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Grandes clubes de São Paulo apostam alto em publicitários de peso para ajudá-los

Se em São Paulo, maior mercado financeiro do país, os clubes estão enfrentando dificuldades para captar patrocínios, imaginem em praças publicitárias fracas, como Belo Horizonte e demais capitais que têm clubes na Série A do Brasileiro!

O presidente do Santos é um publicitário conceituado, o Corinthians já tinha buscado profissionais do ramo para ajudá-lo, a partir da “Era Andrés Sanches”, e se deu bem.

Agora o São Paulo também recorre a Roberto Justus, um “peso-pesado” do setor para socorrê-lo.

Reportagem do caderno de esportes do “Estadão”, hoje:

* ‘Clube vencedor é mais fácil vender’

Parceiro do São Paulo, Roberto Justus diz que resultados influenciam no negócio: ‘É preciso uma chacoalhada’

Paulo Galdieri – O Estado de S.Paulojustus_divulgacao_antonio_chahestian_record_11032012_292

SÃO PAULO – A necessidade de profissionalizar o departamento de marketing fez o São Paulo correr atrás de ajuda de um de seus mais ilustres torcedores. Roberto Justus, que já dava consultoria informal aos dirigentes, e o clube selaram uma parceria para que o grupo de publicidade e comunicação presidido pelo empresário e apresentador de TV tomasse conta do departamento no Morumbi. Entre uma gravação e outra, Justus falou ao Estado sobre o desafio. E foi taxativo: clube vencedor é mais fácil vender.

E como surgiu a ideia da parceria com o São Paulo?

Na última reunião do Conselho Consultivo o presidente me pediu que eu ajudasse a vender o patrocínio da camisa. E, como o clube estava tendo uma dificuldade, ele pediu pra ajudar, usando meu network, meus contatos, minha influência.

Quando começa esse trabalho com o São Paulo?

Agora, depois do Carnaval, é que comecei a pegar isso. Minha agenda está um pouco dura demais, me castigando. Mas eu falei que ia começar a mexer nisso e é o que estou fazendo. E isso cresceu um pouco mais. O Rogê Davi, que é o diretor de marketing do São Paulo, falou para eu colocar a minha empresa, o meu grupo nesse caso para ajudar. E eu falei ‘vamos embora’. Muitas vezes os clubes não têm a noção de o quanto podem aproveitar em termos de marketing, comunicação, etc.

O que pode ser explorado?

O São Paulo tem uma arena incrível, que passa por uma grande reforma. Tem superávit financeiro, é um dos clubes mais bem administrados, se não o mais bem administrado.

E isso ajuda a vender a imagem do clube?

Mas, muito, sem dúvida. Queira ou não o futebol tem essa fama de um esporte em que se envolvem muitas pessoas para se promover. Para os anunciantes é sempre interessante se envolver num esporte como esse, mas a grande empresa, que tem dinheiro, porque isso não é barato, exige segurança.

Mas já foi mais barato.

Ainda bem que não é mais. Essa história do Clube dos 13 não ter dado certo foi muito bom para os clubes, porque a negociação direta dobrou o valor que receberam. Agora, com a volta de grandes jogadores, a gente está voltando a ter essa condição de dourar essa pílula de um jeito que o anunciante se torne mais interessado. Mais ainda agora, com pessoas profissionalizando os clubes. Isso dá uma tranquilidade de que os contratos estão sendo bem feitos.

Antes não havia essa profissionalização?

Havia, mas era menos. Mas agora fica um pouco mais redonda a história. O Juvenal percebeu isso. Ele quer que eu me aproxime mais do clube, quer me dar um cargo no clube. Eu é que estou resistindo um pouco por causa de tempo. Por enquanto é uma ajuda “não oficial”, vamos dizer assim.

Mas é uma ajuda profissional?

Isso sim. É o São Paulo contratando a minha empresa para ajudar. Mas é muito a minha paixão também. Não é negócio para mim. Para o meu grupo, ter a conta do São Paulo não é uma receita que faça diferença. Se eu não fosse o CEO do grupo, são-paulino como eu sou, talvez não teria algo assim.

O São Paulo já foi considerado um clube de marketing, mas parece ter ficado para trás, sobretudo com ascensão do Corinthians.

