Blog do Chico Maia

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Crônicas de tragédias anunciadas em nosso dia a dia

Para quem vive aqui e dirige aqui, nenhuma novidade essa lamentável notícia destacada pelo Estado de Minas hoje:

“Minas lidera lista de mortes no trânsito”

E por mais a imprensa dê destaque, a situação só piora. O primeiro fator: falta de educação e civilidade da maioria absoluta dos motoristas; depois a falta de fiscalização adequada e em seguida a impunidade.

Evidente que a qualidade das estradas e vias públicas está entre os primeiros fatores, porém, se sabemos que é assim, porque não dirigir com mais racionalidade e educação?

Há alguns péssimos exemplos que se destacam: pais e mães de alunos que deixam seus filhos nas escolas cometendo todo tipo de irregularidade, criando novos infratores ao darem a impressão que estão certos ao parar em fila dupla, tripla, estacionar sobre calçadas e por aí vai; vans e ônibus de transporte escolar, que além da velocidade abusiva, cometem infrações de toda ordem e ainda xingam quem reclama com eles.

Aí vêm motociclistas, taxistas, caminhoneiros, motoristas de ônibus. Há automóveis e outros veículos caindo aos pedaços, sem farol e outros equipamentos que transitam normalmente nas estradas e cidades, sem ser incomodados por polícia nenhuma.

A preocupação das blitzens é saber se o IPVA e outros impostos estão pagos, em dia; se não estiver, veículo apreendido e tome mais multas.

Ou seja: vivemos em um mato sem cachorro, cheios de cães e cadelas danados ao volante.

E só em Belo Horizonte o Detran emplaca 700 novos carros por dia. Dá para agüentar?

É a mesma coisa em relação à ocupação exagerada e maluca dos espaços físicos da capital. Controem prédios de todos os tamanhos nas serras e encostas; mudam a lei (em troca de muita grana por baixo do pano) para alterar o zoneamento e permitir mais obras.

Aí dá isso de todo período de chuvas: inundações, destruição e mortes.

Uma cidade planejada para ter 300 mil habitantes, já perto de 3 milhões. Querem o quê?

Duas semanas atrás um motorista dirigia a 120 Km/h naquela avenida perto da Toca da Raposa I, onde as placas informam que a velocidade máxima é 60 Km/h. E chovia muito na hora. O sujeito caiu dentro do rio e morreu.

Os noticiários informam que “o motorista perdeu o controle do veículo”.

Uai, e o desrespeito à lei? Como fica? Se estivesse em velocidade compatível, perderia o controle?

E depois das tragédias anunciadas o sensacionalismo do nosso meio jornalístico fica perguntando de quem é a culpa, e porque não feito isso e aquilo!

E vamos que vamos!

A notícia do Estado de Minas sobre o trânsito:

* “ Estado lidera triste estatística de mortes no trânsito na Região Sudeste. Desastres fatais envolvendo motociclistas equivalem 20,7% dos casos”

EMFoto: Pedro Ferreira

Em 10 anos, Minas Gerais registrou o maior avanço percentual na mortalidade por acidentes de trânsito da Região Sudeste. O aumento chega a 80%, comparando os anos de 2000 e 2010. Os dados são do Mapa da Violência 2012, elabordo pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz e divulgado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela). A pesquisa é baseada em dados colhidos pelo Ministério da Saúde. O Espírito Santo ocupa a segunda posição entre os estados do Sudeste, com aumento de 35,1%, seguido por São Paulo, com 16,2%. No Rio de Janeiro, onde a fiscalização da Lei Seca (em vigor desde julho de 2008) é mais rigorosa, houve redução de 11,6% nos óbitos. Se computados somente os números de 2010, Minas, que tem a maior malha rodoviária do país, liderou também no número de mortes, com 1.930 casos (dados preliminares), seguido por São Paulo (1.735).

Nas taxas de óbitos (em 100 mil habitantes) por acidentes e por categoria de veículos, Minas também tem o segundo pior índice do Sudeste, com 20,6 mortes, atrás do Espírito Santo (32,1) e acima de São Paulo (16,8%) e Rio de Janeiro (14,4). Do total de mortes no estado, 20,7% envolviam motocicletas.

Ao considerar a taxa de mortes para cada 100 mil habitantes no ordenamento das capitais, a situação de Belo Horizonte melhorou em 2010 em relação a 2000. Há 12 anos, BH registrava 20,7 mortes e ocupava o 18º lugar no ranking. Em 2010, taxa caiu para 15,5, valendo a 22ª posição.

