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O patrocínio ao futebol e o retorno incerto

A reportagem é da Folha de S. Paulo de ontem, e o assunto entrou numa pauta de negócios mal feitos pela Caixa Econômica Federal.

Começou falando de um pepino com uma empresa de energia e depois entrou no futebol.

Mas abrange o assunto de forma mais ampla, entrando com exemplos da experiência de outras grandes empresas no futebol.

Bem interessante:

* “Caixa Econômica Federal pode ter de assumir a endividada Rede Energia”

Sócio desde 2010, banco ficará com ações do controlador, caso ele não pague R$ 712 milhões

Caixa virou credora após pedido de recuperação do grupo; pagamento tem de ser feito até janeiro

A Caixa Econômica Federal corre o risco de ter de assumir o comando da Rede Energia, hoje sob intervenção da Aneel e com uma dívida de quase R$ 10 bilhões.

O “presente de grego” é decorrente de uma cláusula do contrato assinado pela Caixa quando investiu na empresa.

Dona de oito distribuidoras, a Rede Energia cobre 34% do país e atende 10% da população em seis Estados. Está sob intervenção da Agência Nacional de Energia Elétrica desde agosto deste ano…

…  http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/84022-caixa-economica-federal-pode-ter-de-assumir-a-endividada-rede-energia.shtml

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* “Patrocínio a futebol tem retorno incerto”

 Investimento não tem ganho em dinheiro estimado no Brasil; objetivo é exposição da marca ao público do esporte

Em recorde do país, Caixa paga R$ 30 mi para ter logotipo no peito e nas costas de atletas do Corinthians

A Caixa Econômica Federal assinou no mês passado o maior contrato de patrocínio da história do futebol brasileiro. Por R$ 30 milhões anuais, o banco terá seu logotipo estampado na altura do peito e nas costas da camisa do Corinthians.

O objetivo do banco é expor sua marca em mercados internacionais e, assim, ampliar o número de agências e sua carteira de crédito.

Com o contrato, a instituição financeira assegura que sua marca seja exposta agora no Japão, onde o time da capital paulista disputa hoje a final do Mundial de Clubes, e na América Latina durante o primeiro semestre de 2013, com a disputa da Copa Libertadores da América.

O acordo entre as partes vigora até dezembro de 2013, com preferência de renovação por mais um ano.

“Uma empresa do setor bancário não pode ficar fora do universo do futebol. A competitividade entre os bancos é muito alta”, diz o diretor de marketing e comunicação da Caixa, Clauir Santos.

O retorno proporcionado em experiências anteriores (a Caixa patrocina na atual temporada Atlético-PR, Avaí e Figueirense) contribuiu para ampliar a imagem do banco, de acordo com o diretor da instituição financeira.

“A marca tem que ficar na cabeça do consumidor. Sem um encantamento, o cliente escolhe um concorrente”, afirma Santos.

No Brasil, a filosofia da maioria dos patrocínios a clubes de futebol diz respeito a inserções de mídia.

“O patrocinador tem muito mais dinheiro que o time, mas não pode pagar publicidade para tamanha visibilidade como tem o futebol”, diz Amir Somoggi, consultor de marketing e gestão esportiva.

O retorno esperado pelas empresas, segundo o consultor, é o fortalecimento da marca associada à paixão pelo esporte. No mercado brasileiro, especificamente, o retorno financeiro de um patrocinador é incerto.

“O futebol soube explorar esse mercado. Os valores cobrados são altos se comparados à participação dos clubes, que só entregam imagem”, diz Somoggi.

Na mesma linha, o professor de “branding” e marketing esportivo da ESPM Eduardo Muniz diz que renovações de contratos costumam ser polêmicas, pois o patrocinador não sabe o que ganhou. “A mensuração de resultados ainda é muito pequena no país”, diz Muniz. Atualmente, estima-se que os maiores contratos de patrocínio master (peito e costas) estão no futebol paulista. Logo após a Caixa, os maiores valores seriam da Kia Motors (R$ 25 milhões anuais, com o Palmeiras), Semp Toshiba (R$ 23 milhões, São Paulo) e Banco BMG (R$ 20 milhões, Santos).

Os números são estimativas de especialistas. As empresas foram procuradas, mas não revelaram os números, exceto a Caixa.

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INTERATIVIDADE

Especialistas em marketing esportivo concordam ao dizer que patrocínios com base apenas em visibilidade midiática são os mais comuns no futebol brasileiro.

