Fala-se muito em “atitude” no esporte, onde se cobra postura vencedora de atletas, treinadores e dirigentes.
Um dos exemplos mais citados é o do Didi, na Copa do Mundo de 1958, quando o Brasil tomou o gol na final contra a Suécia, aos quatro minutos de jogo. Buscou a bola no fundo das redes, caminhou em passos firmes, porém, calmamente até o centro do gramado, enquanto pedia calma e orientava os companheiros. Cinco minutos depois, o Brasil iniciou a virada e a goleada da conquista do primeiro Mundial.
Didi é o segundo agachado, da esquerda para a direita, ao lado de Garrincha, no Brasil de 1958
Ouvi de Wilson Piazza uma história emblemática do famoso 3 x 3 de 1967 entre Atlético e Cruzeiro, no Mineirão. Tostão saiu machucado aos 8 minutos; Procópio foi expulso aos 25; o Galo vencia por 3 x 0, e se vencesse seria campeão, diante de 90.838 pagantes, maioria absoluta alvinegra.
No intervalo, descendo as escadarias para o vestiário, os jogadores do Cruzeiro ouviram o estádio quase todo cantando: “É ou não é, piada de salão, time de viados, querer ser campeão!”.
Durante a fala do técnico Orlando Fantoni, Piazza pediu a palavra e mexeu com os brios dos companheiros em tom de cobrança: “Vocês estão escutando o que eles estão cantando? Eu não sou viado e tenho certeza que aqui ninguém é; então temos que mostrar isso pra eles no segundo tempo”.
Em 15 minutos o Cruzeiro fez três gols, dois de Natal e um do próprio Piazza, e aos 44, Zé Carlos, bateu uma falta no travessão atleticano.
Falta de Zé Carlos explode na trave do goleiro Hélio, aos 44 do segundo tempo.
E no jogo seguinte, o Cruzeiro ganhou o tri-campeonato.
Vejam essa declaração do Serginho, líbero do vôlei do Cruzeiro, Campeão da Superliga, sábado, depois da final:
“Já quebrei um troféu de melhor jogador da partida em 23 pedaços e dei para todos os meus companheiros. Esse prêmio [de melhor defesa] é importante, mas não é nada que se compare ao título porque no Cruzeiro o que importa é o trabalho de equipe”.
Mas muitos confundem “atitude” com falácias, arrogância ou soberba, e quebram a cara.
O próprio Cruzeiro já viveu isso, na véspera e no dia da decisão da Libertadores contra o Estudiantes, em 2009, quando considerava “favas contadas”. Jogadores discutiam o valor do prêmio pelo título e Zezé Perrella dava entrevistas na Toca da Raposa, dizendo que naquele ano voltaria a brigar pelo único título que não tinha, que era o de Campeão do Mundo”.
Deu no que deu!
Também está na história o vacilo do Cerezo, em 1977, na final do Campeonato Mineiro, quando ao chegar ao hall do Mineirão, pegou a Taça que estava exposta e disse que enquanto ele, Paulo Isidoro, Marcelo e Reinaldo jogassem juntos, o Galo não perderia para o Cruzeiro “de jeito nenhum”.
Pois deu Cruzeiro, com Revétria virando herói celeste.
Cerezo, penúltimo à direita, ao lado de Vantuir; Paulo Isidoro, Reinaldo e Marcelo Oliveira, três últimos, agachados
Desde que foi posto para fora do Cruzeiro, pelo técnico Adilson Batista, o atacante Alessandro passou a confundir as bolas e ao invés de ter birra só do Adilson, chamou a instituição para essa birra.
Ora, ora! Um equívoco de todo tamanho (para não dizer burrice). O Cruzeiro e qualquer clube é maior que qualquer jogador. Os profissionais passam e o clube fica, renovando sua torcida, perpetuando-se na história.
Até o Santos sobreviveu a Pelé.
Alessandro não tem o direito de envolver os clubes que defende nessa sua questão pessoal. Se quiser desabafar contra o Adilson, que fique à vontade, mas o Cruzeiro não tem nada com isso e muito menos a sua torcida.
Nestes jogos da semifinal do Mineiro, Alessandro prejudicou todo o América, ao provocar o Cruzeiro com este gesto.
De repente, uma situação que poderia estar menos difícil, voltou a exigir esforço muito maior, por causa de um mero capricho pessoal de um jogador, de daqui a alguns meses ou até semanas, não estará mais no clube.
Além de ouriçar os jogadores do Cruzeiro, que pareciam já resignados com os 3 x 0, deu munição a Roger, Wagner Mancini e Cia., que estão fazendo todo este escarcéu para motivar o próprio grupo e a torcida.
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