Além de excelente músico e gente boa toda vida, Henrique Portugal, do Skank, escreve uma ótima coluna semanal no Estado de Minas.
Cruzeirense apaixonado, dos não enquadrados como “simpatizantes” sabe cutucar os atleticanos, como hoje, por exemplo, quando relata a sua ida ao Independência domingo e como viu o clássico.
Confira:
* “Gol no estilo argentino aos 57min do segundo tempo”
Henrique Portugal – Estado de Minas
Um clássico como o de domingo não é todo dia que acontece. O Cruzeiro fez 1 a 0 por meio de um jogador que tinha acabado de entrar. Achei que ele viraria o herói do jogo. Nos descontos do primeiro tempo, o Atlético empatou. Esse gol calou o Independência, e o intervalo foi silencioso. Nosso time passou o jogo todo dando chutões para o ataque. Praticamente não havia saída de bola. Mas, para mim, uma equipe mostra inteligência quando reconhece suas deficiências e busca conseguir o resultado exatamente na paciência e nas falhas do adversário.
A máquina azul-celeste mostrou uma garra digna de jogo de Libertadores. Pena que nosso adversário não esteja acostumado a jogos internacionais, então não sabe o que isso significa. Não temos como negar que no momento a equipe deles está melhor, joga mais bonito e tem elenco mais competitivo. Mas isso pode não significar nada se no fim do ano não estiver no topo da tabela.
Os grandes atores de um clássico deveriam ser os jogadores, mas o árbitro fez de tudo para levar o Oscar de protagonista. No momento em que os copos de água foram arremessados no gramado, ele mostrou que realmente queria chamar a atenção. Por mais que a torcida fique chateada, não pode jogar nada no campo, só atrapalha o nosso time. Agora, provavelmente, teremos de ver alguns jogos pela TV ou voltar a viajar para ver o time de perto.
Mas que final emocionante! Quando Ronaldinho marcou o gol, o estádio ficou silencioso e parte da torcida começou a ir embora. Não estava acreditando que aquela luta durante toda a partida poderia terminar com final triste. Aí Montillo me bateu aquela falta na trave. Foi um daqueles lances que fazem você pensar: “Hoje a bola não entra mais!”
Mas continuei acreditando e esperando por um lance derradeiro. Adorei ao ver uma charge no Facebook com o árbitro assistente levantando a placa de tempo adicional com os dizeres “até empatar”. Foi mais ou menos o que ocorreu. O empate com gosto de vitória tinha de acontecer e veio dos pés do Mateus. O Vale do Jequitinhonha, Turmalina e Capelinha devem estar felizes ao ver um filho da terra marcando o gol de empate. O árbitro decretou o fim da partida logo depois da saída de bola do Atlético. A torcida saiu comemorando. Mas, para quem lutou tanto durante a partida, a derrota seria muito cruel.
Fui ao jogo com meu filho na esperança de ver belo espetáculo e tive acesso tranquilo, por se tratar de torcida única. Fiquei surpreso ao escutar pelo rádio a bagunça na chegada da delegação do Atlético e acabei esperando, a dois quarteirões do Independência, que o clima voltasse ao normal. Confesso que era partidário de ter as duas torcidas no estádio, mas depois de presenciar de perto os problemas ocorridos no domingo, vejo que não há a mínima condição de um clássico com torcedores dos dois times no Independência. As ruas são apertadas, não existe saída em caso de confusão. O estádio é ótimo, mas a forma como é montado o sistema de acesso tem de ser revista.
Agora, chega setembro, com praticamente dois jogos por semana. Se a garra apresentada no domingo se repetir, volto a acreditar em milagres e na classificação à Libertadores.
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