Vale a pena ser honesto? Qual o valor da honestidade hoje?
Essas perguntas estão sendo feitas pelo jornal O TREM Itabirano, de Itabira, que resolveu fazer uma enquete com brasileiros (escritores, garis, poetas, jornalistas, historiadores, pedreiros, empresários, músicos, advogados, operadores de motoniveladoras…) e deu-me a honra de participar.
O TREM ITABIRANO é um dos melhores jornais do interior de Minas Gerais, independente de políticos e grupos empresariais. Voltado ao debate e ao questionamento das mazelas da terra de Carlos Drumond de Andrade, do nosso estado e do Brasil.
O editor é o Marcos Caldeira, que escreve bem demais da conta, e é um desses cada vez mais raros “doidos” que se aventuram a apostar em jornal de qualidade editorial e visual no interior mineiro.
Antes dessas perguntas vem o seguinte preâmbulo:
“A desonestidade está tão em alta no Brasil que a honestidade já é, por muitos, considerada burrice em nosso país. Chegamos, parece, à triste era pintada por Rui Barbosa: “De tanto ver triunfarem as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.
E vai a minha resposta, que enviarei por e-mail ao Marcos:
“Sempre houve gente desonesta no mundo, e sinceramente não sei se mais ou menos que nos tempos atuais, em qualquer lugar do planeta. Certamente, hoje, a divulgação da vagabundagem nacional é maior, em função do regime democrático que vivemos e dos novos e rápidos meios de comunicação. O que incomoda no Brasil e em países subdesenvolvidos como o nosso, é a impunidade, que deixa os bandidos à vontade, nas áreas pública e privada, isolados ou em quadrilhas, em todas as áreas onde circula dinheiro e poder.
Dito isso, é claro que vale a pena ser honesto! O valor da honestidade hoje é o mesmo que sempre norteou os nossos antepassados. Se os safados de plantão não são punidos pela Justiça (que não está livre de desonestos também), a execração pública já é uma forma de punição e ninguém consegue esconder suas maracutaias durante todo o tempo.
O próprio Rui Barbosa, de competência inegável, cuja famosa frase sobre a honestidade é tão usada, não tem uma boa fama em seu negócios e interesses que defendia, nem sempre confessáveis. Não pode ser apontado mo modelo de honestidade, de acordo com o li em algumas publicações, especialmente no livro do grande Darcy Ribeiro: “E aos trancos e barrancos, o Brasil deu no que deu!”.