atrás, na Copa de 2006, eu o Eugênio Sávio e o Rono Neves, saímos de Colônia, na Alemanha, com destino a Amsterdam, na Holanda, percurso que é feito em pouco mais de duas horas. Nas estradas da Alemanha não há limite de velocidade e vende-se de tudo nas lojas de conveniência dos postos de abastecimento. Você atravessa a fronteira e a velocidade máxima permitida é 120 Km/h, e é proibida a venda de bebidas alcoólicas. Porém, a maconha é liberada!

Vasto Mundo

 

Lembrei-me dessas histórias porque ontem estive durante um bom tempo com o Comandante Geral da Polícia Militar do Rio Grande do Sul, Coronel João Carlos Trindade Lopes, que está aqui com mais oito oficiais gaúchos. Lá a PM tem o nome de Brigada Militar, e ele contou fatos muito interessantes dessa experiência que estão tendo nesta Copa. De cara achou estranho o fato de cerveja ser liberada nos estádios, mas o cigarro é proibido. Ele como fumante, tinha que sair para dar as suas pitadinhas.

* Estas e outras notas estarão em minha coluna no Super notícia, amanhã, nas bancas!


Copa do Mundo é isso aí

O ideal é que todos os jogos da Copa fossem como esses das fases decisivas. Os iniciais são de uma lerdeza de dar sono, com raras exceções. A partir das oitavas de final o bicho pega e só vemos confrontos da melhor qualidade, com a bola rolando ou nos pênaltis.

 O jogo Uruguai e Gana entrou para a história por causa de tanta adrenalina nos momentos finais. Jogador comemorando expulsão porque o que a motivou foi o pênalti não convertido pelo adversário. Foi o caso uruguaio, que ficou parecendo cena de filme.

 A Alemanha deu um banho de bola na Argentina e deixou até barato os 4 x 0. A defesa do time do Maradona é de uma ruindade impressionante e era previsto que os alemães deitassem e rolassem.

A final da Copa deverá repetir 1974 entre Alemanha e Holanda. 

Apesar de terem feito um jogo feio, amarrado dos dois lados, Espanha e Paraguai produziram também momentos que serão lembrados por toda a vida de quem assistiu: em dois minutos, dois pênaltis desperdiçados; um para cada lado. 

A Espanha passou agora, mas não acredito que passe pela Alemanha.

Muita gente acreditava que Dunga e Maradona fossem se enfrentar na final da Copa, agora como treinadores. Tentavam entrar para o seleto grupo onde estão Zagallo e Beckembauer, como os únicos que foram campeões como jogador e técnico. Não foi dessa vez! 

Se muitos acreditavam, a maioria de quem gosta de futebol temia que isso ocorresse. Ambos foram apostas equivocadas, pelo menos neste momento, da CBF e da AFA. Conhecem o futebol taticamente, Dunga muito mais que Maradona, mas não estavam ainda preparados para comandar duas as principais seleções do mundo. 

Dunga pecou pela arrogância e espírito ditatorial. Caiu naquela frase que diz “se queres conhecer um homem, dê-lhe poder”. Não soube ser líder. Antes de se tornar o todo poderoso da seleção era uma figura tratável e boa de prosa. Chegou a ser comentarista da Rede Bandeirantes, na Copa de 2006, quando convivia muito bem com toda a imprensa no dia-a-dia.


Mudança de estilos

Na seleção, depois que ganhou a Copa América, em 2007, Dunga virou um cão raivoso. Nem o fracasso nos Jogos Olímpicos de 2008 o fez abrir os olhos e ver que sem bons jogadores de futebol é difícil uma equipe conquistar títulos. Ficou nessa de confrontar a imprensa, apostar no “grupo fechado”, deixando de fora da Copa jogadores que poderia ter como opção para mudar um sistema de jogo.

A situação de Maradona é pior: trata-se de um fantoche no cargo ou um ventríloquo, que antes repetia o que o ex-treinador Carlos Bilardo lhe dizia; depois passou a ouvir o ex-volante Mancuso, como no jogo contra a Alemanha. Piorou!


O professor de yoga

Enquanto isso, Joachim Low, treinador alemão que teve a vitória de maior repercussão nesta Copa até agora, nunca chegou nem perto, em termos gerais, de Maradona nem Dunga como jogador de futebol. Atuou em equipes pequenas e conseguiu, no máximo, chegar à seleção sub-20 da Alemanha. Como treinador estagiou em clubes menores do seu país, passou pela Turquia, foi auxiliar de Klinsman, na seleção em 2006, até assumir o cargo principal.


Felipão

Aqui na África do Sul dão como certa a volta de Luiz Felipe Scolari como treinador do Brasil. Além do curriculum invejável como técnico de clubes e campeão mundial da Copa de 2002, sabe medir a “água com o fubá”, nas relações da seleção com a imprensa e o público. Não aceita a zorra que foi a preparação para 2006 e nem tem pretensões ditatoriais como Dunga.

Apesar da fama de carrancudo é de muito bom senso e bem aceito pela maioria.


Prepotente

Outro que pagou caro pela arrogância nesta Copa foi o meia Felipe Melo, que chegou à África do Sul se considerando “a última Coca-Cola do deserto”. Não me esqueço da entrevista dele ao ESPN, quando questionado pelo Paulo Vinícius Coelho quanto ao seu momento ruim, vivido na Juventus da Itália. Deu logo na canela do PVC, perguntando: “Você é jornalista?”, e levou troco na mesma moeda: “E você é jogador de futebol?”.