* Este post também é uma homenagem a Nelinho, o melhor lateral que vi jogar e uma das melhores pessoas que conheci no mundo do futebol.
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Quem gosta de futebol não pode esquentar a cabeça sob o risco de “furar a fila” e morrer antes da hora. Trata-se de uma “ciência inexata” na qual razão é coisa rara, incontáveis fatores influenciam em um resultado, sobram mistérios e ainda há o fator arbitragem. Exatamente por isso, mexe com o sentimento de milhões mundo afora e movimenta bilhões.
Toda essa xaropada em forma de filosofia resultante de uma meia ressaca de sexta-feira cedo para chamar a atenção para os resultados de ontem pela Copa do Brasil e sugerir calma e paciência a todos os senhores, especialmente aos mais exaltados em função dos maus resultados dos seus times, com destaque para atleticanos e cruzeirenses.
Vejam o início do noticiário de um jornal paulista a derrota do São Paulo para o Ceará no Morumbi: …“ O Ceará, lanterna da série B, se fechou na defesa e apostou nos contra-ataques e nas bolas paradas. E foi justamente em escanteio pela direita que Wellington Carvalho desviou na primeira trave e Rafael Costa empurrou para a rede, aos 17 minutos. O segundo gol cearense foi marcado novamente por Rafael Costa, aos 20 minutos da etapa complementar, em cobrança de pênalti sofrido por Fabinho…”
Sim, senhoras e senhores, depois de tomar de três do claudicante Goiás, também no Morumbi, pelo Brasileiro, o São Paulo, de um dos elencos mais caros da América do Sul, perdeu para o moribundo Ceará que despenca para a Série C. E o Fluminense? Com Ronaldinho, Fred e cia. só conseguiu fazer 2 a 1 no bravo Payssandu aos 48 do segundo tempo em pleno Maracanã!
Mas o futebol é desse jeito mesmo e olhem a “coincidência” com os gols que o Atlético anda tomando: contra ataques!
E nenhum atleticano tem que se conformar com isso e dizer “tá vendo, aquele empate com o Goiás foi até bom no Serra Dourada!” Coisa nenhuma. Cada um com os seus problemas e os concorrentes que se explodam!
O Galo precisa corrigir seus erros e não pode perder pontos preciosos como anda perdendo, principalmente para a turma da prateleira de baixo. E é preciso frieza nas avaliações: Marcos Rocha voltou a ser a “Geni” para muitos alvinegros, que se esquecem da falta que ele fez quando ficou um tempão afastado por contusão. E absurdo dos absurdos, tem atleticano com saudade do Patric!!!! Cruz credo! Com todo o respeito aos queridos e queridas comentaristas do blog que estão com saudades do Patric, peço que forcem a memória e comparem novamente.
Gosto de recorrer ao passado que presenciei em minha vida de repórter para errar menos em minhas avaliações e conclusões. Me lembro do Nelinho, que saiu escorraçado do Cruzeiro, quando o grande e saudoso presidente Felício Brandi, até então maior dirigente do futebol brasileiro, caiu na onda de grande parte da imprensa, principalmente da ala cruzeirense, e se desfez do lateral. E o negociou com quem? Com o Atlético, na primeira grande rasteira que o então emergente comandante do Galo, Elias Kalil dava no arquirival. E ali começava a derrocada do Felício e a ascensão do pai do Alexandre, como o maior presidente da história do Atlético e na época, do Brasil.
Piazza à esquerda de Raul; e Zé Carlos, agachado, terceiro à direita, seguravam a barra do Nelinho neste time fantástico do Cruzeiro.
Nelinho jogou demais no Atlético, retornou à seleção brasileira e foi importantíssimo no hexacampeonato mineiro, marca até hoje nunca superada. Mas todo treinador que o comandou no Galo sabia que ele era mais um atacante e não marcador de atacantes. Todos os adversários tentavam explorar as avançadas do Nelinho, mas todos os técnicos do Atlético sabiam disso e escalavam beques ou volantes para tomar conta das costas dele. Os que já passaram dos 40 anos de idade vão se lembrar da expressão que era usada por repórteres e comentaristas que chamavam o ponta direita Catatau, de “Secretário” do Nelinho. O meu conterrâneo Catatau tinha fôlego gigante e além de ponta direita fazia as vezes de lateral marcador, voltando para evitar que o time tomasse gols nas costas do Nelinho. E muitas vezes os adversários faziam gol por ali, mas a relação custo/benefício era vantajosa para o Galo.
À esquerda Catatau, agachado ao lado do Heleno. Dois famosos “secretários” do Nelinho.
Aí alguém pode questionar: porque os treinadores do Cruzeiro da época não davam essa condição ao Nelinho, e porque o Levir Culpi não faz isso hoje?
Simples companheiros e companheiras: não tinham jogadores no elenco como um Catatau, que foi o mais famoso e eficiente “secretário” que o Nelinho teve. O Cruzeiro de então tinha um dos piores elencos da história dele.
Levir Culpi ainda não conseguiu descobrir alguém ou a fórmula para ajudar o Marcos Rocha.
É o que eu penso, mas também posso estar errado, certo?
Nelinho à esquerda, em pé, na Copa da Alemanha em 1974.
Detalhe importante: Nelinho foi o melhor lateral que vi jogar no mundo, incomparável. Não estou comparando o Marcos Rocha, que é um bom jogador, com ele. Comparo as situações e alerto para a injustiça à qual o atual titular da lateral direita do Galo está sendo submetido.