Não vou entrar no mérito de uma briga de vizinhos a qual não conheço, não tenho maiores detalhes e que não me interessa. Mas como cidadão, que acompanha o dia a dia do que se passa em minha volta, assustei-me o com o tratamento dado a essa briga entre o Reinaldo e o advogado seu vizinho de condomínio.
Meus colegas de imprensa preferiram a situação mais cômoda e interessante mercadologicamente ao destacar em manchetes que o “ídolo atleticano” se envolveu em “mais uma confusão”.
Ora, ora! Reinaldo não é jogador de futebol há muitos anos, mas seu nome continua movimentando o interesse de multidões, e consequentemente, vende!
Na primeira reportagem que li sobre o assunto, o nome do advogado nem foi citado, mas fotos grandes do Reinaldo foram exibidas e seu nome em letras garrafais, chamando a atenção até de quem não se liga em futebol.
Neste mundo globalizado onde vivemos, onde o dinheiro, o lucro e o ganho fácil vêm em primeiro lugar para a maioria das pessoas, o ser humano nada vale. Importa é o que ele pode dar de retorno financeiro, seja do jeito que for.
Quando vim da Rádio Cultura de Sete Lagoas para a Rádio Capital, cobri o América por três meses e depois me mandaram para a cobertura do Atlético que tinha um dos melhores times do Brasil na época. Reinaldo era a principal estrela; um Neymar da época. Comparado com as feras de então como Zico, Maradona e outros menos conhecidos.
Mas quem convivia com ele não acreditava que aquele sujeito simples, boa prosa e aberto a qualquer pessoa, da mais humilde à mais poderosa, era o “Rei” do Galo.
Vi o Reinaldo praticando gestos de extrema bondade a pessoas que realmente precisavam, que ele nunca tinha visto e pedia a nós da imprensa que não divulgássemos.
Nunca pediu o tratamento de estrela que sempre teve; nunca se considerou “intelectual” como poetas e artistas famosos da época o classificavam; jamais vi uma postura arrogante dele com quer que fosse.
Quando, aos 28 anos, disse que pararia com o futebol, nós que cobríamos o Atlético, o questionamos, já que ainda tinha muito a exibir, e ele respondeu sem pestanejar: “Não aguento mais essa vida no departamento médico; fisioterapia todo dia; concentração, remédios que dão efeitos colaterais…”.
Enfim, a vida dele era um calvário.
Naqueles tempos jogador de futebol não ganhava nada em relação às fortunas que são pagas hoje pelos clubes e empresários. Reinaldo insistiu mais um pouco, passou pelo Palmeiras e cometeu seu “crime” maior de jogar alguns minutos pelo Cruzeiro.
Fato que seria normal se ele não representasse tanto para os atleticanos como representava.
Antes do 30 ele já tinha se retirado dos gramados, mas o prestígio continuou.
Tudo que o Rei falava, fazia, fala e faz, continuava repercutindo e repercute.
Aproveitou o embalo do prestígio, entrou para a política, tornou-se deputado e vereador.
Teve revezes pessoais, profissionais e continuou cidadão, correto, honesto e batalhador pela vida.
Paga, como qualquer um de nós, pelo que faz de errado, porém, com a pena agravada pelo fato de ser o Reinaldo.
Seu nome vira manchete porque vende jornais, revistas, aumenta a audiência das TVs, rádios e chama a atenção no Google, estourando também nos acessos à internet.
O que ele tem a dizer em sua defesa ganha espaço ínfimo, mas isso não importa à imprensa, pois o objetivo primeiro já foi alcançado: repercussão!
Quando estava no auge, Reinaldo sempre respeitou a imprensa e a tratou com dignidade. Deveria merecer reciprocidade agora como cidadão!
Pelo menos um espaço justo para apresentar a sua versão!
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