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A espetacular história do Kléber III

Parte final da entrevista do Cosme Rímoli, em seu blog:  http://blogdocosmerimoli.blog.uol.com.br/ com o procurador do Kléber, Giuseppe Dioguardi:

 

Segredos da carreira de Kléber no Brasil.

Parte 2.

Entrevista com o agente Giuseppe Dioguardi.

É bom ler o post de baixo antes…

Por que a diretoria do Dinamo deixou Kléber voltar ao Brasil?

Porque o Kléber não queria jogar mais no Dinamo.

De jeito nenhum.

Ele já havia sido muito importante para as conquistas do clube.

O presidente percebeu a situação e aceitou emprestá-lo.

Ainda mais depois de ter a convicção que poderia ganhar muito dinheiro com ele.

E também facilitou o fato do Kléber ter feito uma artroscopia no joelho.

Levaria um tempo para se recuperar.

Para quais clubes você ofereceu o Kléber?

Eu procurei o Corinthians, mas o Antônio Carlos que era o gerente na época me disse que o clube não tinha dinheiro.

Ele sabia quem era o Kléber e disse que gostava muito do estilo dele.

Só que o Dinamo estava pedindo 400 mil dólares pelo empréstimo de um ano.

Era muito dinheiro para o Corinthians.

Fui para o Flamengo.

O vice Kléber Leite disse que ele não tinha o perfil de jogador flamenguista.

Não acreditei quando ouvi sua resposta.

Aí fui procurar o Luxemburgo que ainda estava no Santos.

Ele disse que não lembrava direito quem era o jogador.

Mas depois que viu o dvd, não só se lembrou como se empolgou com ele.

Disse que formaria o ataque perfeito do Santos: o Kléber e o Kléber Pereira.

Como o Kléber estava se recuperando da cirurgia, o negócio não pôde ser fechado imediatamente.

Quando o jogador se recuperou, fui falar com o Vanderlei e aí ele estava de saída do Santos.

Disse que estava fechando com outro clube forte e que nós tivéssemos paciência.

Enquanto isso vieram o Leão e o Ilton José da Costa para contratá-lo para o Santos.

Eu disse não.

Esperei pelo Luxemburgo.

Confiei muito no Vanderlei.

Esperamos, esperamos e ele fechou com o Palmeiras.

Fomos conversar com a diretoria e aconteceu o que ninguém sabe.

Conta logo, Giuseppe…

Os clubes brasileiros estão passando por enormes dificuldades financeiras que as pessoas não têm noção.

O Palmeiras alegou que não tinha dinheiro para bancar o Kléber.

Pelo plano de carreira que havia traçado para ele, o ideal seria ele jogar no Palmeiras e com o Luxemburgo como treinador.

Eu resolvi pagar do meu bolso os 400 mil dólares ao Dinamo.

A diretoria do Palmeiras ficou chocada com a confiança que depositei no clube e no Kléber.

E isso não foi ‘privilégio’ do Palmeiras.

Eu também banquei os 400 mil dólares de empréstimo do Rodrigo para o São Paulo.

Eu confiei nas duas diretorias.

E recebi.

Sabia com quem estava lidando.

A prioridade era fazer os meus jogadores estarem nos clubes certos.

E por que mesmo depois de tanto sucesso o Kléber foi embora do Palmeiras?

Por causa do alto custo dos seus direitos federativos.

E da falta de envolvimento da Traffic.

Vou explicar.

O Valdívia não queria sair do Palmeiras.

Se eu fosse o procurador dele faria com ele se manifestasse, explicasse para a torcida que estava saindo sem querer do Palmeiras.

Mas ele tinha de ir para que o Diego Souza, maior investimento da Traffic, brilhasse.

Só que ninguém esperava que o Kléber roubasse a cena.

E se transformasse no grande jogador do time e ídolo da torcida.

A Traffic ficou sem saber o que fazer, ainda mais porque estava negociando com o Keirrison.

O Dinamo queria o Kleber de volta.

A diretoria ucraniana percebeu que ele amadureceu como jogador.

Só que havia uma cláusula no contrato garantindo que o Palmeiras poderia ficar com ele por 7 milhões de euros.

Para qualquer outro clube custaria 15 milhões de euros.

A diretoria do Palmeiras me procurou dizendo que não tinha tanto dinheiro.

E nem acreditava que o Dinamo pedisse tão alto.

Nós brasileiros pensamos que somos os únicos espertos do mundo.

E o Luxemburgo?

Eu quero aqui acabar de vez com a história que ele não quis o Kléber.

Que o Vanderlei disse que ele era lento.

Nada disso.

O sonho dele era ver o Kléber e o Keirrison jogando juntos.

