Senhoras e senhoras, vejam que bela e triste história narrada pelo Jotapê Saraiva, grande americano, que conta uma passagem da vida de Juca Show, um dos grandes meio campistas que o nosso futebol já viu.

Extraido do blog do Jotapê, “Mundo do Coelhão”

Para todo cidadão refletir sobre a vida:

* “O ídolo que se enxergava como fã” 

Ano de 2008, o América disputava o fatídico Módulo II do Campeonato Mineiro (real segunda divisão de Minas).

Chegava em Santa Luzia-MG, para ver mais um jogo daquele campeonato tão inexpressivo, mas ao mesmo tempo tão especial.

É, tem como ser as duas coisas ao mesmo tempo: Inexpressivo por que era de fraquíssimo nível técnico, e especial por que mostrava que, mesmo em um torneio tão abaixo do nível do América, a torcida não o abandonava, os poucos, mas fiéis, sempre estavam ali, mesmo que para esbravejar.

O jogo era contra o União Luziense, time novo da cidade. Ao redor do estádio, torcedores americanos, moradores da cidade empolgados com o inédito evento naquele modesto “estádio”: um jogo profissional do América.

Entre os torcedores do América, uma figura, um ícone, uma lenda: o ex-jogador (craque!) e eterno torcedor americano, Juca Show.

Avistei o Juca de longe, e algo me chamou atenção: a camisa oficial do América que ele estava usando. O motivo do estranhamento? Juca não tinha condições boas de vida, morava humildemente em um bairro de periferia de Belo Horizonte e não teria condições de comprar uma camisa oficial (que não custa tão barato).

Até aí, tudo bem. Pensei com quase certeza: “É um presente de alguém”. E realmente era. Presente de vários torcedores americanos ao craque! Cheguei mais próximo de Juca, e verifiquei algo ainda mais interessante: A camisa estava toda autografada. O detalhe disso tudo? Não eram autógrafos de jogadores, mas sim dos torcedores que fizeram vaquinha para dar o presente ao ídolo.

Juca Show, invertendo a lógica das coisas, em vez de autografar camisas para os torcedores, pedia autógrafo para aqueles americanos que lhe davam tanto valor e reconhecimento.

Este ato de humildade, de consideração, de respeito, jamais me saiu da cabeça. Este foi o dia em que vi um ídolo se colocar no lugar dos seus fãs, mostrando a eles que o mais importante na vida de uma personalidade é ela entender que, acima de tudo, ela só é o que é por conta daqueles que lhe admiram, que lhe dão valor, que lhe pedem uma foto, um autógrafo, ou algo assim.

Juca Show faleceu no último dia de 2011, mas tenho certeza de que ele nunca sairá da mente de todos que o conheceram, não apenas o craque de bola que foi na década de 1970, mas também o ser humano José Aparecido da Conceição.

Quem tiver mais histórias e quiser vê-las publicadas aqui, na sessão “Histórias de Torcedor”, é só enviar para mundodocoelhao@mundodocoelhao.com!

* http://mundodocoelhao.com/?p=3028 

* O blog Mundo do Coelhão, que é administrado pelo Jotapê, funciona como um acervo digital do América Mineiro, no qual os torcedores terão acesso à imagens, vídeos, áudio, textos e tudo mais que tiver relação com o Decacampeão!