Que festa fantástica este River x Boca Juniors no Monumental de Nuñes com 63 mil pessoas. Futebol, nem tanto: porrada pra caramba e muita garra. Ao fim, River 1 a 0, para tentar se garantir na Bombonera no jogo da volta.
Mas a festa deles faz lembrar o Mineirão anterior a este que está aí: clássico com as duas torcidas beirando 100 mil pessoas em média. Alguns amigos do blog me lembraram aqui que lá também é torcida única, mas que festa! Gente pendurada em todo lugar, espremida, mas se divertindo e feliz.
Aqui, quando as duas torcidas compareciam era assim. Tempos em que as autoridades assumiam a sua responsabilidade e puniam os baderneiros que se atreviam a enfrentar as leis e a Polícia Militar. Quando não havia frescura e nada era proibido, a não ser agredir alguém, quando o pau cantava no lombo de vagabundo que queria confusão.
Bandeiras e charangas dos dois lados, uma faixa livre de três metros separando as torcidas, algumas escaramuças e muita gozação pra cima de quem perdia o jogo. Mas as leis foram modificadas para beneficiar marginais, foi criado um estatuto do torcedor que mais atrapalha do que ajuda e reconstruíram o Mineirão para beneficiar empreiteiras e políticos, onde o preço do ingresso foi para as alturas; o estádio é todo separado em setores e querem transformá-lo em lugar só de bacanas.
Se pelo menos os clubes fossem os maiores beneficiados, tudo bem. Mas não; os clubes viraram reféns e a maior parte das fortunas que os seus torcedores deixam nas bilheterias e venda de produtos lá dentro, vai para os cofres das empreiteiras donas e possivelmente de padrinhos e afilhados engravatados ocupantes de palácios.
Falou-se muito em CPI para apurar tudo, mas a turma que antes queria não quer mais. A turma que antes não queria de jeito nenhum, agora quer. Inclusive o deputado Alencar da Silveira Junior, que resolveu aderir, agora está frustrado porque o seu voto a favor, que seria o de “minerva”, não está mais servindo para instalar essa tal Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
E viva Minas, viva o Brasil, terra onde as filosofias do Kafunga e do Tim Maia é que prevalecem: “O errado é que está certo”, e “Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita.”