Seria sensacional para a Libertadores, ele sabia disso.

Além de todo o talento da dupla, Luxemburgo tinha certeza que Kléber seria o escudo de Keirrison.

Ao seu lado Keirrison saberia o que é lutar em campo, ter raça.

Os dois poderiam dar a Libertadores ao Palmeiras.

O Kléber não está no Palmeiras por causa da falta de visão e de interesse da Traffic.

O Palmeiras arrumou dois milhões de euros.

O Vanderlei conseguiu com um amigo dele, dono de hospital, mais dois milhões de euros.

Foi até falado que era um grupo italiano, mas na verdade, era o amigo do Vanderlei.

O Luxemburgo me disse que, se ele tivesse dinheiro, ele compraria o Kléber.

Ele esteve mesmo empenhado.

E o Palmeiras foi lá oferecer ao Dinamo os quatro milhões de euros.

O presidente disse que de jeito nenhum aceitaria menos que os sete milhões.

Foi essa a história da saída dele do Palmeiras.

Você foi ameaçado pela torcida Mancha (Alvi) Verde?

Fui. Falaram que eu estava tirando o Kléber do Palmeiras para ganhar dinheiro.

Eu fiz o seguinte: fui na sede da Mancha junto com o Kléber e conversamos com os dirigentes da torcida.

Expliquei toda a situação. Toda.

O Kléber se apegou demais à torcida do Palmeiras.

Nunca ele havia sido tratado com tanto carinho, com tanto respeito.

No dia seguinte, os torcedores picharam nos muros do Palmeiras: “Fica Kléber. Fora Traffic.”

Foi o que valeu para o presidente da Traffic, Julio Mariz, dizer que eu havia pago a torcida para isso.

Uma grande bobagem.

Eu não tenho culpa se a Traffic não quis apostar em um jogador muito talentoso de 25 anos.

Não houve jeito a não ser ir embora do Palmeiras.

Minha família é palmeirense, apaixonada pelo clube.

Minha irmã Gabriela foi me xingando quando soube que o Kléber tinha saído do Palmeiras.

“Seu babaca, por que tirou ele do meu time? Só pensa em dinheiro, é?”

Meu pai também me deu uma bronca.

Disse que entendia a minha profissão, mas que eu deveria ajudar o Palmeiras.

Mas eu sabia que tinha feito tudo para o Kléber ficar e disputar a Libertadores.

O Palmeiras não soube se organizar para pagar o Dinamo.

E ainda ficou devendo dinheiro ao Kléber?

Infelizmente, sim.

Até hoje, mais de seis meses.

O Palmeiras deve três meses de imagem, 13º salário e outras coisas.

Estou decepcionado com esse atraso, essa falta de consideração por quem fez tudo para ficar no clube.

É verdade que o Kléber quase foi parar no Corinthians?

Por dez segundos que não.

O Andres me chamou quando havia acabado o prazo de 31 de dezembro do ano passado.

Vou confessar outra coisa, Cosme.

Não havia prazo nenhum que desse a prioridade ao Palmeiras.

Eu inventei para tentar ajudar o clube, o Vanderlei e o Kléber que não queria sair de lá.

Quando acabou eu fui chamado para conversar com o Andres.

Ele me falou que havia acabado mesmo de fechar com o Ronaldo.

Por ele, o ataque de sonhos do Corinthians seria o Fenômeno e o Kléber.

E ofereceu quatro milhões de euros pela metade dos direitos do jogador.

Fui lá para Kiev.

O presidente do Dinamo aceitou a proposta.

Quando eu estava ligando para o Andres, ele mudou de idéia e quis os sete milhões.

Sei como ele é. Se eu tivesse completado a chamada e falado com o Andres, o negócio estava fechado.

Por dez segundos, o Kléber não foi do Corinthians.

E o Cruzeiro? 

Pelo meu planejamento, o Kléber precisava jogar a Libertadores da América.

Eu perguntei para o Neto que é muito meu amigo sobre a infraestrutura do Cruzeiro.

E ele só me incentivou a colocar o Kléber lá.

Marquei um encontro com o Zezé Perrela.

Cheguei lá para um café da manhã.

Éramos eu, ele e o governador Aécio Neves.

O Zezé foi logo me falando o quanto queria o Kléber.

E que o Cruzeiro era o clube que melhor vendia jogadores para a Europa.

Fui logo falando que queria que o Kléber ficasse muito tempo no Cruzeiro.

Era a hora de fazer uma carreira de sucesso e com raízes no Brasil.

O Zezé ficou meio chocado com o que ouviu e até se interessou mais por ele.

E foi assim que pensamos na transação.

O Dinamo já pensava que iria perder o Kléber.

