Do site do Senge-MG, postado ontem:
* Senge-MG repudia afirmação de ministro sobre atraso em obras de aeroportos para a Copa
O site Uol publicou, no último sábado, entrevista com o ministro Moreira Franco, da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República. Nessa entrevista, o ministro responsabiliza engenheiros pelo atraso em obras de aeroporto, dizendo que estes “são ruins e elaboram projetos mal feitos” (http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2013/11/02/ministro-poe-culpa-em-engenheiros-ruins-por-atraso-nas-obras-da-copa.htm).
O Sindicato de Engenheiros no Estado de Minas Gerais (Senge-MG) repudia veementemente essas declarações e considera-as levianas e inconsequentes, indignas de um ministro de Estado integrante de um governo democrático com origem no movimento dos trabalhadores – engenheiros entre eles.
O ministro demonstra claramente sua incompetência para o cargo e provavelmente na ânsia de se manter no poder, poupa a si mesmo e responsabiliza terceiros, como se o governo não fosse o responsável direto pelo atraso nessas obras. Basta consultar o site da Infraero e perceber que, nos boletins de andamento das obras dos aeroportos, existem várias notas dando conta da “abertura de licitações”, “homologação de licitações”, “assinatura de contratos” – tudo isso acontecendo neste ano de 2013. Como se o anúncio da realização da Copa no Brasil, feito em 30 de outubro de 2007, portanto, há seis anos – não tivesse sido suficiente para que essas providências burocráticas tivessem sido tomadas. Certamente a incompetência política foi preponderante para que isso esteja ocorrendo somente agora, quando falta menos de um ano para a Copa do Mundo. O despreparo do ministro chega às raias da irresponsabilidade, à medida que este se mostra incapaz inclusive de consultar o próprio site da Infraero antes de fazer afirmações descabidas.
O ministro aprofunda ainda mais a certeza sobre seu caráter duvidoso quando afirma que “os projetos que pegamos para executar são muito ruins e temos que refazer todos eles”. Mostra claramente com essa afirmação que não tem o mínimo conhecimento dos trâmites e das exigências feitas pelo próprio governo, que certamente contratou projetos básicos com objetivos puramente licitatórios e agora se vê na necessidade de elaborar projetos executivos. Não é demais relembrar que se passaram seis anos e que tudo isso já poderia estar pronto e solucionado há muito tempo. A pergunta que não quer calar é “qual o motivo de toda essa demora?”
O Senge-MG não se calará e nem aceitará passivamente esse ataque grosseiro, deselegante e covarde contra os engenheiros de Minas Gerais e do Brasil. Existem profissionais bem e mal qualificados em todas as profissões e o próprio mercado se encarrega de fazer a seleção natural daqueles mais aptos – e assim também ocorre com engenheiros. O que não se pode admitir é um ataque indiscriminado, que coloca no mesmo contexto todos os profissionais do país. Na verdade, se existe em um primeiro momento a possibilidade de se fazer algum juízo de valor da qualidade de algum profissional, essa pode ser feita com relação a políticos como Moreira Franco. Alguém que declara que “você entra em um aeroporto (no Brasil) e sua vida é entregue nas mãos de Deus” realmente é muito ruim e desqualificado para a importância do cargo que ocupa. Deveria ter a decência de se retirar e abrir espaço para alguém mais capacitado.
Posição do Confea
Causou espanto perceber que o presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), que deveria ser a primeira pessoa a se contrapor firmemente às declarações descabidas do ministro, se omite e tergiversa, deixando com isso a clara impressão de que concorda com o que foi dito. O presidente se esquivou de responder diretamente ao ministro e se limitou a desfiar estatísticas e fazer ilações subjetivas a respeito da formação dos profissionais, fazendo inclusive referências aos ciclos irregulares de desenvolvimento brasileiro, que segundo ele provocaram a desvalorização da profissão de engenheiro. O Senge-MG discorda da postura e repudia as declarações do presidente do Confea, que deveria ter ressaltado a enorme contribuição que os engenheiros têm dado ao desenvolvimento deste país ao longo de sua história.
http://www.sengemg.com.br/index.php?ui=MTg1&ntc=MTY0Mg==&org=MTM4
Ministro já foi governador do Rio de Janeiro e na época era chamado de “gato angorá” pelo engenheiro Leonel de Moura Brizola
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