Vi de perto o trabalho do Rogério Micale quando ele dirigiu o Democrata de Sete Lagoas na terceira divisão mineira em 2010. Ele se desdobrava, já que paralelamente comandava também o júnior do Atlético, na parceria feita entre os clubes. Foi quando surgiu o baixinho Bernard, que era reserva do grandão Wendell, tido como futuro craque, mas preguiçoso. Achava que era só entrar em campo, e pronto. Bernard aproveitou as chances que teve e se transformou na venda mais valiosa da história do futebol mineiro.
Possivelmente a seleção olímpica terá mais apoio da torcida brasileira que a principal. A começar pela atitude do Tite, que inteligentemente passou a bola do comando para o Micale, que seria escanteado caso Dunga continuasse. Aliás, já estava fora e fora resgatado pelo ex-treinador do Corinthians, que estabeleceu essa como uma das condições para aceitar o cargo. Além de ser coerente, já que Micale estava no comando dos “olímpicos” há um ano e meio, Tite escapou do risco de se queimar, como ocorreu com Vanderlei Luxemburgo, nos Jogos de Sydney’2000 e Mano Menezes em Londres’2012.
Rogério Micale tem 47 anos de idade, baiano de Salvador, mas seu berço no futebol é o Sul.
Começou em Londrina e depois se destacou no Figueirense, conquistando a Taça São Paulo de juniores em 2008. Contratado pelo Atlético no mesmo ano, onde conquistou a Taça BH duas vezes, dois campeonatos estaduais e dois torneios na Holanda, sempre com os juniores. Em 2011 tentou alçar voo no profissionalismo, contratado pelo Grêmio Prudente-SP, mas três meses depois estava de volta ao Galo.
Rogério Micale Ficou no Atlético até o início do ano passado quando foi contratado pela CBF para o lugar do Alexandre Gallo. É um estudioso do futebol e muito respeitado nacionalmente pelos colegas dele de profissão e dirigentes. Boa praça, bom de prosa, admirador de vinhos e habilidoso no trato com as pessoas, sem abrir mão da personalidade na defesa dos próprios pontos de vista.
Micale demonstrou essa personalidade em sua entrevista coletiva na CBF, ontem, ao ser perguntado se Neymar será o capitão do time. Quem não o conhece pensou que ele fosse bajular o atacante do Barcelona. Nem pestanejou e respondeu que há vários convocados com perfil para ser capitão e que conversará com todos, especialmente com Neymar, para depois decidir a quem dará essa missão de capitão da seleção na Olimpíada.