Mas eu não acho que o São Paulo ficou para trás. Agora, precisa dar uma chacoalhadinha. Há momentos de refluxo, como em qualquer outra empresa. O São Paulo da década de 90 para cá foi o clube mais vencedor e isso criou uma geração de torcedores mal-acostumados. É mais fácil vender a camisa de um clube vencedor do que a de um clube que está se ajustando. O marketing está sempre a reboque dos resultados. Estamos num momento desfavorável já faz um tempinho. Está na hora de ganhar título. A torcida cobra, o anunciante cobra.

É possível manter o valor de patrocínio de camisa entre R$ 25 e R$ 30 milhões, que é o que o clube pretende?

O São Paulo não vai ficar vendendo a camisa por menos do que acha que vale. Mas, agora, estamos no mês de março, não dá pra falar que vamos conquistar os mesmos resultados se estivéssemos em dezembro.

Você pretende ser dirigente de futebol no São Paulo? Gostaria de ser presidente?

As pessoas nem sabem o quanto eu gosto de futebol Eu adoro. Não vou dizer que dessa água não beberia e não beberei. No momento, o que eu não tenho é tempo. Se fosse hoje eu diria que não posso. Lá na frente, quem sabe. Pode até ser uma coisa gostosa. Mas eu não estou fazendo nada pensando nisso. O Juvenal quer, mas não batemos esse martelo.

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* Times apostam em profissionais para atrair patrocínios

Corinthians e São Paulo recorrem a executivos conhecidos no mercado de agência de propaganda

Paulo Galdieri e Vítor Marques – O Estado de S.Paulo

São Paulo e Corinthians buscaram executivos do mercado publicitário para gerenciar seu departamento de marketing. A opção por escolher um profissional com experiência no ramo tem, segundo os clubes, objetivo bem definido: obter contratos de patrocínio mais vantajosos e duradouros.

E não só visando a patrocínio de camisa, uma das maiores receitas, mas também novas parcerias com potenciais anunciantes. Em comum, os dois rivais negociam contratos vultosos de exposição de marca nos uniformes (veja quadro ao lado).

O São Paulo procurou Roberto Justus depois que as negociações com a agência XYZ, de Nizan Guanaes, fracassaram.

O problema com a agência de Nizan, segundo apurou o Estado, foi a cobrança de um valor fixo mensal para manter uma equipe exclusiva. E a proposta também previa um porcentual de 5% sobre as receitas que o clube obtivesse com novos contratos de publicidade – a diretoria tricolor aceitava pagar apenas a comissão.

No acordo com a agência de Justus, a Young & Rubicam, que faz parte do grupo Newcomm, haverá o pagamento do porcentual de novos contratos, mas não será cobrado valor mensal fixo. São-paulino fanático, Justus aceitou. Sua primeira missão é preencher o espaço vago na camisa, sem deixar que o contrato baixe de um valor mínimo de R$ 25 milhões/ano. A meta, no entanto, é obter pelo menos R$ 30 milhões.

Em uma das primeiras reuniões com Justus, o São Paulo deu carta branca ao publicitário. Ficou decidido que a prioridade é fechar um contrato de patrocínio de camisa até, no máximo, maio. Depois disso, será formulado um planejamento de longo prazo. Trata-se de um plano de negócios para pelo menos dois anos.

A falta de títulos importantes e a ausência na Libertadores também contribuíram para o São Paulo ir atrás de profissionais do mercado para fechar bons contratos de patrocínio.

O Corinthians viu em Ivan Marques, sócio fundador da F/Nazca, o homem certo para continuar o trabalho de Luis Paulo Rosenberg, agora vice-presidente. O convite a ele foi feito após a eleição do presidente Mário Gobbi.

Marques, que é diretor do clube (não remunerado), tem dois trabalhos pela frente. Ao lado de Rosenberg e com o apoio de Ronaldo e de sua agência 9ine, o dirigente corintiano negocia um novo contrato de patrocínio de camisa. O favorito a ficar no espaço da Hypermarcas é a montadora sul-coreana Hyundai.

O clube estipulou um preço alto pelo espaço: R$ 50 milhões, mais um bônus em caso da conquista inédita da Libertadores. Esta é a primeira tarefa do publicitário, que também pretende criar novas ações de marketing para aproximar o torcedor do clube.

