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Contusõe$ e negócio$: Scarpa, Hulk, Ronaldinho Gaúcho, Kafunga, SAF$ e um pouco da história

Foto: Pedro Souza/Atlético

Scarpa se machucou durante o treino, mas tudo indica que não é nada grave. Importantíssimo para o time. Mas a situação que preocupa mesmo é a do Hulk. Não pela contusão desta semana, mas para o futuro do Atlético, que vale refletir. Há quatro anos ele carrega o time. Profissional 100%, dentro e fora de campo, desses que entram definitivamente para a história, não só do Galo, mas do futebol mineiro e brasileiro. Hulk foi um “achado” do presidente

Infelizmente, como diz o filósofo diamantinense Waldívio Marcos de Almeida, “o tempo é praga, e arregaça com o sujeito”. Verdade verdadeira. Hulk tem 38 anos e está em plena forma graças aos cuidados que sempre tomou. O problema é que o corpo tem limites e a data de validade chega, principalmente em certas profissionais, como a de jogador de futebol.

Todo time, para brigar na parte de cima de qualquer tabela de classificação, precisa de um jogador acima da média. Há quatro anos Hulk é este jogador. Substituiu Ronaldinho Gaúcho, o fora de série antecessor dele no Galo. Antes dele, os presidentes Daniel Nepomuceno e Sérgio Sette Câmara até tentaram, com Robinho e Fred, que não deram o retorno esperado.

Ronaldinho com Alexandre Kalil na Sala de Imprensa Roberto Abras, na Cidade do Galo, em foto do Bruno Cantini/Atlético

Não é fácil conseguir “negócios de ocasião” como o Atlético conseguiu em sua história recente como Ronaldinho e Hulk.

No caso do paraibano, méritos do então técnico Jorge Sampaoli e do diretor de futebol Rodrigo Caetano, que tiveram a ideia, e da diretoria, comandada pelo Sérgio Coelho, que acatou, em janeiro de 2021, com negociações iniciadas ainda em 2020. Hulk e Nacho Fernandez, que também foi muito importante no ótimo time de 2021.

Até os anos 1980 o Galo tinha fábrica de grandes jogadores e alguns gênios, como Reinaldo e Cerezo. Mas a mão de obra qualificada dessas fábricas também é cada vez mais difícil de se conseguir. Não se acha mais o “seus” Zé das Camisas, Barbatana, Telê Santana e alguns outros.

Cito Telê, porque ele trabalhava em sintonia absoluta com a base. Assistia treinos, levava a rapaziada para treinar com os profissionais, trocava ideias com as comissões técnicas quase que diariamente, com os olheiros e dava palpites.

Não foi à toa que o presidente Nelson Campos o tirou do comando do juvenil do Fluminense para comandar o profissional do Galo que foi campeão brasileiro em 1971. Por isso, o dirigente precisa ser competente e ter visão. O Atlético e outros grandes clubes brasileiros sobrevivem e crescem porque têm e ou tiveram comandantes brilhantes e apaixonados pelo clube.

Não foi à toa que Elias Kalil em seu discurso ao assumir a presidência do Atlético, encheu a bola do seu antecessor, derrotado por ele na eleição, Walmir Pereira, reconhecendo o grande trabalho que ele fez à frente do clube. E manteve o técnico, o mineiro de Salinas, Procópio Cardoso, porque ele era excelente.

Buscou Éder, no Grêmio; Chicão no São Paulo (contra a maioria da torcida na época), Palhinha no Corinthians (velho algoz do Galo com a camisa do Cruzeiro), Nelinho no Cruzeiro, e montou o melhor Atlético que eu vi pessoalmente, um dos melhores da história do futebol.

Dessa safra de dirigentes, em Minas e no Brasil, muitos quebraram em seus negócios particulares, por colocar dinheiro e se dedicar integralmente aos clubes. Até chegar essa onda SAF, que parece ser irreversível.

Nada contra as SAFs, muito pelo contrário. O que incomoda é essa postura arrogante, plantada, de que qualquer crítica aos donos é “ingratidão” da torcida ou “perseguição” de setores da imprensa. Como se estes clubes gigantes tivessem nascido a partir da chegada delas.

No Cruzeiro, Ronaldo teve a audácia de dizer que se não tivesse comprado o clube teria fechado as portas. Saiu no lucro e deixou “viúvas” na torcida dizendo que quem criticava qualquer erro dele era “ingrato”.

Atualmente aquele tipo de dirigente é cada vez mais raro.

