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Como um jogo de futebol contribuiu de forma tão decisiva para espalhar o coronavirus e as conseqüências

Foto:veja.abril/Giuseppe Maffia/Getty Images

Lamentável que o futebol esteja parado no mundo todo, nossos campeonatos com futuro incerto e até os Jogos Olímpicos de Tóquio cancelados. Mas a situação é séria e as medidas foram e são necessárias. Giorgio Gori, prefeito de Bérgamo, que fica a 52 Km de Milão, concedeu entrevista e deu exemplo de como o coronavirus se multiplica. Ao mesmo tempo em que explica porque a Itália tem sido o país mais afetado, com quase sete mil mortos, tendo Milão e Bergamo como os olhos deste furacão. Para ele o jogo entre Atalanta e Valencia pela Liga dos Campeões, dia 19 de fevereiro, no estádio San Siro em Milão, foi uma “bomba biológica”, que espalhou o vírus para a cidade, para a itália e para a Espanha, já que os milhares de torcedores do Valência retornaram para casa infectados. Da Itália, cuja economia é baseada no turismo, para dezenas de países do mundo, Brasil incluído. Milão tem um dos aeroportos internacionais mais movimentados da Europa.

Mais ou menos 40 mil torcedores pegaram estrada de Bergamo para Milão. Retornaram felizes com a goleada de 4 a 1 sobre o Valência, neste jogo que era o de ida, pela Liga dos Campeões. Porém, como disse o prefeito Giorgio Gori, “O jogo foi uma bomba biológica. Naquela época, não sabíamos o que estava acontecendo. O primeiro paciente na Itália surgiu em 23 de fevereiro. Se o vírus já estava em circulação, os 40 mil torcedores que foram ao San Siro foram infectados. Ninguém sabia que o vírus estava circulando entre nós”.

A aglomeração do estádio San Siro se estendeu por bares, restaurantes e outros lugares de Milão, já que foi uma goleada histórica e as festas de comemoração rolaram soltas. Dias depois o Valencia informava que quase todos os seus jogadores e comissão técnica também estavam infectados. E o jogo de volta foi de portões fechados, como medida preventiva. Mas aí já era tarde. Além de perder novamente, 4 a 3, o Valência virou referência de  como o coronavirus entrou de forma tão violenta na Espanha, que até o momento em que eu escrevia esta coluna, contava 4.089 mortos.

Enquanto eu escrevia, eram quase 8 mil mortos na Itália em decorrência da pandemia. A Lombardia, região onde se encontram Bérgamo/Milão, é recordista, com mais de 500 mortes. As funerárias não estão dando conta dos funerais. De acordo com o prefeito Giorgio Gori, o grande “estopim” para explodir o contágio em Bérgamo foi o Hospital Alzano Lombardo, já que no início, ninguém sabia o que estava acontecendo: “O jogo foi um fator, mas o hospital é a explicação mais plausível. Não sabemos exatamente quando, mas um dia um paciente apareceu com pneumonia, e os sintomas não foram reconhecidos. O paciente estava junto com outros pacientes, que se infectaram, assim como médicos e enfermeiros – afirmou o prefeito. Nossa defesa foi construída enquanto a epidemia crescia. Nós subestimamos os riscos. Sabendo o que aconteceu na China, toda a Europa deveria ter se preparado melhor. Ao mesmo temo, estamos vendo governantes que não estão agindo rápido o suficiente.”

Pois é! Agora que todos sabemos o que é o problema, e como evitar ser contaminados, cuidemo-nos.


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Comentários:
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  • Walter Pereira Gallo disse:

    Infelizmente o “nosso presida” não tem preparo para ser o nosso representante, nessa hora tão difícil dos brasileiros e da humanidade. Mas se fosse um pouquinho inteligente, usaria control o V control C e assim talvez livraria a sua total ignorância em tempo de crise tão séria. Ou como fazia na campanha, quando era confrontado em questões de economia. “Pergunte lá no Posto Ypiranga” (Paulo Guedes). Ou então tão somente dizer: ” Pergunte ao Ministro da Saúde” Mandetta. Mas não, prefere sair dividindo até o seu próprio eleitor, indo para o confronto. Triste, muito triste infelizmente…

  • Guilherme Leôncio disse:

    Coitado do presidente! Sem querer defender ninguém, até bem porque não voto em ninguém; mas, se tem queimada na amazônia é culpa do presidente, se tem manchas de óleo na praia é culpa do presidente, se tem pandemia é culpa do presidente. E olha que o governo solta dinheiro por todos os lados para amenizar a situação… O Brasil é o único país em que os perdedores das eleições desejam mal a situação pra ver se seu partido volta ao poder. Daniel Azulay tinha Leucemia, estava a duas semanas internado e morreu de Corona… Todo governo deve sim ter uma oposição, mas desse jeito já é parcialidade e ignorância.

