Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro
Fábio nunca foi unanimidade, como insistem dizer alguns jornalistas. O diamantinense Rafael Timão, conhecido engenheiro e músico da banda Batcaverna, me dizia ano passado que o irmão dele dizia, antes do rebaixamento, que o Cruzeiro nunca melhoraria enquanto o Fábio estivesse lá, no que ele passou a concordar, quando o clube caiu. Sob o argumento de que, com tanto tempo de casa, o sujeito vira meio “dono”, “ xerife”, interferindo direta ou indiretamente em tudo relativo ao grupo e até nas escalações. Também penso assim, em qualquer time.
Aqui no blog, volta e meia um cruzeirense aparecia para criticar essa longevidade do Fábio. O mais ferrenho é o Alisson Sol, que mora nos Estados Unidos, mas acompanha atentamente o que se passa no futebol brasileiro, principalmente no Cruzeiro.
No post em que eu critiquei a falta de cortesia do diretor Paulo André, que nem cumprimentou o goleiro no dia da degola dele, o Alisson discordou:
“Não estou entendendo mais nada. Querem “profissionalismo”. Mas desde quando alguém que é dirigente de um clube tem que ficar adentrando “salas ao lado” para cumprimentar quem lá está? Talvez o Paulo André sequer soubesse que ele estava na “sala ao lado”. Quantas vezes alguém me disse horas ou até dias depois de uma reunião que alguém que conheci visitou “a sala ao lado”. Eu tenho mais o que fazer e trabalho de fone de ouvido para não ficar escutando conversa “da sala ao lado”!
Até agora, tudo que tentaram apontar de “falta de profissionalismo” na nova administração é mero despeito. Nem tenho a ilusão de que isto vá durar. Se o Benecy não sair logo, aí a coisa toda fica muito suspeita…”
Sobre a história recente do Fábio no Cruzeiro e a saída dele, o Alisson Sol foi mais duro ainda em sua argumentação:
“O Brasil não é um país para amadores…
As pessoas contratam uma empregada doméstica por aproximadamente mil reais. Um prato quebrado e a pessoa é chamada de descuidada. Às vezes pensam em “descontar do salário”. Às vezes até demitem. Chegam a um posto médico e querem furar fila, e se alguém reclama, ofendem funcionários públicos ganhando um ou dois salários mínimos. Alguns até contam a estória depois com orgulho: “Resolvi o problema! Quem este sujeito estava pensando que é!“.?
Uma administração de clube de futebol faz um estranho contrato com um goleiro por um valor de mais de 500 salários mínimos. O goleiro tem um desempenho medíocre. Chamado de “líder” dentro e fora de campo, deixa panelinhas de jogadores literalmente entregarem jogos. Pensavam que depois iriam facilmente recuperar os pontos quando os inflados salários e premiações atrasadas fossem pagos. O clube é rebaixado. O jogador faz um “sacrifício” junto com seu agente: ao invés de 500 vezes o salário-mínimo, aceita receber apenas 250 vezes! Provavelmente, há outros “acordos” por fora. No Brasil, vários jogadores e técnicos recebem parte do passe de promessas do clube nestes acordos. Até preferem assim, pois fica mais fácil levar o dinheiro para um paraíso fiscal em uma venda internacional. Tem técnico aí com participação em metade do time. E a torcida sem “entender” (ou querer ver) porque tem jogador que é escalado não importa a forma física ou técnica.
Voltando à vaca fria: para a empregada doméstica, para o porteiro do prédio, para o lixeiro, para o policial, para o atendente do posto médico, e para o funcionário do estádio, nenhuma homenagem. Para um goleiro que já recebeu mensalmente mais que o salário de todos somados, além de vários outros benefícios, querem homenagens, que o agente decida valor e tempo de contrato, etc. Não é o futebol brasileiro que está falido. É a decência!”
Alisson Sol
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