Foto: @Atletico
Um comentário e uma cobrança aqui no blog, na postagem anterior, me motivaram a voltar ao assunto:
Martens
“O Galo tambem e uma página virada na minha vida, agora sou exAtleticano ex torcedor de futebol !!!”
Márcio Luiz45
“Chico, como seu leitor desde o “Hoje em Dia” como colunista (e desde a “Capital” como repórter), gostaria muito de ler a SUA opinião (na visão de jornalista) sobre tudo isso.
Agradeço desde já.”
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Vamos lá: os empresários que estão assumindo o Atlético são todos muito conhecidos em seus negócios e são atleticanos. Sabem o tamanho da responsabilidade que tomaram para si e sabem também que terão de mostrar no futebol do Atlético, a mesma competência que têm em seus negócios pessoais. O Galo é futebol! O resto é perfumaria.
Em princípio, é estranho mesmo, torcer para uma “empresa”, e entendo o sentimento do atleticano Martens.
Ainda mais no Brasil, onde quase tudo no é na base do “jeitinho”, do “imbondo”.
Na teoria, a criação da Sociedade Anônima do Futebol – SAF – pelo Congresso Nacional, veio para corrigir o absurdo que é, tradicionalmente, a gestão do nosso futebol, desde que se transformou em profissional: uma bandalheira. Clubes, federações e CBF, nenhuma transparência e ninguém sujeito aos ritos da justiça e códigos penal e civil a que qualquer pessoa física ou jurídica está.
Ninguém paga pelos erros administrativos. Nem presidente, nem diretor, nem ninguém. Prestações de contas, na maioria absoluta dos casos, são para “inglês ver”. Os conselhos fiscais são formados por amigos, conselhos deliberatios servem para eleger e reeleger ou não diretorias e para constar nos estatutos que existem.
O Mestre Kafunga dizia que um dirigente quando assumia, dizia que o dinheiro do clube ficaria num bolso e o dinheiro pessoal dele ficaria em outro. Passado algum tempo, o sujeito não sabia mais em qual estava o dinheiro de um e de outro. Ou seja: nenhum controle, honesta ou desonestamente.
Ao se transformar em empresa, teoricamente, o clube passa a se submeter à legislação federal que as regula, inclusive quanto à prestação de contas e fiscalização.
O problema é a forma e velocidade de como estes clubes centenários, de marcas e patrimônios incalculáveis estão sendo entregues a novos “donos’.
Como é tudo muito recente, só com o tempo para dizer se no Brasil isso vai funcionar ou se apenas vamos continuar tapando o sol com a peneira, varrendo a sujeira para debaixo do tapete.
A transformação do Cruzeiro foi rápida demais. O clube foi entregue ao Ronaldo por um valor incrivelmente baixo. Quase toda a imprensa embarcou naquela do “se não virar SAF, vai fechar”, e fez a cabeça da maioria da torcida. Ai de quem fizesse qualquer observação crítica!
A verdade é que não fecharia coisa nenhuma, porém, como estava na Série B e na mão de dirigentes incompetentes, o nome do Ronaldo surgiu como pedra da salvação, o “salvador da pátria”, e fim de papo.
O Botafogo começou mal dentro de campo, debaixo de muitas críticas, cobranças e desconfianças, sob um dono norte-americano. Mas este ano está surpreendendo a todo mundo, líder disparado do Brasileiro, contra todas as perspectivas. Ninguém tem bola de cristal para dizer com certeza sobre a sequência. Nem teria dado tempo para os efeitos de uma SAF operar este “milagre”. Se for campeão, a transformação será exaltada ao extremo. Se não for, muita gente dirá que foi “fogo de palha”.
No caso do Atlético, situação parecida. Como se endividou de forma absurda nos últimos anos, entrou nessa de que “só a SAF salva”. Entendo que antes, deveria ter havido um esclarecimento melhor desse endividamento e os responsáveis por cada erro que levou a isso. Além de avaliação melhor de quanto valem as marcas Atlético e Galo.
Mas o trator foi passado e não adianta mais ficar aqui fazendo previsões e o que deveria ou não ter sido feito. É torcer para que os donos contratem gente que entenda de futebol e montem times que justifiquem a existência do Clube Atlético Mineiro, que é disputar tudo na parte de cima da tabela.
Começando pelas categorias de base. Não pode o time sub-17, tomar de 7 a 1 do Corinthians no Campeonato Brasileiro, como o ocorrido quarta-feira. É da base que se espera o surgimento de jogadores que mantenham o Galo entre os maiores do país, dentro e fora de campo.
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