    • edson dias disse:

      Ué… Uma que sua afirmação de que a oposição está querendo o pior é falsa. As declarações do ministro da saúde não servem de nada? E do general Mourão? E do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Gen. Edson Puiol?? Até o Paulo Guedes está recomendando quarentena, e vc quer falar da oposição??? Agora… Do jeito que vc fala até parece que a oposição antes de 2017 era muito sadia, sensata e HONESTA!

      • Guilherme Leôncio disse:

        Melhor aprender ler: não estou defendendo ninguém. Ministro da saúde, vice, todos são contra a fala do presidente sobre parar o país, eu estou me referindo ao contexto geral. E você já ouviu a oposição apoiar algum benefício que o presidente concedeu à população? As concessões do governo até este momento estão sendo ignoradas. O pior cego é aquele que não quer enxergar. Estão aproveitando a pandemia para montar um aparato de oposição, que deve existir sim como eu disse; mas não neste momento.

  • Horacio disse:

    Pois é, tem uma semana que não ponho o pé fora de casa, meu médico proibiu, como eu confio minha saúde a ele, não vou pedir bença pra político.
    Trabalhar em casa é muito ruim, agente fica sem horário e acaba trabalhando muito. Mas cumpre prazos.
    Pelo que vejo das declarações presidenciais. a impressão que fica é que só os idosos são afetados e portanto devem ser isolados. A realidade é que todos são afetados e que os mais jovens também podem precisar de hospitalizaçaõ e de uti . A única diferença é que os mais velhos são menos resistentes por terem mais doenças cronicas.
    O maior problema será o número de casos superior a capacidade dos hospitais, se isto acontecer, deixa de existir grupo de risco, a taxa de mortes será igual.
    A impressão que passa é que o governo pretende fazer a segunda reforma da previdência deixando a doença matar todos os aposentados. A faixa etária que mais apoiou este presidente aí está sendo traída, empobrecida e será morta nesta política suicida.
    Falar agora em economia depois de um ano sem qualquer medida de estímulo, combustiveis caros, da fuga de investidores, das empresas já terem parado por falta de importadores de nossos produtos, por falta de componentes ou mercadorias da China é conversa de político incapaz, preguiçoso e irresponsável. Não dou moral pra este sujeito.

  • Bernardo Montalvão disse:

    Microfones depois do acontecido… Tarde!

  • Ed Diogo disse:

    Não evitaremos .Do jeito que o Bolsonaro quer e impossível.Sei que ele está jogando o jogo economia x saúde mas o time da saúde e um franco atirador e talvez vença está partida.Espero que meu presidente tenha feita a aposta certa.

    • edson dias disse:

      É óbvio que não fez, e não está fazendo. Por que será que até Trump resolveu colocar os EUA em quarentena, ainda que tardiamente? Se o SEU presidete está fazendo a escolha certa, deve então demitir o Ministro Mandetta, apenas por uma questão de coerência. Já temos até agora 136 mortes oficiais, e olha que com a quarentena sendo levada MUITO a sério. Médicos, biólogos, físicos… Todos são unânimes: Tem que manter isolamento social. Vai fuder a economia? Por um tempo vai, e há inúmeras saídas para segurar a onda de trabalhadores, pequenos e médio empresários. Eu citaria quatro factíveis… 1) taxação de grandes fortunas; 2) suspensão temporária do pagamento de juros da dívida pública, que represam um trilhão do orçamento; 3) combate feroz à sonegação fiscal de médios e grandes empresários; … Imaginem uma desgraça destas chegando no Olhos d’água, no Retiro das Pedras, no Goiânia, na Favela do Papagaio.

      • Júlio Soares disse:

        Você deve estar imaginando um paraíso que não é o Brasil. Ou você vive o “sonho” de Nicolau Maquiavel em O Príncipe… A máquina pública brasileira em raros momentos de sua história tirou do rico para beneficiar a classe média baixa. Você acha que o congresso, judiciário e outros âmbitos vão aprovar taxação de grandes fortunas? Os políticos vão aprovar medidas contra eles mesmos ou ricos que fazem parte do toma lá da cá. Qual o governante que conseguiu isso? Nem o seu!