O desequilíbrio financeiro entre os maiores clubes brasileiros, que proporciona ataques como o Flamengo tem feito aos melhores jogadores dos concorrentes é o tema da coluna do Fernando Rocha, que vai circular no Diário do Aço, de Ipatinga:
* “Nova Espanha”
Um estudo realizado pelo jornalista Rodrigo Capelo, publicado no jornal “O Globo”, revela alguns dados interessantes, que mostram a disparidade econômica hoje existente entre alguns dos principais clubes brasileiros.
Os números chamam a atenção para um problema, que vem sendo debatido nos bastidores por dirigentes de clubes, sobretudo fora do eixo Rio-SP, mas não ganhou ainda o espaço devido na grande mídia nacional.
Trata-se da chamada “espanholização” do futebol nacional, onde por conta da disparidade financeira, apenas dois, no máximo três ou quatro clubes, estariam caminhando para dominar em breve totalmente o cenário das principais competições, revezando-se na conquista dos títulos e tornando os demais competidores em meros coadjuvantes.
Diferença brutal
Segundo o estudo feito pelo jornalista carioca, o Flamengo, em 2003, arrecadava 50% a mais do que o seu rival Vasco da Gama, saltando suas receitas em 2017 para 210% superiores ao clube cruzmaltino.
Há 15 anos atrás, o Flamengo, clube de maior torcida e maior visibilidade na mídia do país, arrecadou 70% a mais do que outro rival carioca e também gigante, Fluminense, e só na última temporada teve ingressos vendidos 160% maiores do que o adversário.
Em São Paulo, o Palmeiras que arrecadou metade do Santos, em 2003, no ano de 2017 teve receitas 80% maiores, superando também todos os demais rivais no seu estado.
Isto explica claramente porque o rubronegro carioca e o alviverde paulista investem tanto últimamente na contratação e pagamento de salários aos jogadores,- por exemplo as recentes investidas do Flamengo para tirar Dedé e Arrascaeta do Cruzeiro -, tornando-se protagonistas em praticamente todas as competições que disputam.
FECHA O PANO
- Atlético e Cruzeiro arrecadam hoje muito abaixo do que podem em relação ao tamanho e à capacidade de mobilização de suas torcidas, seja na venda de patrocínios e propriedades comerciais, bilheteria, bem como programas de sócio-torcedor. Apesar de todos os esforços e avanços obtidos nos últimos anos, ainda é abissal a diferença nesse quesito em relação aos chamados “grandes” do eixo Rio/SP, sobretudo Flamengo e Palmeiras.
- Mas é na divisão das cotas de TV, a maior receita atualmente dos nossos clubes, que se situa o maior gargalo desigual e prejudicial aos clubes de fora do eixo Rio-SP. A situação do Atlético é ainda muito pior em relação ao rival Cruzeiro, pois arrecada muito menos com bilheteria por insistir em jogar no acanhado Estádio Independência, uma casa muito pequena para o tamanho da sua torcida.
- Apesar de tudo isso temos de reconhecer os esforços e a competência das diretorias de Atlético e Cr4uzeiro, os nossos dois “grandes” aqui nestes grotões, por ainda conseguirem disputar as competições de igual para igual com os gigantes do eixo Rio-SP, e conquistar títulos, como é o caso do Cruzeiro, que se sagrou bicampeão da Copa do Brasil consecutivamente em 2017/2018.
- Acabam ajudando a tornar o Brasil um dos poucos países do mundo, onde existe uma quantidade de clubes, cujo peso e torcida mesmo sendo menor, aspirem sempre um lugar de destaque nas competições nacionais e internacionais que disputam. Até quando isso vai durar? Não sabemos. É de fato uma grande incógnita.
- Podemos apenas vaticinar ou pitaquear, pois do jeito que as coisas vão caminhando, no que tange à disparidade econômica entre os chamados “grandes”, nesta velocidade muito acima do normal, mais dia menos dia, uma nova Espanha tende a surgir no nosso futebol, só que com uma qualidade técnica bastante inferior à original. (Fecha o pano!)
- * Por Fernando Rocha
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