O diretor de marketing da Semp Toshiba, Eduardo Toni, diz que o investimento no São Paulo visa expor mais a empresa nos meios de comunicação.

Além disso, o contrato com o clube prevê que os jogadores participem de campanhas de divulgação da marca e que a empresa utilize camarotes do estádio do Morumbi para encontro com clientes.

“Devemos lançar produtos personalizados e fazer do [jogador] Luís Fabiano nosso embaixador”, diz Toni.

O patrocínio da Caixa ao Corinthians também deve proporcionar atividades entre a empresa e o clube, como cartões de crédito e débito para o sócio-torcedor.

“O esporte tem que ser visto como investimento de médio a longo prazo, e as empresas devem saber se o clube é bem gerenciado”, diz Muniz.

Segundo ele, resultados aquém do esperado, como ser rebaixado de divisão, podem comprometer o desempenho do patrocinador.

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Contratos europeus valorizam mais as marcas

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto no Brasil as relações entre clubes e empresas patrocinadoras dizem respeito a estampar camisas e, assim, diminuir custos com publicidade em mídia, na Europa a história é outra.

Segundo Amir Somoggi, consultor de marketing e gestão esportiva, os times europeus fazem valer mais os investimentos das empresas ao realizarem eventos e atividades com seus patrocinadores.

“Na Europa, há um trabalho de relacionamento de parcerias entre as partes que não é feito no Brasil. Os times de lá, inclusive, conseguem trabalhar a exposição de seus patrocinadores em lugares distintos, com públicos específicos”, afirma Somoggi.

Ele cita o exemplo do Manchester United. “Hoje, o clube tem mais de 2 milhões de torcedores cadastrados em seu site. É muito fácil levar qualquer informação de seus patrocinadores para esse público. Que empresa não gostaria de se associar a esse time?”, diz Somoggi.

Para Eduardo Muniz, professor de “branding” e marketing esportivo da ESPM, ainda falta planejamento das empresas que patrocinam esportes no Brasil. “Numa linha mais geral, os patrocinadores não avaliam os atributos de marcas e proximidade dos clubes”, afirma Muniz.

“O universo do futebol europeu é muito mais organizado do que o sul-americano”, diz o diretor de marketing da Semp Toshiba, Eduardo Toni. “Mas estamos no caminho de melhorar isso no Brasil.”

* http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/84037-patrocinio-a-futebol-tem-retorno-incerto.shtml


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Comentários:
4
  • sergio moreira disse:

    Chico,
    porque os Políticos Mineiros
    não conseguem recursos da CAIXA
    para cá também
    Fica a pergunta
    Por Que?

  • Rafael disse:

    Realmente é ridiculo o gasto de dinheiro pela Caixa Economica Federal, não atende ao proposito, Patrocine Hospitais, Escolas, Transporte Publico, Segurança………. vamos mostrar para o mundo que aqui tudo funciona………… ja não acompanho o esporte como antes. Porque……? Não consigo imaginar de onde sai tanto dinheiro sendo que o basico para o bem estar de pessoas falta………Ta tudo ERRADO…………..

  • Thomaz disse:

    No mundo do futebol profissional, uma atividade privada que paga salários altíssimo e que não tem o menor receio de contrair dívidas, deveria ser expressamente proibido o emprego de dinheiro publico, seja ele de impostos ou lucro de qualquer atividade estatal. O torcedor ama seu clube, mas o eleitor, o cidadão, nunca deve se esquecer de que vive no mundo real, aquele no qual as pessoas precisam de boas escolas, segurança, adoecem e envelhecem. O destaque mundial que a CEF teve no domingo é simplesmente ridículo se observarmos como e para quê a CEF foi criada.

  • Ricardo Lemos disse:

    Será que não se sabe o retorno ou não se quer saber? Já pensaram que alguns investidores do futebol podem usar a exposição gerada para justificar enriquecimentos pessoais?

    É comum vermos empresas que não são grandes expondo suas marcas nas camisas de clubes de futebol. Aí, o clube faz transações milionárias de jogadores através de paraísos fiscais, como o Uruguai, e, coincidentemente, estas empresas têm alguma filial por lá.

    E, como diria Vinícius de Morais “de repente, não mais que de repente”, empresas de fundo de quintal têm sócios ficando milionários da noite para o dia…

    Aí eu pergunto de novo: será que não se sabe o retorno ou não se quer saber?