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Diálogo com um colega argentino sobre o futebol brasileiro

O jornalista argentino Jorge Barraza é um amigo de longa data e sempre trocamos informações em português, espanhol ou portunhol, como os senhores poderão ver neste diálogo de ontem.

Respondi a uma questão dele sobre o nosso futebol e gostaria de ouvir a opinião também dos amigos do blog:  

“Hola, Chico, 

Prezado amigo, como vai voce…?

Estou escrebendo um artigo sovre o futebol brasileiro. Que esta acontecendo con esse futebol que sempre foi uma maquina de produzir jogadores e jugar futebol espetacular e vencedor…?

Nao veio nada disso agora.

Ate a Seleçao Brasileira parece uma equipe normal. Na Copa Libertadores as equipes brasileiros som candidatos ao titulo, mas mais pelo presupuesto altissimo que tem que pelo futebol que jogam.

Pelo favor quero uma opiniao tua. Que pode estar acontecendo…?

Obrigado e grande abraço.

Jorge Barraza” 

Resposta:

_ Amigo Jorge,

este tem sido um assunto muito discutido por nós da imprensa esportiva brasileira, desde o fracasso na Copa da Alemanha em 2006, quando levamos um time mais velho e fomos eliminados pela França nas quartasde final.

Desde o fim daquele jogo, temos falado da necessidade de renovação, técnica e tática.

Algumas conclusões já temos: por exemplo, o erro da CBF em apostar em Dunga para substituir Carlos Alberto Parreira na seleção brasileira.

O ex-jogador era um líder, mas nunca havia sido treinador antes.

Insistiu nas convocações de jogadores que atuavam na Europa, ao invés de incentivar os jovens talentos que surgiam no Brasil. Preferia jogadores de futebol força, de marcação, ao invés de talentos.

Porém, a seleção comandada por ele ganhou a Copa América e a Copa das Confederações, dando força para que ele continuasse até a Copa da África do Sul, quando fracassamos novamente, jogando um futebol feio.

Paralelamente a isso, a economia do Brasil melhorou e a Europa entrou em crise. Nossos maiores clubes passaram a buscar de volta jogadores que atuam lá, deixando os novos talentos na reserva, ou emprestando-os a clubes menores. Com isso, a renovação aqui, parou novamente.

Para completar, o sucessor de Dunga, Mano Menezes, até hoje não encontrou um time, e por incrível que pareça, ainda aposta em jogadores como Ronaldinho Gaúcho, que está rico, sempre fora de forma, gordo e fazendo o que quer no Flamengo.

Foi convocado anteontem novamente por Mano Menezes.

Resumindo: ainda temos jovens talentos, porém, não estão sendo bem lançados.

Da nova geração, só craques como Neymar e Ganso são titulares absolutos em seus times.

Espero tê-lo ajudado e estou sempre ao seu dispor.

Grande abraço,

Chico Maia


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Comentários:
11
  • http://twitter.com/@cabrito2606 disse:

    O resultado é, no Brasil, o futebol adotou moldes do futebol espanhol, ou seja, polarizando todo o futebol no eixo Rio/São Paulo, em Flamengo e Corinthians e o resto, se vira como pode, o resto do resto é a miserabilidade futebol clube. Mas, para que isto se tornasse realidade, a Globo, mãe de toda maracutaia, seduz os presidentes de clubes, com cargos políticos, em troca do que está posto hoje.
    Tentei dizer!
    @cabrito2606

  • Guilherme disse:

    Maurício,

    essa é uma outra boa discussão. Além de revelar jogadores, nós revelamos treinadores? Alguém com conhecimento técnico, que possa se inspirar na tradição brasileira de jogar bem, convencer, de jogar bonito?

    Hoje, eu não vejo nenhum treinador com esta perspectiva no Brasil. E vejo, cada vez mais, os tão super-valorizados técnicos em profunda decadência, sem ninguém para substituí-los.

  • mauricio souza BH disse:

    Meu caro Guilherme, como aparecer craques, se os tecnicos de hoje só pensam na força fisica, o jogo em que os cabeças de área é que predominam.
    Só um exemplo dos últimos tecnicos da seleção da cbf/globo.
    Luis Felipe Scolari, Parreira, Dunga, e agora Mano.
    Me explique: O que estes caras conhecem de futebol arte?

  • Daniel disse:

    Caro Chico,

    veja o caso do Atlético que a muito tempo busca jogadores mais velhos, mais acomodados e de qualidade mediana.

    Finalmente começamos o ano com um time base. Não é um time confiável, porém não começamos do zero como em anos anteriores.

    Essa é a hora de dar oportunidade aos garotos da base.

    Abraço.

  • audisio disse:

    Desde o aparecimento do futebol de resultados, trocamos o verdadeiro futebol de arte, beleza, dribles e fantasia pelo futebol de resultados. Técnicos retranqueiros, preocupados somente em marcação e anular o jogo do adversário, inundaram o futebol. Enchemos os campos com médios volantes e marcadores. Os tais “operários da bola” ganharam o destaque que nunca tiveram no nosso futebol. O medo de perder e uma espécie de obsessão pelo futebol defensivo disseminaram-se pelos gramados. Times que na década de sessenta tinha cinco jogadores para defender e cinco para atacar, começaram a colocar dois e mais tarde três homens de características defensivistas no meio de campo, o que foi se alastrando com a entrada de uma geração de preparadores físicos e burocratas que não sabem nada de futebol no comando das tais escolinhas de futebol. à medida que os campinhos de vársea foram sendo engolidos pela especulação imobiliária os craques natos e naturais foram desaparecendo dos gramados. O país encheu-se de “Dungas” por todos os lados.
    Por isso digo que o Barcelona fez um grande benefício ao futebol brasileiro, dando ao doente uma dose do seu próprio remédio, ou seja, um futebol de habilidade, sem muita preocupação com o resultado, sabendo que este virá naturalmente, com o desenvolvimento normal do jogo bem jogado, em equipe, com alegria e habilidade que joga bem! Ganhar ou perder fazem parte do jogo, mas criou-se um mito, depois de 94, que para ser competitivo tem-se que se jogar mal e defensivamente. Os dirigentes, diretores, técnicos no futebol brasileiro, depois da tragédia do Sarriá, chegaram à conclusão que não valia a pena jogar bonito. O importante era ganhar. Foi o que fez Parreira! Só que vinte anos depois colhemos os terríveis frutos do imediatismo e hoje somos pilhéria enquanto o Barcelona humilha o Santos para nosso espanto!

