Vinícius Júnior vendido ao Real Madrid por 45 milhões de euros ou R$ 150,3 milhões na época, 2017 – Foto: @Flamengo
O assunto está na moda novamente porque Flamengo e Palmeiras além de serem campeões em arrecadação (TV, direitos de comercialização e publicidade), têm times muito caros, ótimas peças de reposição, feitas na base, e constantemente fazem bons negócios graças à revelação de grandes jogadores. Até algum tempo atrás não era assim, já que viviam adquirindo velhas estrelas, sem mercado e de rendimento duvidoso. Com gestões sérias, mudaram isso. O Flamengo com o Eduardo Bandeira – a partir de janeiro de 2013/Rodolfo Landim2018; o Palmeiras com os dois antecessores de Leila Pereira (Paulo Nobre 2013/Maurício Galiotte2016). Leila, de maior parceira comercial, com a Crefisa, acabou se tornando presidente e mantém a mesma toada.
Seguiram o exemplo do Santos, que, por não ter nenhum endinheirado para bancá-lo em meados dos anos 1980, foi obrigado a apostar tudo nas categorias de base e vem se mantendo bem até hoje, revelando e vendendo jogadores.
Esta fórmula de apostar tudo na “prata da casa” e em jovens promessas de clubes de menor poder financeiro, era praticada em Minas por Atlético e Cruzeiro, até os anos 1990, quando tudo mudou.
O América sempre trabalhou com a base, revelou grandes jogadores, mas nunca conseguiu segurar, ao mesmo tempo, revelações suficientes para montar um grande time. Sempre tinha que vender o primeiro craque que surgia, para se sustentar.
A história conta que, em Minas, este trabalho de sucesso começou com Felício Brandi, no Cruzeiro, com aquela máquina que detonou o Santos de Pelé em 1965. Time formado por maioria de garotos do juvenil (hoje júnior), alguns buscados em clubes do interior de Minas e Belo Horizonte, e alguns indicados a dedo por quem conhecia ou que vieram de “contrapeso” em negociações com clubes de outros estados. Dessa “engenharia” surgiu este time:
Neco, Pedro Paulo, William, Procópio, Piazza e Raul; Natal, Tostão, Evaldo, Dirceu Lopes e Hilton Oliveira.
Na sequência sugiram novos, entre “prata da casa” e “oportunidades” de mercado, do interior de Minas e outros clubes do Brasil, o que possibilitou a formação de times como este, também inesquecível:
Darci Menezes, (Democrata de Valadares), Piazza, Morais (Democrata de Sete Lagoas), Nelinho (Clube do Remo/PA), Vanderlei e Raul; Eduardo Rabo de Vaca (Juvenil), Zé Carlos, Palhinha (Juvenil), Jairzinho (o “Furacão 70”) e Joãozinho (Juvenil).
Neste sentido, o melhor exemplo do Atlético é o grande time vice-campeão brasileiro invicto de 1977. Em meados dos anos 1970, quebrado, não restava ao Galo outra opção que não fosse apostar na sua base, inclusive treinador. Teve que dar oportunidade ao técnico Barbatana, do juvenil, que além de bom treinador, conhecia todos os garotos tanto do juvenil quanto do “infanto” e dentes de leite. Montou essa máquina de jogar bola:
João Leite, Toninho Cerezo, Vantuir, Márcio, Alves e Valdemir; Marinho, Ângelo, Reinaldo, Paulo Isidoro e Ziza.
Na sequência, este:
João Leite, Nelinho, Osmar, Luizinho, Toninho Cerezo e Jorge Valença; Catatau, Heleno, Reinaldo, Renato Dramático e Éder.
Semanas atrás, Fernando Rocha escreveu na coluna dele, no Diário do Aço, de Ipatinga, duas notas, que resumem a situação atual do mau aproveitamento e trabalho ruim em nossas categorias de base:
“Muitos atleticanos queriam uma chance para o jovem volante Neto, 19 anos, jóia da base, para substituir o suspenso Allan, mas Cuca optou pela improvisação do veterano Rever, que teve ótima atuação. Segundo informação do clube, Neto não foi relacionado para a partida em Goiânia, como punição por ter cometido ato de indisciplina. Não sei detalhes do que teria acontecido com ele, também não apoio indisciplina, mas é preciso ressaltar que o Atlético aproveita muito mal e não tem uma política de valorização dos atletas revelados na sua base.
- Neto está há mais de três anos só treinando. Qual é a motivação que este jogador teria para seguir sonhando em ser titular e ter sucesso na carreira? Rubens é uma exceção e só teve chance de se firmar como opção de banco devido a fatores excepcionais, tais como a contusão de Dodô, coincidindo com a ida de Arana para a Seleção Brasileira. (Fecha o pano!).
» Comentar