Rivais. O Palmeiras, por sua vez, ensaia profissionalizar o departamento de marketing. O clube procurou uma agência para fechar o contrato com a Kia. Mas foi um trabalho específico para este acordo que rendeu R$ 18 milhões por ano.

No Santos, o marketing tenta capitalizar ao máximo com a imagem de Neymar. Além disso, o clube espera lucrar R$ 35 milhões somando todas as marcas no uniforme.

* http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,clube-vencedor-e-mais-facil-vender-,846856,0.htm


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Comentários:
6
  • Paulo Koller disse:

    Já até me cansei de cobrar neste espaço investimento dos clubes de MG em marketing, relacionamento com o torcedor e uma tal INOVAÇÃO. Se der certo o modelo de se apostar em gente de marketing para cuidar de marketing (nada mais óbvio), daqui a uns 2 ou 3 anos (como sempre), nossos clubes:
    a) simplesmente copiam os projetos bem-sucedidos lá fora;
    b) contratam, com bastante atraso, profissionais de marketing.

    E, como consequencia, deixam de faturar.

  • Guilherme disse:

    Pra quem reclama do investimento do estado em esportes, que fique claro que é obrigação do mesmo fazer isso conforme a constituição nacional.

    “Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados:
    I – a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;
    II – a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
    III – o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional;
    IV – a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
    § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
    § 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.
    § 3º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção social.”

  • fernando disse:

    De acordo com o ditador Kalil, marketing não é investimento, é gasto… e ficamos na indigencia do futebol brasileiro.

  • Alisson Sol disse:

    Dos famosos “4 Ps” do Marketing, estão investindo no P errado (a “Promoção”) ao invés de investir no “Produto”.

    E qual é o “posicionamento” do futebol no Brasil?
    Vai continuar tendo como mercado-alvo os que já estão acima dos 30 anos e ainda viram algum futebol decente, junto com jovens do sexo masculino que não conseguiram ser nerds, nem conseguiram namoradas, e nem nada mais que os distraia? Ou vai partir partir para tentar atingir o público feminino, o público familiar, e/ou o público infantil? Porque, do jeito que as coisas vão, o futebol em breve vai ter o mesmo público do jogo de bocha. A única diferença será o jogo de bocha faz menos dano à saúde e finanças públicas, não deixando diversos elefantes brancos distribuídos pelo país.

    Por fim, é preciso rever o preço do futebol. Hoje, é um esporte subsidiado pelo poder público, com ingressos a preços ridículos. Nenhum dos jogos do campeonato rural até agora paga o gasto do poder público com policiamento, água, luz, esgoto, etc. Recuperar o investimento em estádios, nem pensar. Enquanto isto, um seleto grupo de desportistas e dirigentes vão ficando ricos. Se é para continuar patrocinando o enriquecimento de um pequeno clube do bolinha, melhor baixar os impostos.

  • Dirceu Lençóis Paulista disse:

    OLHA O FARÍAS AÍ GENTE….
    Chico, o Farías, ex-Cruzeiro marcou o 5° gol da vitória histórica do Independiente sobre o todopoderoso Boca por 5×4.
    http://www.lancenet.com.br/futebol-internacional/Boca-sofre-virada-historica-Independiente_0_661733970.html
    Não vi ninguém da imprensa mineira repercutir essa notícia.
    Abraço!

  • Lincoln Pinheiro Costa disse:

    Chico,

    Algumas considerações sobre essa matéria:

    1º) Roberto Justus: “Essa história do Clube dos 13 não ter dado certo foi muito bom para os clubes, porque a negociação direta dobrou o valor que receberam”.

    Ocorreu o oposto do que ele disse. Se o Clube dos 13 não tivesse sido destruído pelos traídores e a licitação tivesse acontecido, o valor seria muito melhor;

    2º) Quando eles declaram o valor que pretendem receber, estão fixando um teto. Significa que a outra parte não precisa fazer proposta melhor que essa. São noções básicas de negociação, que podem ser conferidas no livro “Como Chegar ao Sim”, livro este que estou relendo pela quarta vez.

    Concluindo: parece-me que isso é notícia plantada na imprensa pelos marqueteiros. Talvez seja esta a primeira tarefa deles. Justificarem sua contratação.

    twitter.com/lincolnpinheiro