Queria outro atacante brasileiro.

Tinha como opções o Dentinho, o Guilherme e o Dagoberto.

O Dagoberto foi oferecido.

O que você fez?

Falei para o presidente do Dinamo sobre o Guilherme.

Ele quis na hora.

O Zezé Perrella fez o negócio dos sonhos.

O Guilherme é um grande jogador, mas ganhou outro, desculpe, na minha opinião, mais completo.

E ainda recebeu de volta quatro milhões de euros.

A transação foi fechada o mais rápido possível.

E o Kléber?

Ele é muito desconfiado.

Queria ficar no Palmeiras.

Se indentificou, se sentiu querido, como nunca tinha sido.

Foi até a sede da Mancha, se despediu chorando.

E aceitou de vez o Cruzeiro.

Ele jurou para ele mesmo que iria ganhar tudo.

O Mineiro e, principalmente, a Libertadores.

A Libertadores?

Sim. Nós colocamos como meta vencer a Libertadores de qualquer maneira para dar um salto definitivo na carreira.

Ele sabia que o Cruzeiro tinha uma base forte, um treinador competente e que o compreende.

O entrosamento do Adílson Baptista e o Kléber é importante para o seu rendimento.

O treinador percebeu logo o atleta que tinha nas mãos e tratou de o proteger, o incentivar.

Mas o Kléber não estraga a sua carreira com as expulsões?

Por que não um psicólogo para ele?

O Kléber é mesmo muito genioso, explosivo.

Ele não admite perder nem bate bola com os vizinhos.

Nos últimos tempos tivemos algumas conversas importantes.

Eu o conscientizei o quanto estava perdendo prestígio, credibilidade e dinheiro com as expulsões.

Ele entendeu que só é tão provocado e sofre tantos pontapés porque é um jogador que desequilibra.

Treinadores mandam fazer rodízio de pontapés nele, uma vergonha.

Não é fácil suportar.

Psicólogo não funciona porque o Kléber é tão desconfiado que ele leva anos para confiar em alguém.

Eu sou muito amigo dele, me considero um irmão mais velho.

Tanto que o próprio Zezé Perrella me pediu para conversar com ele antes da partida contra o Grêmio.

Depois da preleção fiquei falando com ele, o conscientizando da importância do jogo para ele.

E deu certo.

Só que eu tenho de dizer que antes de toda partida importante para o Kléber, minha mãe vai rezar para Santo Expedito e pedir por ele.

É bom ter essa proteção a mais.

O Kléber será vendido pelo Cruzeiro se o time perder a Libertadores?

Se vencer também poderá sair?

O Kléber vale hoje 15 milhões de euros, de acordo com Zezé Perrella.

Mas eu não quero que ele saia agora do Brasil.

Eu tenho certeza que o Cruzeiro será campeão da Libertadores.

Mesmo se não for, é melhor para a carreira do Kléber ficar aqui.

E lutar de verdade por uma vaga na Seleção Brasileira.

Ele é uma mistura de Nilmar com Luís Fabiano.

Acredito que o Dunga vai se convencer que há sim um lugar para ele na Copa do Mundo.

Disputando a Copa, o Kléber irá se valorizar demais.

Ele tem de acreditar nisso

O Zezé Perrella também está disposto a correr o risco e segurá-lo.

Ele é um craque e tem passaporte italiano.

Tem mercado fácil.

Do Cruzeiro, o Kléber só sai para uma equipe grande, forte da Europa.

Isso eu garanto.

E o melhor: está tendo todo carinho da torcida cruzeirense.

É disso que ele precisa.

O Kléber esquece as provocações dentro do campo?

Não esquece, não.

Eu estou tentando fazer com que se acalme, mas ainda está duro.

No campo pelo menos não está sendo expulso.

Mas, fora ele às vezes me surpreende.

Vou contar um caso.

Jogaram Palmeiras e São Paulo.

Ele foi xingado e ameaçado o tempo todo pelo Zé Luís.

O Kléber se segurou.

Fomos jantar em um restaurante fino de São Paulo.

E encontramos o Zé Luís.

O Kléber foi para perto dele e falou:

“Me xinga agora, me xinga agora”.

O Zé Luís ficou todo intimidado e respondeu.

“Kléber, o que acontece no campo é para ficar lá.”

O Kléber respondeu.

“Para mim, não.”

Só com muito custo eu consegui que ele se acalmasse.

O Kléber tem um gênio forte, que não leva desaforo para casa.

Mas é um jogador brilhante.

Que está aprendendo a se controlar.

Já entendeu que desperdiçou tempo demais na carreira com as expulsões.

E, graças a Deus, está cansando de brigar…”


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