Neste caso, quando se escreve “diretoria”, leia-se Sérgio Sette Câmara, pois a decisão final é dele, porque em caso de insucesso o porrete da torcida e imprensa desce é no lombo dele, o comandante maior. Com a devida recíproca: se der certo, o presidente será exaltado e se candidata a entrar para a galeria dos grandes dirigentes da história secular do clube.
A imprensa vive de modismos. Por causa do sucesso do Fábio Carille em 2017, o “pangaré que virou alazão”. Está na moda midiática falar em apostas como essa, com citações ao treinador do Corinthians, ao ainda emergente Jair Ventura Filho, que fez bom trabalho no Botafogo e outros menos famosos. Sou nascido nos anos 1960 e tenho na memória três exemplos de apostas do Atlético desse tipo. Duas de sucesso e uma de fracasso: sem dinheiro para nada, em 1974 o comandante dos juniores, Barbatana, foi efetivado no time profissional. Apostou na meninada que ele já conhecia e a diretoria buscou alguns “bons e baratos” no interior de Minas e São Paulo. Daí surgiu um dos melhores times do futebol brasileiro, comparado à seleção de 1982, que jogava o futebol mais bonito e moderno, mas não foi campeão. Perdeu nos pênaltis a final para o São Paulo, no Mineirão, invicto, 11 pontos à frente na primeira fase do Brasileiro.
Vinte anos depois, depois do fracasso da “Selegalo”, o jeito foi apostar em um até então desconhecido Levir Culpi. O paranaense de personalidade que pegou o time na “repescagem” do campeonato (uma fórmula que dava oportunidade aos eliminados na primeira fase de ainda chegarem à decisão do Brasileiro), e o levou à semifinal contra o Corinthians. Eliminado no Morumbi, gol de falta do lateral Branco, num frango do goleiro Humberto.
Dois anos antes disso, uma aposta fracassada: Arthur Bernardes, carioca que veio para comandar o júnior, indicado por Jair Pereira que dirigia o time principal e foi para o futebol árabe pouco tempo depois. Efetivado no lugar do Jair, Bernardes não estava preparado para a missão e com ele o Galo entrou numa enorme crise.
Os companheiros jornalistas e radialistas mais rodados lembram do melhor exemplo de sucesso de todos: Telê Santana, que foi buscado nos juniores do Fluminense para se tornar campeão brasileiro com o Galo em 1971.
Para mim o Atlético está agindo certo com o Thiago Larghi, 37 anos de idade, estudioso, de personalidade, discreto e frio. Não se empolga com os elogios depois das vitórias convincentes do time porque sabe que as críticas e vaias vêm em proporção maior em caso de uma única derrota em consequência de erro numa escalação. Ciente que só vitórias ou perspectivas de melhoras garantem qualquer treinador no cargo de qualquer clube.
Nas entrevistas de ontem foi perguntado sobre as brincadeiras nas redes sociais em torno do seu nome e do técnico Pep Guardiola, “Larghiola”:
“Claro que vi. Cheguei a receber algumas. Acho bem gratificante o reconhecimento do trabalho, mas os dois pés estão bem ficados no chão e temos uma caminhada longa pela frente”, afirmou Larghi, que, apesar de aberto às brincadeiras, ainda se mantém sempre sério. “As pessoas que estão ao meu redor falam que sou um pouco sério. Talvez eu seja, tento levar tudo na seriedade”, disse ao jornal O Tempo.
Pode dar certo sim. Está sendo observado em todos os detalhes pela diretoria e pessoas do circulo do presidente Sette Câmara, a quem caberá bater o martelo. A sequência do Campeonato Mineiro e Copa do Brasil são fundamentais para isso, de olho no calendário, porque também há o risco de ter de buscar outro com o Brasileiro começando.
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