* Vergonha nacional
Quase tudo que vira moda na Europa ou EUA é copiado no Brasil, de bom e de ruim. Entra por São Paulo ou Rio de Janeiro, passa por Minas e desembarca em todo o país. Nos mais diversos segmentos.
No futebol, temos mais a lamentar do que comemorar. Aqui, adaptam as importações ao “jeito brasileiro” para se levar vantagem pessoal em muitos casos.
Importamos os esquemas táticos robotizados europeus, onde a força costuma prevalecer sobre a ginga. A Lei Bosman acabou com o passe por lá e aqui criamos a Lei Pelé, um arremedo muito piorado, que beneficiou empresários e dirigentes desonestos. Lá, transformaram os clubes em empresas; aqui vários clubes foram apoderados por dirigentes, que viraram donos “informais”, onde dividem os lucros e deixam o prejuízo com o time.
Para driblar as leis, porém manter a tradição, clubes famosos da Europa mudaram sua razão social, e a Fiorentina é um dos exemplos mais famosos: Associazione Calcio Firenze (1926, ano da fundação), depois Associazione Calcio Fiorentina (1927) e Florentia Viola a partir de 2002, para não ter a falência decretada e deixar de existir como Fiorentina.
Ltda.
Em São Paulo o Grêmio Recreativo Barueri passou a ser Grêmio Prudente Futebol Ltda e trocou a Grande SP pelo interior; Presidente Prudente. Mas, os dirigentes são os mesmos; apenas levaram vantagens para mudar.
O triste exemplo foi seguido pelo Guaratinguetá que trocou nome, cores e de cidade: passou a ser Americana Futebol Ltda, e usa agora o estádio do Rio Branco, de Americana.
Ruim
Não demorou e a moda chegou às nossas montanhas: o Ituiutaba Esporte Clube, fundado em 1947, simplesmente foi transformado pelos irmãos que o comandam, em “Boa E. Clube”, numa posse do apelido do antigo Ituiutaba e mudou de cidade: agora é de Varginha, a 700 Km de distância.
Ao contrário dos países sérios, aqui as federações e a CBF aceitam sem contestações, alegando que o que vale é o CNPJ.
Nem aí
O interesse de terceiros que se dane. O Uberlândia que viajaria 280 Km (ida e volta) para enfrentar o Ituiutaba pela segunda divisão deste ano, agora viajará 1.156 Km (ida e volta) para pegar o “Boa” em Varginha. O certo seria este novo clube começar na terceira divisão mineira, sem direito à vaga na Série B nacional, conquistada pelo Ituiutaba.
Vale nada
Enquanto na Europa muitas consequências são previstas para quem muda de nome, como começar do zero e rebaixamento, por exemplo, aqui as autoridades batem palmas e até brincam com o assunto.
O sentimento humano, as comunidades originais desses clubes tradicionais e a vergonha na cara que se lixem. Importante é o que o circo continue e que o dinheiro não deixe de correr solto.
* Estas e outras notas estarão em minha coluna de amanhã, no jornal O Tempo, nas bancas!
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