Ratoeira chilena dificilmente repetirá ratoeira suíça
O presidente da Conmebol, paraguaio Juan Ángel Napout Barreto, e o da CBF Marco Polo del Nero, estão nas estatísticas dos ausentes da Copa América. Eles e mais de 500 mil pessoas. Como sempre as previsões dos organizadores quanto à quantidade de turistas que aparecerá em um grande evento são superestimadas. No Chile, governo e Federação “juravam” que viriam 700 mil estrangeiros. Se no frigir dos ovos a conta bater em 200 mil será até demais. A crise financeira na Argentina e agora no Brasil, somada à falta de neve no Vale Nevado são os principais fatores que impediram a vinda de mais gente para prestigiar o torneio entre seleções mais antigo do mundo.
Mas Del Nero e Angel Naput não têm problema de dinheiro; muito pelo contrário. O motivo da ausência deles aqui é um acordo entre Chile e Estados Unidos, de 1902, que prevê a extradição de estrangeiros daqui para a terra do Tio Sam, tipo o que existe com a Suiça. Muito cartola que tem culpa no cartório ficou com medo de que o país sede da Copa América se tornasse uma nova “ratoeira”, como foi a Suiça no Congresso da FIFA que juntou alguns dos maiores ratos do futebol mundial. A presidente Michele Bachelet está triste, reclamando o fato de ficar sozinha na tribuna de honra do estádio Nacional, sem os principais dirigentes do futebol Sul-Americano. Ela, absolutamente discreta lá na tribuna, pedindo que nem as câmeras, nem o locutor oficial do estádio registrem a presença dela, já que as vaias estão comendo soltas no lombo dos políticos aqui também.
A famosa vinícola Concha y Toro é um dos principais atrativos turísticos de Santiago. Com trânsito bom, fica a uma hora do centro da cidade.
Quarta maior produtora de vinhos do mundo, atrás somente da Gallo (Califórnia/EUA), Great Wall (China) e Hardy’s (Austrália), com uma média de 13 milhões de caixas anuais.
A direção da casa conta que, com a Copa América, a expectativa era de dois mil visitantes/dia no período de realização dos jogos, mas a frustração foi grande: a média está em 800 pessoas/dia.
A quantidade de visitantes da Concha y Toro durante a Copa América está sendo a mesma dos dias normais da vinícola, que movimenta e irriga a economia na cadeia do turismo chileno.
O preço do ingresso é apenas 2.500 pesos (R$ 15,00), com direito a uma aula sobre a vinícola, sobre vinhos, degustação de três variedades e ainda a taça na qual se bebe.
Mas quem ganha mesmo é a turma do pacote, da saída do hotel incluindo a van e os agenciadores cujo custo final chega 28 mil pesos (R$ 150,00).
No último passo da visita guiada, bar, restaurante, loja e encontro de gente do mundo inteiro para uns chás com torradas.
Vale a pena visitar esta ou qualquer uma das centenas de vinícolas, perto e longe de Santiago.
São muitas as opções e nada acima de preços normais.
O Chile é cortado por excelentes estradas, de concessionárias espanholas, cujo custo médio do pedágio é o mais caro do continente: 3,9 dólares, à frente do Brasil cuja média é US$ 3,65.