Além das capitais, foram apontados os municípios com mais de 15 mil habitantes com as maiores taxas de mortes no trânsito em 2010 (por 100 mil habitantes). Entre os 10 primeiros, Prata, no Triângulo Mineiro, ocupa a nona posição nacional. A cidade tem 25.592 habitantes e 9.105 veículos (4.496 deles, automóveis). Lá foram registradas 30 mortes – taxa de 116,3. Francisco Sá, no Norte de Minas, com 26 mortes, está no 11º posto.

O levantamento constatou que no Brasil as motos foram as principais responsáveis pelo crescimento da mortalidade nas vias públicas. Dois terços (66,6%) das vítimas de trânsito em 2010 foram pedestres, ciclistas e/ou motociclistas. “Mas há significativas quedas na mortalidade de pedestres, manutenção das taxas de ocupantes de automóveis, e leves incrementos nas mortes de ciclistas”, conclui a pesquisa.

Ainda de acordo com o levantamento, entre 1996 e 2010 foram registradas mais de 500 mil mortes em acidentes de trânsito no Brasil. O estudo conclui que nos anos finais da década de 1990 houve desaceleração na evolução da mortalidade. Até 1997, houve aumento significativo no número de mortes. Com o novo Código de Trânsito (de setembro de 1997), as taxas caíram até o ano 2000. “Mas a partir daí é possível observar incrementos, de 4,8% ao ano, fazendo com que os quantitativos retornassem, já em 2005, ao patamar de 1997, para continuar depois crescendo de forma contínua e sistemática”, indica o estudo.

Risco de passar a média de homicídios

Em 2010 houve 40.989 mortes (alta de 41,4% em relação a 2000, com 28.995), com tendência a subir. “A continuar com o ritmo de crescimento dos últimos anos, para 2015 deverão ultrapassar o que era, até pouco tempo atrás, o grande vilão na letalidade nacional: os homicídios. Não é que os homicídios tenham caído. Mantêm-se estáveis, mas num patamar elevado: 50 mil vítimas ao ano, o que equivale a taxa em torno de 26 homicídios para cada 100 mil habitantes. O que está crescendo, de forma muito rápida, são as mortes no trânsito”, conclui a pesquisa.

De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), em 1970 as motos eram 2,4% dos 2,6 milhões de veículos no país – 62.459. “Já em inícios da década analisada, eram 4 milhões (13,6% da frota total). Em 2010, 16,5 milhões, ou 25,5%”, indica o levantamento. Comparando os números de mortes envolvendo motocicletas, em 1996 e 2010, o aumento foi de 846,5%.

Crimes mapeados segundo sexo e cor

A pesquisa constatou ainda que entre 1980 e 2010 foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no Brasil – 43,7 mil só na última década. Parceiros e ex-parceiros são os principais agressores, seguidos dos pais. A violência acorre predominantemente nas residências das vítimas (71,8%). O número de mortes nesse período passou de 1.353 (1980) para 4.465 (2010).

O mapa registrou também a variação de homicídios segundo a cor das vítimas. Segundo o estudo, enquanto o número de mortes de brancos caiu 25,5% no país entre 2002 e 2010, o de negros aumentou 29,8%. Em números absolutos, o total de vítimas negras subiu de 26,9 mil para 34,9 mil, ante uma redução de 18,8 mil para 14 mil nos assassinatos de brancos, no mesmo período. O estudo classifica como negras as vítimas pretas e pardas.

JOVENS  

Entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos, o número de homicídios entre 2000 e 2010 cresceu 82% em Minas, a pior taxa do Sudeste. No Espírito Santo, o índice subiu 49,8%. Houve queda de 37,1% no Rio e de 78,2% em São Paulo. No país, a pior situação é da Bahia, onde o número de assassinatos de menores aumentou 477,3%, seguido pelo Pará (367,4%).

Já a taxa de homicídios de crianças e adolescentes aumentou 16% na década no país. Nas capitais do Sudeste, o maior índice foi registrado em Vitória (65,9%). Belo Horizonte ficou estabilizada, em segundo lugar (0,6%). (Com agências).

* http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/11/30/interna_gerais,333436/minas-lidera-lista-de-mortes-no-transito.shtml#.ULiDRXYmsTE.twitter


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Comentários:
5
  • Resumindo: tudo é questão de educação!

    – O que também “contribui” para essa triste realidade, são alguns pedestres que se aventuram pelas vias, ignorando a segurança que um passeio ou uma faixa de pedestre lhes proporciona.

