Na coluna de ontem falamos da parte de culpa do técnico Cuca na decepção atleticana no Mundial, ao vazar a informação de que era um treinador “em exercício”. Mas um grupo experiente, com jogadores de personalidade, como é o do Atlético tinha obrigação de minimizar esta situação e produzir muito mais em campo.
O que se espera de craques e líderes em jogos importantes como este é postura de guerreiros, que se tecnicamente não vão bem, que se entreguem 100% na busca do objetivo.
Isso não se viu no Galo; ao contrário do Raja Casablanca, que não se desligou em nem um minuto sequer durante todo o jogo.
Enquanto os marroquinos davam a vida em campo, o Atlético fazia um jogo protocolar, como se a vitória fluísse “naturalmente” sem os esforços que uma partida eliminatória exige ou como se houvesse o “jogo da volta” no Horto.
Vivien Mabide (direita), autor do terceiro gol, o mesmo que provocou Ronaldinho antes do jogo, é natural da República Centro-Africana, país em guerra civil, no coração da África. O pai dele e outros familiares estão em um campo de refugiados das Nações Unidas, junto com mais de 150 mil pessoas. Mesmo com isso incomodando-o psicologicamente, ele correu mais ainda, pois o sucesso no gramado pode ajudá-lo a melhorar as condições de vida da família.
Jogadores como Ronaldinho, Tardelli, Réver e Jô, tinham que ter chamado mais a responsabilidade para si. São os de quem mais se espera, os mais famosos, e que ganham mais, por isso.
Outros que podem ser incluídos nesta lista renderam: Victor e Fernandinho, foram os únicos que merecem reconhecimento pelo esforço e pelo que produziram.
No frigir dos ovos Cuca já pertence à história positiva do Atlético, mesmo com a despedida triste de hoje. Vem aí a era Autuori, com quase 100% de rejeição (na qual me incluo); mas, assim como a maioria na época, eu considerava Emerson Leão e Vanderlei Luxemburgo os ideais, e fracassaram. Que Autuori nos faça dar a mão à palmatória!
O futebol é isso; um conjunto de fatores que geram um campeão ou um coadjuvante nas muitas disputas. Vence quem erra menos e quando uma ou mais peças falham, o adversário se aproveita.
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No Atlético quem nunca falha ou falhou, inclusive aqui no Marrocos, é a torcida. Sou jornalista em Belo Horizonte desde 1979, cobri Copas do Mundo, Olimpíadas, Copa América e todos os mineiros e brasileiros de lá até hoje.
Precisam saber
Nunca vi nada igual; na alegria e na tristeza; fantástica, emocionante! O que vi da raça dela neste Mundial é difícil descrever; foi como se estivéssemos em Minas. Todo profissional que é contratado pelo Atlético deveria ser informado sobre quem é e o que faz essa massa.
Quem vem da base, não precisa, porque já cresce sabendo, e por isso Bernard “morria” em campo, quando precisava.
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