Pênalti é controle de nervos de quem bate e os argentinos não conseguiram manter a tranquilidade, diferente dos chilenos, brilhantes.
Chegada a hora de retornar ao Brasil e de agradecer aos chilenos pela excelente receptividade, organização impecável da Copa América e grande exemplo governamental de que não há necessidade de se gastar absurdos para receber uma competição como essa. Óbvio que uma Copa do Mundo é diferente, porém, o básico para a realização de um ótimo torneio de futebol, cuja duração não passa de um mês, não pode servir como pretexto para tanta gente ganhar dinheiro ilicitamente como ocorreu nos preparativos do Brasil para 2014. O Chile deu show em todos os aspectos, principalmente em Santiago, que possui ótima infraestrutura, gente educada e prestação de serviços invejáveis, conhecidos internacionalmente, já que o país é acostumado a ser o primeiro em quantidade anual de turistas na América do Sul, superado apenas em 2014 pelo Brasil por causa da Copa do Mundo. Quem conhece o país indica e tem vontade de voltar.
Dentro de campo foi também uma boa Copa América, bem melhor que a edição de 2011, disputada na Argentina, que teve o Uruguai como campeão. Independentemente do resultado final, a Argentina foi quem mostrou a melhor seleção, em quantidade e na qualidade de jogadores. O futebol mais coletivo e bonito de ser ver, do primeiro ao último jogo. O Chile se destacou coletivamente, alternou jogos bons e ruins e contou com a força da torcida que cumpriu muito bem o papel dela. Gerardo Tata Martino e Jorge Sampaoli se reafirmaram como grandes treinadores.
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O jogo decisivo foi como quase toda final: nervosa, taticamente com muita cautela, privilegiando os sistemas defensivos. O Chile conseguiu anular Messi, Pastore e Di Maria, mas também atacou e teve boas oportunidades de marcar. Di Maria mais uma vez deixou a Argentina na mão. Jogou abaixo do que joga, os primeiros 27 minutos, quando se machucou e foi substituído. Ano passado, também em função de contusão, nem jogou a final da Copa contra a Alemanha.
No tempo normal, um jogo abaixo das expectativas.
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A Argentina, e principalmente o Chile, saem como os grandes vitoriosos dessa Copa América, com vistas às eliminatórias para a Copa da Rússia em 2018, que não serão fáceis. Depois deles, o Peru, terceiro lugar, mostrou um belo futebol e bons novos jogadores. Comandados pelo argentino Ricardo Gareca, devem brigar com mais força dessa vez do que para a Copa de 2014, apesar de ter ficado também em terceiro na Copa América de 2011. O Brasil foi a seleção que não mostrou nada promissor nesta Copa América.
O tempo passa e o presidente deposto pelo golpe militar de 1973, Salvador Allende, aumenta a sua veneração por chilenos e turistas, enquanto o seu algoz maior, Augusto Pinochet só é lembrado quando se fala do lixo da história chilena.
No Chile, fala-se de política discute-se o país mais do que se fala de futebol.