Em outros tempos, valia a máxima do mestre Kafunga: “no futebol, quem tem, põe; quem não tem, tira!”.

Agora, quem tem, põe, e depois tira, com juros, correção, dividendos, patrimônio e etecetera e tal.

E viva o futebol, viva o Brasiiiiilllll

Foto: Instagram/RonaldinhoGaúcho

João Leite, Cerezo, Osmar, Orlando, Luizinho e Jorge Valença; Pedrinho, Chicão, Reinaldo, Palhinha e Éder, o timaço de 1980. (Foto: reprodução/Atlético)


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Comentários:
10
  • Raws disse:

    Chico, ainda comparando os times de 1980 e 2013, fiz uma pontuação em cima da minha visão e depois somei. Não sei se fui justo, pois 4 jogadores iguais Cerezo, Luizinho, Eder e Rei, jamais se reunirão em um time de futebol, porém na frieza dos pontos achei uma leve vantagem em 2013.
    Pontos por posições.
    João Leite – 5
    Victor- 7

    Orlando- 5
    Marcos Rocha-8

    Guarnelli- 7
    Rever- 8.5

    Luizinho- 10
    Leo Silva- 8.5

    Valença-8
    Junior Cesar-5

    Chicão- 5
    Pierre- 6

    Cerezo- 10
    Donizete- 7

    Palhinha- 7
    R10- 10

    Pedrinho- 6
    Tardelli- 9

    Rei- 10
    Jô- 7

    Eder- 10
    Bernard- 8

    Soma:
    1980 =83pontos
    2013= 84 pontos
    Obs, a pontuação 10 não iguala os jogadores e sim os melhores pela posição. Exemplo o 10 do Eder nunca será o mesmo 10 do Rei e R10.

  • Raws disse:

    Chico, como contemporâneo, não sei se concordo ou discordo com relação ao melhor time.
    Se tínhamos, supra sumos como, Cerezo, Eder, Luizinho, o Rei e Valença apesar de degraus abaixo, o restante no meu conceito muitos medianos, inclusive Palhinha na época.
    Aí você lembra de um Victor, bem melhor que João Leite, Rever melhor que Guarnelli, Tardelli muito melhor que Pedrinho, R10 só um pouco melhor que Palhinha, kkkk
    Em comparação perderia nos primeiros citados.

    • STEFANO VENUTO BARBOSA disse:

      João Leite foi um goleiro que falhou em momentos importantes, na final contra o Flamengo do Brasileiro, ele saiu quase fora da área, para impedir um gol do Zico, com a marcação chegando, jogada mais inexplicável que já vi. E falhou no terceiro gol, tomando um gol de Nunes sem ângulo, João Leite está longe de ser o melhor goleiro do Galo, goleiro tem que salvar. Carlos e até mesmo Velloso forma melhores que ele, e Victor pelos títulos. E hoje Everson é o melhor goleiro do Brasil.

      • Raws disse:

        Lembrando também 1987, na jogada do terceiro gol do Renato Gaúcho, que ele teria de ter trombado com o jogador, mesmo fazendo pênalti. Deixou o cara entrar quase dentro do gol.
        Obs. Acho Everson o melhor goleiro em média que vi com nossa camisa. Victor o mais histórico.

  • SÉRGIO ROBERTO disse:

    Boa noite Chico. Tenho a mesma opinião. O time do Galo de 1980 foi o melhor que vi. Lembro particularmente de duas vitórias no Brasileirão daquele ano sobre o Internacional de Falcão, Batista, Mário Sérgio e cia em pleno Beira Rio. Na primeira, por 3 x 1, com show do mestre Cerezo ( ganhador do troféu Bola de Ouro da revista Placar ) que fez dois gols. A segunda por 3 x 0 na semifinal, com dois golaços do Éder. Um pecado aquele time não ter vencido o Campeonato Brasileiro, apesar do Flamengo também possuir um time recheado de craques. Disputa muito parelha, decidida pelo regulamento, já que os jogos da final apresentaram vitória do time mandante por diferença mínima de gols. Paciência. Quem viu, viu. Quem não viu pode ter uma noção da qualidade do time vendo alguns vídeos no YouTube. Quanto ao time atual, considero administrado por pessoas competentes. Como torcedor das antigas, sonho com uma realidade financeira em que o Atlético possa valorizar sua marca de tal forma que seja possível estampar um único patrocinador em sua camisa, a exemplo dos grandes clubes do mundo. Como são feias as camisas dos times brasileiros atualmente. Perderam totalmente a identidade. Parecem macacão de piloto da Fórmula 1. A camisa do time de 1980, com números brancos nas costas, é uma das mais bonitas de nossa história, em minha opinião. Sei que o apelo da grana é forte, mas não custa sonhar. Saudações !