    – Sejamos coerentes: nós apontamos falhas e defeitos alheios, mas não raras vezes, cometemos excessos que também contribuem para esse resultado ruim! Nessa regra não há exceção, infelizmente!

  • Ricardo Lemos disse:

    Quando se fala em punir infratores, as pessoas ficam indignadas inventando aquela história de indústria da multa, quando, na verdade, elas têm é medo de serem punidas pelos erros que de fato cometem.

    Só que também tem um outro fator: as autoridades que deveriam punir, dão péssimos exemplos. Ou seja, se cometem erros graves, como vão punir alguém?

    Não existe uma delegacia da polícia civil onde você não veja carros parados nas calçadas ou onde não exista reserva de vagas nas ruas para os policias pararem carros particulares (em estacionamentos que deveriam ser rotativos com uso de talão).

    É comum vermos viaturas da polícia militar paradas em pontos de ônibus ou faixas de pedestre, enquanto os policiais estão na padaria recebendo seus “cafezinhos”.

    Estamos neste caos porque não cumprimos regras, não queremos punições para nós que não cumprimos regras e não cobramos de quem deveria fiscalizar mas que também não cumpre as regras porque senão poderá nos dar trabalho.

    É o comportamento de cada pessoa que faz a sociedade onde ela vive.

  • Evandro disse:

    Olá Chico, bom dia! Tristes dados informados em seu post. Falam demais em problemas nas vias, mas o excesso de velocidade é impressionante. Alguns correm se achando “pilotos de fuga” e ficam orgulhosos disso. A influência de filmes e games onde tudo não passa de ficção complica ainda mais o caso, pois tem gente que se acha imune a tudo a seu redor.

    A solução é educação e um sistema que puna com eficiência os infratores, além de se criar um sistema para tirar de vez as latas velhas que andam pelas ruas e rodovias do Brasil, um problema sem solução até hoje. Enquanto na Europa tem o ecoincentivo, no qual o indivíduo que der seu carro velho para a concessionária ganha um bom desconto quanto mais velho e poluente o carro for. Eles são muito mais conscientes e cumpridores da lei do que nós, que estamos engatinhando nesse e em vários outros temas.

    Quanto aos homicídios a situação para se resolver passa pela mesma solução para o trânsito já citada anteriormente. Um dia, quem sabe as coisas saem do papel e acontecem de verdade?

    Um abraço,

  • Renato Silva disse:

    Concordo com quase toda a opinião do Chico. Só discordo quanto a colocar a qualidade das estradas e vias como um dos primeiros fatores.

    Se os buracos e falta de sinalização causam alguns acidentes, são aqueles de menores proporções e de pouca incidência nas estatísticas.

    Os acidentes mais graves e mais frequentes são causados pelos próprios condutores que desrespeitam integralmente a legislação de trânsito e brincam de arriscar, além das próprias vidas, também as dos outros.

    Generalizando, ninguém se preocupa em respeitar limite de velocidade, sinalização de trânsito, sinalização no trânsito e as próprias leis de trânsito.

    Quantos deste blog avançam sinais, param na faixa de pedestre (ou além da faixa de segurança), estacionam em locais proibidos, usam celular enquanto dirigem, param nas calçadas interrompendo trânsito de pedestres, não respeitam prioridade para pedestres nos cruzamentos com a indicação de priorização, andam na contra-mão, fazem conversões proibidas, usam faixa da esquerda como mão de direção, andam em velocidade acima da máxima permitida (ou abaixo da metade da máxima, que também é um erro), usam acostamento (de estradas, ruas ou avenidas) como pista de rolamento, fazem filas duplas ou triplas para deixarem pessoas em locais que desejam, etc.?

    Ter cometido pelo menos uma das infrações de trânsito, ainda que não tenham recebido multas, deve atingir 100% dos frequentadores do blog. E cometer uma ou mais com frequência (repito, ainda que não tenham recebido multas por isto) deve atingir a muito mais que 70% dos frequentadores deste blog.

    Estatisticamente, esta é a nossa realidade. E ainda vamos querer bons governantes? Se não fizermos a nossa parte, continuaremos tendo somente aquilo que merecemos.

  • Stefano Venuto Barbosa disse:

    Outro dia vi um cara falando de trem bala em BH, fiquei pensando, até hoje não resolveram o problema do anel rodoviário, no dia que o trem bala ficar pronto, já inventaram o teletransporte.