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Mais um exemplo do esporte como inclusão social, que os cegos do poder não querem enxergar

O judô brasileiro estava passando em branco nas medalhas, até que a Rafaela Silva, ganhou hoje o ouro na categoria leve, até 57 quilos. Ela é mais um exemplo da importância do esporte como uma das maiores fontes de inclusão social no Brasil. Família pobre, moradora da Cidade de Deus, hoje é nome mundial e certamente alavancará a carreira e vida, como atleta e no futuro como professora de educação física, empresária, comentarista ou alguma atividade ligada ao esporte. Em 2012 pensou em largar tudo, depois de ser ofendida por racistas.

A Olimpíada no Brasil deveria gerar os mesmos benefícios ao país que se verificou na Austrália, que se tornou uma potência olímpica depois de sediar os Jogos de 2000, em Sidney. Mas aqui é diferente. Os políticos que estão no poder ou os que vão ocupá-lo dentro de alguns meses, continuarão convenientemente cegos, fingindo não saber da importância dessa conquista da Rafaela Silva. Caso houvesse políticas públicas voltadas ao esporte em todo o país, milhões de pessoas estariam em situação muito melhor do que estão. Mas, nas cidades, estados e união, nomeiam-se pessoas que nada têm a ver com o esporte, para as secretarias que cuidam deste setor. Apadrinhamento político e demagogia é o que predominam.


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Comentários:
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  • Alisson Sol disse:

    Se bem me engano, e conforme já citado por outros frequentadores do blog, parece que os medalhistas até aqui, assom como outros que não chegaram a conquistar medalhas, tem patrocínio de empresas ou orgãos como o Exército Brasileiro. Não podemos simplesmente acher que nomear ex-atletas ou “gente da área” para secretarias específicas para o esporte é a solução a longo prazo. Até porque O COI e quase todos os organismos esportivos já são dirigidos por ex-atletas. Tais orgãos repudiam qualquer interferência política de países nas suas representações nacionais. A FIFA já puniu Grécia, Irã, Quênia e vários outros países por interferir nas federações locais. O COI já fez o mesmo. Se amanhã o Brasil decidisse que uma federação qualquer, por exemplo, a de Tênis, está sendo mal-gerida. Poderia fazer o que?

    Observe que má gestão não é apenas o “roubo puro e simples”. Há vários casos de simples má fé ou escolha de profissional menos qualificado por nepotismo ou simplesmente “implicância pessoal”. Vide o recente caso relativo tanto ao tênis quando ao jornalismo (link).

    Eu não estou defendendo políticos ou políticas erradas, obsoletas ou ineficientes. Apenas estou lembrando que levar o talento bruto a uma medalha olímpica sempre é um percurso complexo. Não vejo sequer necessidade de tantos ministérios, secretarias e políticas específicos para cada coisa (esporte, cultura, ciência, etc.). Daqui há pouco o país cria o Ministério de Redes Sociais. O que é preciso é tratar “educação” como algo em que você apresenta todas as possibilidades às crianças e são criadas condições para núcleos de excelência naquelas áreas em que talentos naturais tenham interesse, seja Esporte, Física, Música, Matemática, Teatro ou Robótica. É arriscado resolver a falta de sucesso no esporte com legislação. A tendência é que, como toda legislação, existam brechas. Aí, em nome da igualdade, alguém acaba querendo verba para divulgação de esqui no gelo em pleno nordeste…

  • Cristiano disse:

    Mais uma medalha ganha por um atleta militar! Até agora as 2 medalhas foram uma da exército no tiro e outra da Marinha no judô… Outras virão, já que as duplas de vôlei de praia, as meninas do futebol, a vela são compostas por militares da Marinha e o tiro, o pentatlo moderno e alguns do atletismo são do Exército, nesse belo trabalho de inclusão que vem sendo feito pelas Forças Armadas desde o Pan e que ninguém cita ou elogia!!
    Mas o que vale são os resultados que começam a aparecer e o mérito é dessa instituição tão criticada no Brasil, por alguns erros cometidos faz quase 50 anos, mas que nem por isso para de fazer seu trabalho silencioso e belo nesse nosso país sem valores morais e culturais!

    • sérgio disse:

      Bela observação Cristiano. Eu como x-atleta, filho e irmão de ex-militares sei bem o que as forças armadas fazem e fizeram pelo país. Quem duvidar só dar uma espiada ali no Colégio Militar de Belo Horizonte, o que aquela meninada é incentivada não só nas salas de aula mas nas quadras de educação física. Um abraço

    • ita disse:

      “por alguns erros” de proporções gigantescas…

      O exército é uma instituição fundamental para o mundo, o problema é quando se misturam na política e se arvoram o direito de dizer o que é bom pra todo mundo.

  • Wilson Morais disse:

    Chico, não sei se cabe uma averiguação da veracidade da informação mas essa atleta recebeu apoio dos programas de governo (bolsa atleta) além de ter custeada despesas para viagens nas competições em que ela disputou. Ouvi isso na “Voz do Brasil” de hoje.

    • Frederico Dantas disse:

      O outro medalhista até agora, o atirador Felipe Wu, além de ser sargento do exército também recebe Bolsa Atleta.

      • Nelson Henrique disse:

        Frederico e Wilson, o problema é que estas bolsas são dadas para os atletas já formados e com perspectivas de se saírem bem. Passaram a receber a tal bolsa atleta após já terem conseguido resultados que os credenciavam a possíveis medalhas olímpicas. Ai é fácil. O difícil é você investir na base onde entram 100 e talvez só 1 ganhará uma medalha olímpica. Você perde na propagada mas ganha na formação do indivíduo. Isto no geral recebe o nome de educação. Como geralmente o intuito é se pavonear, eles investem naqueles atletas que, já formados, tem chance de dar algum retorno (de mídia). Esta menina mesmo, que moravam na Cidade de Deus, muitas vezes teve que usar o cartão de credito do seu mentor (não vou nem chamar de descobridor), para poder viajar e competir (início de carreira). Nesta hora não tinha bolsa atleta, bolsa miséria e outras enganbelações que no fundo servem é para aumentar a roubalheira.

  • ita disse:

    “Políticas públicas de esporte”. Só quando houver isso, caro Chico, nossos reais talentos serão garimpados pelos rincões do Brasil. Dinheiro e investimento até que houve em diversas federações (pq também incentiva o desvio das verbas), mas esse dinheiro não necessariamente está sendo utilizado para treinar os mais talentosos do país, mas os melhores dentro do pequeno universo de praticantes em cada esporte. A Daiane do Santos se beneficiou disso pq teve a sorte de uma técnica vê-la brincando na rua com seu talento natural.

    Uma boa analogia, era o o ensino de fundamentos de música nas escolas públicas na década de 50, 60, aulas de solfejo, harmonia, etc. Não que isso vá tornar um medíocre em grande músico, mas era a certeza que um grande talento perdido nas pequenas cidades do brasil poderia descobrir que tinha talento.

  • Marcão de Varginha disse:

    Parabéns à guerreira Rafaela Silva…
    – benecyeternomito