O modo de torcer dos marroquinos é o mesmo de grande parte dos brasileiros: entre eles, rivalidade absoluta; quando um clube do país está em alguma disputa internacional, torce por ele. Nos estados, é claro que é diferente; cruzeirenses jamais torcerão pelo Galo e vice-versa. Os atleticanos estavam em casa em Marrakech. Não sei como será a partir de ontem, até quarta-feira, quando enfrentará um time do país.
Marrakech tem o Kawkab Elmorakochi, mas a cidade quase que parou para torcer pelo arquirrival Raja Casablanca contra o Monterrey.
O futebol é o esporte número um do Marrocos, seguido pelo atletismo e pelo boxe. A imprensa tem dado grande divulgação ao Mundial de Clubes e TVs ficam ligadas nos noticiários e jogos da competição.
Aliás, a TV une os marroquinos nos cafés. No Brasil seriam bares e a maioria estaria tomando cerveja, cachaça e coisas tais. Como o álcool em público é proibido aqui, os homens ocupam as mesas lado a lado, fumam desesperadamente e ficam olhando para o movimento das ruas, quando sentados nas calçadas; e a TV, quando estão na parte interna do café, verdadeira sauna de tabaco; de odor difícil de aguentar. Com os trajes misturados; a maioria usando os roupões típicos deles (que se parecem com vestidos) e outros de terno. Só homens, em cenas entre engraçadas e grotescas.
Neste clima, os marroquinos vibraram muito aos 24 do primeiro tempo, quando o goleiro mexicano Jonnathan Orozco bateu roupa em um cruzamento e permitiu que Chtibi fizesse 1 a 0. O Monterrey mandava no jogo, mas sentiu o golpe e só conseguiu reagir aos 8 da segunda etapa, na cabeçada do zagueiro argentino, capitão do time, Basanta, que se aproveitou da ingenuidade marroquina.
Os mexicanos passaram a jogar como se o gol da virada fosse acontecer “naturalmente”. E não aconteceu. Foram para a prorrogação, e Guehi, nascido na Costa do Marfim, deu a cabeçada que, para o mundo, representa uma zebra que se classificou para enfrentar o Atlético na semifinal do Mundial, na quarta-feira.
Essas zebras são perigosíssimas. No Mundial realizado no Brasil em 2000, este Raja Casablanca foi derrotado pelo Real Madri, de virada, por 3 a 2, no Maracanã.
Até hoje os marroquinos torciam pelo Atlético, apaixonados que são pelo Barcelona e Ronaldinho Gaúcho; a partir de agora, não sei como será a sequência da convivência aqui. A cada dia chegam mais atleticanos e a receptividade é a melhor possível às camisas e bandeiras alvinegras que tomam conta de lojas, restaurantes, avenidas e a impagável Medina.
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