Amigos,
falar de esquemas táticos não é fácil. Nunca fui bom nisso e admiro quem se aprofunda no assunto e consegue explicar a forma de jogar de um time com simplicidade. Como diria o Nélson Rodrigues o “Sobrenatural de Almeida” decide a maioria dos jogos.
Poucos comentaristas me convencem, pois as opiniões costumam sempre esbarrar na imprevisibilidade do futebol, na genialidade ou na falha de algum jogador, que dá a vitória e proporciona a derrota de um time.
O que mais gosto é o Mário Marra, estudioso e de uma visão de jogo privilegiada. Gostava também do Régis Souto, mas ele se tornou Secretário de Comunicação do Prefeito Márcio Lacerda, e deixou as rádios Globo/CBN.
Flávio Anselmo também é fera e sempre conseguiu sair da turma dos “profetas do acontecido”.
Dos nacionais, tradicionais, o que eu mais gosto é o Gérson, o “Canhotinha de Ouro”.
João Saldanha era ótimo, mas tinha o defeito de misturar simpatia pessoal com a qualidade do jogador ou treinador. Quando tinha birra de alguém o sujeito podia “fazer chover” que para ele nunca ia prestar.
Dos ex-jogadores que ocupam a função na grande mídia, gosto do ex-lateral do Flamengo, Júnior.
O torcedor, na maioria, é apaixonado, e quase sempre deixa o coração falar mais alto, mas há muita gente que comenta futebol melhor que muitos profissionais do meio.
Semanas atrás publiquei comentário do cruzeirense Clayton Batista Coelho, digno de grandes nomes da imprensa esportiva.
Vejam essa análise do time do Atlético, enviada pelo Sidney Braga, de Divinópolis.
Dessas que seguram a leitura e não dá preguiça de ler até o fim.
Não sei se é do jeito que ele avalia, mas é uma boa linha para iniciar uma discussão.
Confira:
* “Por que o Galo mudou tão pouco o seu time titular e a equipe evoluiu tanto?
Muitos dizem que os volantes estão voando e por isso o Galo também estaria. Este que vos escreve pensa diferente. E os que acompanham os 90 minutos dos jogos do Galo, provavelmente concordarão com minhas palavras.
Em 2012, o Galo fez um primeiro turno espetacular porque o time era novidade. Apesar do 4-2-3-1 ser o esquema tático de todos os times do mundo, no Galo esse esquema era realmente um 4-2-3-1 legítimo.
Afirmo isso porque é raro ver a linha de dois volantes ser tão distinta da linha de três meias, como é na equipe armada por Cuca. Não é preciso fazer nenhum esforço pra ver essa divisão no time do Galo. Apesar de ser um esquema fácil de identificar, no ano passado era um esquema manco. Por que manco? Por que o 4-2-3-1 emperrava quando a bola chegava no lado direito. Com Danilinho ou Guilherme naquele lado, a bola chegava e as jogadas não saíam.
Isso não chegou a ser um problema no primeiro turno, porque a forma do Galo jogar não era tão conhecida. A partir do momento que os adversários foram descobrindo o jeito dos mineiros jogarem, as deficiências começaram a aparecer e atrapalharam os planos atleticanos do bicampeonato brasileiro.
Com Bernard marcado e Ronaldinho sem espaço, a bola teimava em ir para lado destro do campo, onde as jogadas eram inócuas. Com isso, os dois volantes começaram a ser mais acionados. Principalmente o Leandro Donizetti. O problema é que nenhum dos dois tem a qualidade pra armar alguma jogada com pouco espaço para tal. E foi assim que o Galo teve seus problemas no segundo turno do BR-12.
Como é fácil perceber, apenas um jogador resolveria este problema. Este que vos escreve imaginava que este jogador deveria ter as mesmas características do Bernard, para que a velocidade e intensidade do lado esquerdo, se repetissem no lado direito. Se o Tardelli fosse contratado, teria que ser para assumir a centroavância do time acabar com o festival de gols perdidos em 2012, e não pra resolver o problema crônico do esquema manco do Galo.
Engano meu. Chegou Diego Tardelli e tudo mudou. O Dom Diego do Galo demonstrou versatilidade e se adaptou com rara facilidade à função de jogar pelos flancos. Tardelli não é velocista, mas tem uma razoável velocidade e grande habilidade. Sabe parar a bola quando é necessário cadenciar e tem interessante visão de jogo.
Hoje, o 4-2-3-1 do Galo continua sendo legítimo e fácil de identificar, com a diferença que não é mais manco. Se o Bernard tem problemas no lado esquerdo, a bola chega para o Tardelli no lado direito e as jogadas fluem.
Com esse problema resolvido, os 2 volantes passaram a ficar menos sobrecarregados na armação de jogadas. Raramente a bola passa por eles em jogadas com pouco espaço. Com isso, temos a impressão que eles evoluíram tecnicamente, o que não passa de ilusão. Eles só são acionados em jogadas não convencionais, com mais espaços e típicas de contra ataque. Com espaço, o Donizetti tem conseguido participar de algumas jogadas ofensivas e não compromete. Além disso, como agora as jogadas aparecem na ponta direita, a marcação individual do adversário acaba ficando mais diluída geograficamente, gerando também mais espaço para algum dos quatro atacantes. É impressionante o número de bolas que os dois pontas do Galo recebem por trás da zaga com condições de finalizar em diagonal.
Outra grande mudança foi a contratação de concorrentes para o Jô. Impressiona como este jogador evoluiu tecnicamente. Tem sido mais efetivo na conclusão de jogadas, bem como na criação.
É óbvio que nada disso garante que o Galo conseguirá um grande título em 2013, as incertezas são grandes. Mas é bem aceitável afirmar que esta atual equipe é bem superior ao vice campeão brasileiro de 2012. Apesar das poucas peças alteradas, o Galo está no caminho certo.”
Att.
Sidney Braga – Divinópolis