Parafraseando Gabriel García Márquez, no livro de 1981, Crônica de uma Morte Anunciada
Nunca frases se aplicam tão bem para situações como esta.
Senhoras e senhores amigos do blog, dói demais saber que tragédias humanas e ambientais como essa ocorrida em Mariana fazem parte da história de Minas, em nome do “progresso” e do “desenvolvimento”. E constantemente explosões de barragens como essas ocorrem em pontos distintos do Estado, algumas nem faladas pela imprensa, já que a força da grana das mineradoras impede acesso às suas instalações e costuma calar consciências através de altas somas.
De longe, da beira da estrada, o que se vê são imagens e placas de advertência como essa
Mas a realidade, lá dentro e na sequência, é essa, que só é mostrada aos brasileiros quando acontece uma tragédia como esta de Mariana. Estas fotos foram feitas por mim há alguns anos, lá em Conceição do Mato Dentro (da montanha intocada) e na região de Belo Horizonte/Nova Lima, numa ida a Juiz de Fora para assistir Democrata x Sport, com o então diretor do Jacaré, Arilton Machado, no helicóptero dele.
Depois, os políticos vão aos locais das tragédias sobrevoar e faturar uns votos, fazendo cara de choro, abraçando vítimas, se isentando de culpa, enganando a todos nós, aos atingidos principalmente. É assim desde o Brasil colônia. Mas estamos no Século XXI e isso já deveria ter sido mudado.
Há movimentos de resistência, tanto na sociedade civil quanto nos órgãos públicos municipais, estaduais e federais, porém, são impotentes quando interesse$ mais forte$ os sobrepõem e simplesmente atropelam a tudo e todos.
Falo com alguma propriedade porque há alguns anos acompanho essa resistência de gente brava e guerreira da Serra do Espinhaço, mais precisamente da nossa Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas, Dom Joaquim, Serro e adjacências. Dá vontade de chorar ao ver que aquele paraíso está indo para o mesmo caminho e a força do dinheiro de poderosas multinacionais atropelando tudo e todos.
Felizmente a tecnologia nos proporciona esta memória eletrônica fantástica que é a internet e sugiro que leiam postagens que tenho feito neste blog desde 2009, também sobre temas como este. Sou apaixonado por nosso Estado, mas consciente que o itabirano Carlos Drumond de Andrade estava totalmente certo ao dizer, em seu poema da década de 1930, “Confidência do Itabirano”: “Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!”
Sugiro que voltem a março de 2010 e leiam esta e outras postagens que fiz aqui sobre o tema:
Tapete vermelho para quem devasta o nosso estado
E essas águas que se tornam lama de tragédias, são assim, antes da ação das mineradoras.
Neste caso, Poço Pari, no Distrito do Tabuleiro, em Conceição! Aproveitemos enquanto é possível, enquanto existe.
Até se transformar em cenas como essa de ontem em Mariana.