É comum torcedores dizerem que o treinador fulano de tal “é bom, mas não ganha títulos importantes”. Uma grande bobagem.
Pior que isso é quando ouvimos alguém da imprensa cometer uma heresia dessas.
As crendices populares são herança do Brasil colonial, que ficaram e ganharam penduricalhos que se estenderam ao futebol. Da “mula sem cabeça” chegamos à expressão “pé frio”, tão comumente usada no futebol. Em Belo Horizonte tem gente acredita até na “Loura do Bonfim”, aquela história de que uma loura costuma passear nas madrugadas, pelada, montada num cavalo na região do cemitério do Bonfim.
Nem sei o resultado da final da Libertadores da América, já que escrevi este post antes do jogo, mas o Celso Roth é o foco das atenções. Dos treinadores mais famosos do país atualmente, é o que mais sofre com essa pecha, de chegar perto e perder na hora decisiva.
Tenho ouvido essa bobagem em relação ao Cuca, que pela primeira vez trabalha no futebol mineiro e tem se mostrado ótimo treinador. Coerente em suas posições e de um curriculum dentre os melhores da nova safra dos técnicos de prestígio do país.
Perder ou ganhar uma final de Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores da América e Mundial depende de uma série de fatores. Dos atletas principalmente, e é uma covardia o que se faz com profissionais que chegam perto e não a conquistam.
Tudo é questão de momento, tempo, e a maioria acaba chegando lá, calando a boca de quem os rotula com conceitos pejorativos. Mas não demora e um outro técnico passa a sofrer a mesma injustiça. Isso não tem fim!
Mania
O melhor exemplo dessa situação foi Telê Santana. Em 1988, menos de um ano depois de ter comandado a seleção brasileira na Copa do México, e eliminado nos pênaltis pela França, ele comandava o Atlético na final do Campeonato Mineiro contra o Cruzeiro. Numa programa em rede nacional da Bandeirantes, perguntaram ao comentarista Flávio Prado: quem ganha essa final?
Troco
Prado respondeu, na bucha: “O Cruzeiro, porque do outro lado está o Telê, pé frio!”. O Atlético foi campeão, e Telê desabafou na mesma rede, logo depois do jogo. Algum tempo depois ele assumiria o São Paulo e daria ao clube os maiores títulos da sua história, como Libertadores da América e Mundial Interclubes.
Motivo
Há histórias que ficam longe do público porque só mais tarde são descobertas pela imprensa e nenhum envolvido tem coragem de confessar publicamente. Em 1985, o Atlético tinha um time muito melhor que o Coritiba, com quem decidiria a vaga na final do Brasileiro, em dois jogos; o segundo no Mineirão.
No copo
Ninguém duvidava que o Galo venceria em BH e se classificaria para decidir o título contra o Bangu. Mas, além de bom de bola o time era também bom de copo, e mais da metade caiu na farra, na despedida do centroavante Bira Burro, na sexta feira, varando toda a madrugada. No sábado, concentração, no domingo, andaram em campo e o placar foi 0 x 0.
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