Contracapa do jornal Super Notícia, de hoje.
Na entrevista de saideira depois da derrota para o Coimbra ele falou da “bagunça” que o Cruzeiro vive: “…não tínhamos comando. Rezo pra que o clube tenha logo um presidente. Tá precisando urgentemente. Hoje tem 8 gestores. E os oito querem tomar conta do futebol…, mas sté antes do clássico contra o Atlético ele falava exatamente o contrário.
Li na coluna do Rômulo Ávila, no portal da Itatiaia, um artigo em que ele lembra passagens e falas marcantes do ex-treinador do Cruzeiro, que certamente prejudicaram e continuam prejudicando a carreira dele. Interessante é que foi escrito na quinta-feira, antes da demissão definitiva de ontem. Confira:
* “Adilson não aprende que o mundo dá voltas”
Minha avó Geni, a quem devo praticamente tudo sempre me dizia: “Meu filho, a gente não sabe o dia de amanhã”. Lembrei desse ensinamento ao saber que o técnico Adilson Batista seria demitido do Cruzeiro (o que acabou não ocorrendo) nesta quinta-feira (12), pouco mais de uma semana após ele mesmo criticar o Atlético que mandou Rafael Dudamel embora.
“Lá [no Atlético] está tão organizado que já mandaram treinador embora. Lá está dois pontos atrás de nós [no Campeonato Mineiro]”, disse em entrevista coletiva após a classificação nos pênaltis na Copa do Brasil contra o Boa.
Apesar da reviravolta que resultou na manutenção do treinador, Adilson demonstra que não aprende com os erros do passado e está longe de cair novamente nas graças da torcida celeste.
Comentei neste espaço na última semana que treinador precisava muito mais do Cruzeiro do que o contrário. Adilson, que coleciona fracassos desde 2009, parece não saber importância da humildade. E digo isso não pelo trabalho atual no Cruzeiro. Abaixo trechos de um artigo que escrevi em julho de 2018, quando o treinador acertou com o América, e que é pertinente com o momento atual.
Dia 13 de julho de 2009, uma segunda-feira pós-clássico entre Atlético e Cruzeiro. Na Toca da Raposa, Adilson Batista falava da partida, mas sem muita preocupação com a derrota por 3 a 0. Afinal, o Cruzeiro tinha escalado um time reserva. A prioridade era a decisão da Copa Libertadores, contra o Estudiantes, no Mineirão.
Lembro que, merecidamente, Adilson Batista era o principal técnico do futebol brasileiro. No entanto, uma resposta dada pelo treinador naquela coletiva de imprensa chamou minha atenção e nunca mais esqueci.
“O tempo é que vai dizer aonde ele vai chegar. Eu sei aonde ele vai chegar. Deixa ele cuidando da vidinha dele, eu tenho as minhas preocupações aqui, vamos trabalhar.” A declaração foi uma resposta do treinador ao atacante Alessandro, que se transferiu para o Atlético depois de não ter sido aproveitado por Adilson Batista no Cruzeiro.
Alessandro fez o segundo gol da vitória do Galo e, no intervalo, disse: ” (Foi) A primeira humilhação que passei de ser cortado dentro do ônibus. Então, quando a gente faz um gol é para mostrar o nosso valor e dar uma resposta a quem nos prejudicou”.
A história entre os dois parou por aí. Mas desde então, por mera coincidência, a carreira de Adilson Batista começou a afundar. Três dias após a entrevista, viu o título da Libertadores escapar em pleno Mineirão. Continuou no clube até 2010, quando foi demitido.
Ainda valorizado no mercado, assumiu o Corinthians, mas caiu pouco tempo depois. Acertou com Santos e mais uma vez não emplacou. Tentou novo desafio no Atlético-PR, mas o trabalho não evoluiu.
O São Paulo, outro gigante do futebol paulista, daria nova chance ao treinador. Contudo, foram apenas 22 partidas e nova demissão. Passou ainda por Atlético-GO (2012), Figueirense (2013), Vasco (2013 a 2014) e Joinville (2015). Porém, nunca conseguiu fazer um bom trabalho.
Se foi arrogante no passado, Adilson Batista deve ter aprendido que a humildade é grande aliada das pessoas que têm sucesso na carreira. Como diz a Bíblia, “A soberba precede à ruína; e o orgulho, à queda”.
* Rômulo Ávila
http://www.itatiaia.com.br/blog/romulo-avila/adilson-nao-aprende-que-o-mundo-da-voltas
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