  • João Carlos disse:

    Na terceira foto, o terceiro da esquerda para a direita segurando a Copa Libertadores, é o Lelêu. Os outros eu não conheço. Alguém poderia identifica-los?

  • Alisson Sol disse:

    Incrível como estamos esquecendo a História. Na política, na economia, no esporte, etc.

    Se o Ronaldo Fenômeno não tivesse comprado o Cruzeiro, o time certamente teria fechado, assim como outros do futebol brasileiro. Já repeti e vou continuar repetindo: o problema não era dinheiro. Se fosse, alguém como o próprio Pedrinho do Supermercado BH, o Vittorio Medioli, do grupo SADA, o vários outros, teriam colocado dinheiro no Cruzeiro.

    O problema era, e aqui eu cito ninguém menos do que o próprio Vittorio Medioli (link): “Os últimos dias me concederam que, mais que um CEO, exposto à incerteza jurídica do cargo, o Cruzeiro precisa de um interventor amparado pela Justiça e com autoridade para executar o que for preciso. Doa a quem doer. O Cruzeiro, já há longo tempo, está sob investigação da polícia e do Ministério Público.

    Sem Ronaldo Fenômeno e seu “capital político”, jamais teria sido aprovada a lei da SAF. Sem isto, nenhum investidor iria colocar dinheiro ou mesmo seu nome em clubes como Cruzeiro, Botafogo, Bahia e outros, quando sabemos que os balanços e auditorias do passado eram coisas de fechada, e diversas dívidas poderiam aparecer a qualquer momento. Aos que acham o contrário, pergunto: onde estão os investimentos nos outros esportes no Brasil? Não as exceções, como o próprio time de vôlei Sada Cruzeiro, mas a “regra” que impede o país de ter continuidade no esporte coletivo, seja vôlei, basquete, futebol feminino, etc., ou individual. A SAF isolou, para o bem ou para o mal, as novas entidades jurídicas das más administrações passadas. Não que já não se esteja “fazendo bobagem com as SAFs“. Ao menos, são erros novos, ao invés de se pagar por erros de 1997!

    • Stefano Venuto disse:

      Você está totalmente equivocado, a lei da SAF nem passou perto de Ronaldo Fenômeno, foi o último suspiro de muitos clube e no caso,o Cruzeiro, que deu o calote geral. O Cruzeiro foi o maior Beneficiado, deu o cano em todo mundo.

      • Alisson Sol disse:

        Se voce realmente acredita que tal lei seria aprovada e ia “colar” caso o primeiro caso de uso no Brasil fosse a mudança do controle de um clube para uma empresa chamada XP Investimentos, fique à vontade. Provavelmente também acredita na recente lorota de que investidores da Arábia queriam comprar o Cruzeiro com uma valorização de 50% em poucos meses, mas o novo acionista da SAF decidiu não vender “por amor ao clube”.

        Aproveita a onda de credulidade: eu tenho os direitos de uns lotes bons no lado oculto da Lua que estou vendendo em promoção imperdível!

  • Stefano Venuto disse:

    A SAF sempre será questionada, porque esse é um país onde ricos são abominados por uma parte dos cidadãos, ao invés de servirem de exemplo como é no resto do mundo, são execrados e a frase da moda, que parte imbecilizada por uma ideologia fracassada, é “bilionários não deveriam existir.” Não deveriam existir são pobres que não têm água e esgoto, como 60% dessa massa do país, pobres sem o mínino de dignidade. O Galo tá bem dirigido e tenho certeza, saindo o Hulk, vem outro do mesmo patamar. Não se faz futebol sem dinheiro, mas também não se faz futebol sem ídolos de verdade, dentro e fora do campo. Hulk conhece a importância para o futuro torcedor, uma imagem muito representativa disso são torcedores adversários o tratando com respeito e pedindo fotos. Pra mim Hulk é o maior, deveria ser o Reinaldo que foi o maior craque que vi, junto com Ronaldinho, mas como Reinaldo é cria do Galo, deveria ocupar essa posição, contudo, misturou um monte de besteiras inúteis, e falsos amigos e teve uma vida bem ruim fora do campo. Fica Hulk aí 38 anos, exemplo de atleta, cidadão pras próximas gerações, aproveitem!