  • ricardo disse:

    Chico boa tarde te acompanho desde o antigo minas esporte, e resposta como essa ai ee que sempre admiro seu trabalho e alem deser atleticano um gde abraco

  • Francisco Barbosa disse:

    A Lei 9.615/98 ( fim do passe).
    Crianças SÓ jogando video game.
    Dirigentes despreparados que só querem dinheiro a curto prazo.

  • Alison Nogueira disse:

    Bom dia Chico

    A muito tempo que a seleção brasileira não empolga ninguém, futebol envolve cada vez mais dinheiro e o torcedor não é bobo, ainda mais com os escândalos que apareceram nos últimos anos relacionados ao Sr. Ricardo Teixeira, sei que os jornais e rádios ligados ao futebol tentam fazer o papel deles para empolgar a torcida mas o torcedor afasta-se cada vez mais dos estádios e se não houver uma forma de mexer com o torcedor novamente acho que este irá ladeira abaixo.

  • Daniel Lanza disse:

    Chico,

    Confesso que não havia pensado por este lado, mas você tem razão.

    Se observarmos, com a crise européia, muitos jogadores estão retornando ao Brasil e outros, que são promessas, nem mesmo estão saindo.

    Com isso o futebol brasileiro está travado no quesito “novos talentos”, apostando em peças velhas mas com bom currículo. E para piorar, os “experientes” estão vendo isso e brigam por vagas com aqueles que acabaram de chegar (ou estão chegando). Uma concorrência “desleal”.

    Eu ainda poderia completar dizendo que no futebol brasileiro atual a onda é jogador estrangeiro, principalmente, sulamericano. Tudo clube tem um, até mesmo os clubes do interior estão começando a agregar.

  • Alexandre Alves disse:

    Caro Chico, os jovens talentos ainda existem, mas acredito que o futebol brasileiro parou no tempo e achou que ficaria ganhando títulos e liderando o ranking da FIFA só com a força da camisa. Para quem tem 5 títulos mundias e já teve belíssimos times, figurar em 6º lugar entre os melhores é pouco. Não buscamos aperfeiçoamento na parte tática e técnica. É sempre aquele esquema tradicional e que todos já conhecem.

    A figura do empresário de futebol também está levando os clubes a não investir muito nas categorias de base, pois garotos que mal sairam das fraldas já tem empresário, assessor de imprensa, gerenciador de carreira, enfim, o seu staff, como dizem atualmente. Não há uma identificação com o clube e, consequentemente onde o dinheiro falar mais alto, ele vai.

    Concordo com o que disse a respeito do aquecimento da economia brasileira. Jogadores até entao em países da prateleira de baixo do futebol europeu se seduziram pelos altos salários pagos no Brail e estão fazendo o caminho de volta. Na maioria das vezes jã estao com a vida ganha e com certeza não terão a mesma vontade e empolgação que um jogador jovem, que precisa se afirmar e mostrar o seu valor.

    Em um passado recente tinhamos protagonistas em quase todos os grandes clubes europeus, eram destaques e referencia em termos de futebol mundial. Atualmente não temos nenhum grande craque em evidência por lá, são todos coadjuvantes.

    Para finalizar e exemplicar o momento que nosso futebol está passando é só dar uma olhada aqui no Brasil para ver que nossos melhores camisas 10 sao estrangeiros: Montillo e D´alessandro. Logo o Brasil, tradicionalmente celeiro de ótimos 10.

  • Guilherme disse:

    Chico, há muito tempo os clubes não se preocupam em formar jogadores. Vejo pelo lado do meu Galo, que desde o time do início da década de 80 não forma barrigadas de grandes jogadores. Depois disso surgiram pouquíssimos nomes que podemos classificar como craques.

    Das ‘revelações’ do Galo neste time atual podemos destacar Renan Ribeiro, Filipe Soutto e Bernard. O primeiro tem se queimado frequentemente e gera dúvidas na torcida (talvez um preparador de goleiros melhor pode ajudar o garoto). Os outros dois são bons jogadores, mas longe de serem craques e de já imaginá-los brilhando com a camisa da seleção. E faz tempo que não tem jogador revelado pelo Galo que podemos imaginar na seleção.

    Voltamos ao básico. Quanto tempo o Galo sofre com as laterais direita e esquerda? Podemos colocar aí mais de 10 anos. Não seria tempo de formar garotoso pra assumirem a posição? E camisa 10, clássico, que o Brasil esqueceu como formar? Desde quando o Galo não tem alguém que assuma essa posição? E estes são só alguns exemplos.

    Posso ir até mais longe: Newmar e Ganso só tem o destaque e o reconhecimento que têm porque são verdadeiramente craques. Se fossem bons de bola ainda estariam alternando entre reservas e titulares.