Senhoras e senhores,
ano passado o holandês Rick Breugelmans foi voluntário durante a Copa das Confederações, no centro de mídia do Mineirão. Ficou por aqui seis meses e gostou tanto de Belo Horizonte que este ano retornou para trabalhar novamente como voluntário na Copa do Mundo.
Pedi a ele que escrevesse sobre essa experiência, bem como as impressões dele sobre o futebol e tudo que viveu e viu no Mundial vencido pela Alemanha e que teve a Holanda fazendo bela campanha, mas ficando em terceiro lugar.
O texto ficou ótimo, inclusive, ele como torcedor do Feyenoord fala da parceria do time dele com o América e que Fred esteve com um pé lá, mas na “hora agá” alguém sugeriu que os holandeses levassem o Gerson Magrão.
Da esquerda para a direita, Rick Breugemans, a alemã de Hamburgo, Riccarda Munch, e o “belzontino”, Analista de Sistemas, Rômulo Diniz, ano passado na Copa das Confederações no Mineirão.
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Hallo allemaal,
Meu nome é Rick Breugelmans, 27 anos, holandês de uma cidadezinha no sul dos Países Baixos, chamadaEtten-Leur. Sou formado em turismo e com pós-graduação emsport management (não sei dizer o correlato disto em português, mas se alguém tiver interesse, explico o que é, numa boa!) e como vocês tenho uma grande paixão pelo futebol. Meu time do coração é o Feyenoord Rotterdam, primeiro clube holandês a ganhar a Liga dos Campeões e a Copa Intercontinental, e o clube com o maior número de jogadores na seleção holandesa na última Copa. No passado, Feyenoord teve uma breve e não muito proveitosa parceria com o América mineiro, que quase nos proporcionou ter o Fred matador como jogador, mas, no último minuto da prorrogação, trocamos o Fred por um tal de Gerson Magrão. Estou curioso sobre o que vocês sabem mais sobre o futebol da terra dos moinhos e do queijo (olha a semelhança com Minas!)…
Como holandês, eu vejo o último Mundial com bons olhos, pois, nas Copas passadas, nós holandeses sempre achávamos que poderíamos ganhar, e acabávamos nadando nadando e morrendo por pênaltis na praia. Desta vez, nenhum holandês minimante interessando em futebol estava muito confiante. Apesar de um ataque muito forte, com o trio maravilhaRobben, van Persie e Sneijder, nós viemos ao Brasil com uma equipe predominantemente jovem, com a maioria ainda jogando no campeonato holandês. Mesmo com a inexperiência em competições internacionais, conseguimos grandes resultados, mas, infelizmente,outra vez os pênaltisforam a nossa miséria e o final – que eu nem quero relembrar – vocês já sabem. Parece que é o destino daLaranja Mecânicajogar bem, mas nunca ser campeão. Mas ao menos chegamos ao terceiro lugar, e logo em cima da seleção anfitriã.Chutar cachorro mortoé fácil, né…
Sem brincadeiras (mesmo porque ainda quero andar pela rua serenamente), eu realmente me solidarizei com vocês brasileiros e não achei graça alguma nos 7×1, e na apatia que caiu sobra a seleção nacional. Mas em minha opinião, a seleção tem a própria culpa e o povo não deveria carregá-la como sua própria. Pareceu-me que ogrupodava mais atençãoàs atividades fora do campo que ao próprio futebol. Também toda aquela novela em torno do Neymar foi muito excessiva, desproporcional.Sem dúvidas de que ele é um jogador muito importante. Argentina sem Messi e Holanda sem Robben também são muito menos fortes, mas o foco pareceu-me completamente desaparecido após da fratura do Neymar. Tudo girou em torno disto. Só comprovando a pouca confiança dos jogadores e o despreparo da equipe técnica para absorver a perda. Na mesma semana em que duas pessoas perderam suas vidas em Belo Horizonte devidoà queda de um viaduto, o pessoal do marketing da Seleção sentiu que era mais importante homenagear Neymar durante o hino nacional do que as vítimas do desastre. Neymar não estava morto, não? Eu também tive a idéia de que a equipe brasileira estavamuito distante do público,que faltou a espontaneidade na interação com os torcedores. Diferentementedos alemães na Bahia, mostrando que a descontração e a máxima performance podem andar de mãos dadas.
Todos nós temos uma opinião sobre o Mundial. A sua pode ser diferente da minha e eu gostaria muito de sabê-la. Só tenho a certeza de que espero que o Brasil institua um caminho de renovação para voltar ao topo, porque o futebol brasileirojá nos proporcionou tanta beleza que não é justo que não se reerga. Força Seleção!
Groetjes,
Rick Breugelmans
p.s.: Oh, devo admitir que tive ajuda da minha namorada Janaína com este texto. É claro que eu não estou aqui sozinho com todas essas palavras complicadas. Embora o futebol brasileiro atual esteja cometendo vários equívocos, sobre as mulheres brasileiras…Nada além de acertos e elogios! (isso é para pontos de bônus em casa!) Tchau!
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Foto enviada pelo Rick do trio Robben, van Persie e Sneijder no início da carreira.