Tem política partidária no meio, mas pode beneficiar à maioria do país. A Operação Lava-Jato mostrou que a corrupção envolvendo a Copa do Mundo resultou em um estádio para o Corinthians, construído pela Odebrecht, cujo engenheiro da obra do Itaquerão foi o mesmo que cuidou da reforma do sítio que o Lula diz que não é dele, mas parece que é. O articulador dessa sintonia foi o Andrés Sanches, então presidente corintiano, hoje deputado federal pelo PT. Neste embalo, a Globo é acusada de divulgar muito a Lava-Jato, mas pouco as operações da polícia que investigam os corruptos do governo tucano de São Paulo e o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez, também do PSDB, que foi Promotor de Justiça e muito pegou no pé da torcida Gaviões da Fiel. Foi estilingue, agora é vidraça!
A Rede Globo nunca “passou recibo” ou acusou golpe em qualquer manifestação contra ela, seja na política ou em qualquer outro assunto. Já teve até carros de reportagem virados por manifestantes contra a ditadura militar, mas nunca reagia no ar.
Ontem, no intervalo de Corinthians x Santa Fé, as câmeras mostraram as faixas de protesto da torcida corintiana e Galvão Bueno falou sobre o assunto. Claro que as faixas não foram mostradas por um descuido e o Galvão não entrou no assunto por livre e espontânea vontade. A ordem veio de cima, para atender a uma nova estratégia da emissora, que está começando a enfrentar a concorrência da Turner Broadcasting System, poderoso grupo norte-americano de mídia (CNN, CartoonNetwork, HLNtv, TBS, TCM, Boomerang…) que no Brasil opera através do canal Esporte Interativo e tenta adquirir o Band Sports.
Interessante é que o Corinthians é o clube mais bajulado pela Globo, mais que o Flamengo, inclusive, porque a praça publicitária de São Paulo é infinitamente superior à do Rio. Durante Atlético x América ontem, a transmissão do Sportv era constantemente interrompida para mostrar a “importante” saída do ônibus do Corinthians da concentração, a chegada ao estádio, a descida dos jogadores… etecetera… etecetera…
Normalmente brigas como essa acabam sendo boas para o consumidor. Se assim for, que assim seja! Mas, como estamos no Brasil, todo cuidado é pouco, já que não há virgens em puteiro!
Se os protestos populares estão surtindo efeito, que se espalhem país afora, pois deve estar valendo o ditado reinventado por Edu Lobo na música Lero-Lero: “bom cabrito é o que mais berra onde canta o sabiá…”
O portal Uol deu mais detalhes hoje:
* “Galvão fala após protesto da Gaviões contra Globo: “É direito do cidadão””
Principal narrador da Globo, Galvão Bueno se manifestou sobre os protestos feitos pela Gaviões da Fiel nos jogos do Corinthians. Entre as faixas levadas para a Arena Corinthians, nesta quarta-feira (2), no duelo contra o Santa Fe pela Libertadores, uma delas dizia que o futebol brasileiro é refém da emissora.
“Eu gostaria de registrar que são só três canais que transmitem a Libertadores para o Brasil”, disse, fazendo referência à Globo, Sportv e FOX Sports. “A Globo é a única que transmite gratuitamente em TV aberta, como também fazemos com o futebol brasileiro há 40 anos. Mas protestar é direito do cidadão”, completou.
Além da Globo, a Gaviões protesta também contra o preço dos ingressos, a Federação Paulista de Futebol e o deputado estadual do PSDB e presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez.
Famoso por ter enfrentado as torcidas organizadas no período de promotor público nos anos 1990, Capez foi um dos alvos da Gaviões da Fiel por ter seu nome citado por alguns investigados na Operação Alba Branca da Polícia Civil (responsável por apurar fraudes na compra de merendas escolares nas escolas estaduais de São Paulo). Outro citado por investigados da operação é o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos.
As faixas de protesto da Gaviões causaram polêmica no clássico contra o São Paulo, no dia 14 de fevereiro. Na ocasião, o árbitro Luiz Flávio de Oliveira pediu para que o zagueiro Felipe, capitão do Corinthians no jogo, falasse com a torcida e pedisse para que as faixas fossem guardadas. Dias depois, a Federação Paulista de Futebol emitiu uma nota dizendo que não coíbe nenhum tipo de manifestação pacífica.
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