Amigos,
este é o Editorial do nosso jornal Sete Dias, que circula hoje, em Sete Lagoas e região.
Para quem quiser conhecer melhor essa história do leilão da Arena do Jacaré, um pouco sobre Sete Lagoas e como funcionam as coisas em Minas e no Brasil:
“Leilão da Arena do Jacaré”
O título deste Editorial também poderia ser: “decadência de uma sociedade”, ou “cidade e pessoas que já não existem”, mas fomos direto ao assunto do momento que é a situação na qual se encontra o Democrata, que outrora era conhecido com o o clube da “aristocracia de Sete Lagoas”, que hoje também inexiste.
Todo clube de futebol do Brasil tem alternância de poder com distintas formas de se administrar. Determinados dirigentes agem dentro das possibilidades da instituição; outros, movidos pela vaidade ou interesses políticos, gastam o que não têm e comprometem o futuro da entidade, porque um dia essas dívidas serão cobradas, com juros e correção.
Clubes grandes, como o Atlético, Cruzeiro, Flamengo, Corinthians, e tantos outros, têm aonde recorrer, para não perder seu patrimônio. A força das suas torcidas intimida políticos e empresários que não querem comprar brigas desse porte. Cada clube desses tem torcedores e defensores poderosos em todas as instâncias de poder, inclusive no judiciário. Processos param ou somem e são tantos recursos, que credores fazem acordos inacreditavelmente bons para o devedor ou simplesmente perdoam as dívidas.
Quando a coisa aperta mais, recorrem à rede Globo e antecipam cotas de direitos de televisionamento, que aliviam os eventuais sufocos, ou, vão aos governos estaduais e federais e exigem o patrocínio de uma estatal ou a invenção de leis que praticamente quitam as dívidas, como é o caso da Loteria Timemania.
O América não tem uma grande torcida, mas tem força política semelhante ou até maior que Atlético e Cruzeiro. Tanto que os dois, mesmo tendo as maiores torcidas do estado, vão pagar caro para jogar no Independência, cuja reforma estava orçada inicialmente em 25 milhões, e hoje beira os R$ 160 milhões, bancados por todos nós que pagamos impostos.
Mas o América tem deputados estaduais, federais, teve até recentemente governador, senador e alguns dos nomes mais importantes do judiciário e da economia de Minas e do Brasil nos seus quadros de associados e dirigentes. Quando o clube caiu para a segunda divisão mineira, até a prefeitura de Belo Horizonte o socorreu com várias formas de patrocínio!
Para que tenham uma ideia o Sicepot, o poderoso sindicato da construção pesada, que reúne as maiores empreiteiras de Minas, é presidido por um americano que sucedeu ao atual principal comandante do América, que é o Marcus Salum.
Já o Democrata tem tradição dos tempos em que Sete Lagoas era forte na política e na economia do estado, até os anos 1970.
De lá para cá só vivemos decadência nessas áreas, com grandes empresas fechando, famílias tradicionais quebrando e as lideranças políticas e empresariais se apequenando.
A esperança é que, atraídos pela posição geográfica, grandes grupos econômicos nacionais e multinacionais estão aportando por aqui, trazendo consigo mentalidade moderna.
É o que pode salvar o Democrata, cuja atual diretoria faz o que sempre deveria ser feito: aposta em escolinhas e categorias de base para que em pouco tempo tenha condições de se sustentar.
Enquanto isso luta para sobreviver e conseguir manter o seu patrimônio.
* http://www.setedias.com.br/index.php?subMod=editorial&Conteudo=noticias&c=editorial&Codigo=86
Foto: http://horizontebelo4.blogspot.com/2009/04/lindissima-lagoa-paulino-sete-lagoas.html
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