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O jogo de ida e o jogo de volta: análise azul

Destaco o comentário que recebi através de e-mail, do Alex Augusto de Souza, que, creio, nunca comentou no blog.

Gostei, porque como raramente acontece, é uma análise distanciada da paixão exacerbada que move a maioria de atleticanos e cruzeirenses quando o assunto é o clássico.

Para ser bem sincero, foi o melhor comentário que li sobre o clássico, incluindo os que li e ouvi da imprensa:

* “Olá Chico Maia,

É difícil comentar algo depois de uma derrota de 3 a 0. Ainda assim vou me arriscar a falar algo sobre o CEC com base no que vi só naquela partida (domingo próximo o CEC tem a tarefa de reverter a situação desfavorável. Se sucumbir novamente apenas confirmará que, de fato, o adversário é muito superior):

COMPETITIVIDADE: O CEC ainda joga hoje com esquema superado centrado em dois volantes de contenção (estilo Ademir/Douglas, Fabinho/Ricardinho, Recife/Maldonado). Os times modernos evoluiram e perceberam que é preciso jogar um futebol solidário, numa faixa de 1/3 do gramado, bloqueando com linhas de defensores e meiocampistas as ações do adversário. O CEC perdeu o clássico porque Borges, Dagoberto, Diego Souza e Everton Ribeiro apenas assistiram a correria de Guerreiro e Nilton e da defesa. No CAM observei a todo momento a volta de Ronaldinho, Tardelli e Bernard para compor linha defensiva e não sobrecarregar a defesa e Pierre/Donizete. Se o CEC continuar jogando assim vai ser presa fácil para a maioria dos adversários. Essa história de que craque não precisa correr e marcar é desculpa que não tem mais lugar no futebol. O Messi é o melhor do mundo e ajuda na marcação também. Muitos defensores, volantes e goleiros estão queimados porque jogam o tempo todo sobrecarregados por “craques” que não possuem disciplina tática para compreender a força do futebol solidário. O que a linha de frente do CEC fez com Guerreiro/Nilton e a defesa é uma covardia.

POSSE DE BOLA: O CEC não teve força para manter a posse de bola, pois os jogadores de articulação estavam passivos diante da marcação na maioria dos lances em que receberam a bola, lutando contra dois ou três em espaço reduzido. Time que não marca adequadamente passa bola quase sempre no chutão, gerando o ping-pong, pois cada rebatida gerava nova investida do adversário com a jogada dominada. Bernard, Ronaldinho e Tardelli sempre receberam a bola livres, com tempo e espaço para dominar, olhar, calcular o passe.

FALHAS INDIVIDUAIS: O CEC deu dois gols ao CAM em erros absurdos de Everton e Paulão, o que não pode acontecer em partida alguma. É o adversário que deve mostrar força e qualidade, contudo, foi o próprio CEC que facilitou muito as coisas com falhas individuais.

PRESSÃO ADVERSÁRIA: Já vi a Inter de Milão passar um jogo inteiro se defendendo, com uma linha de 4 e uma de 5, e ganhar uma classificação, contudo, alguns jogadores do atual CEC parecem juvenis. É lógico que qualquer time vai ser pressionado em algum momento de um jogo, contudo, ainda não se apresentou no clube o técnico que vai ensinar sob tranquilidade nos momentos de pressão (traduzindo: não adianta chutão, não adianta bola rifada, não adianta violência e abuso de faltas, não adianta dar peitada em árbitro e adversário) . Quando o CEC é acuado, de uns 2 anos para cá, perde facilmente. E mais, não se ensina isso a “cachorro velho”, é trabalho para a base.

CONTRA GOLPES: O CAM jogou muito à vontade quando percebeu que o CEC só teve volume para responder à dinâmica de jogo, levando algum perigo, nos 15 primeiros minutos de cada tempo. Depois foi defesa contra ataque e aí os erros individuais apareceram. Quando um time não se dispõe corretamente em campo, como aconteceu com o CEC, dificilmente se recebe a bola em condição de armar uma jogada de qualidade que intimide os avanços do adversário. Defender bem é uma condição importantíssima; atacar bem é outra. O CEC não fez nenhuma das duas coisas. Uma ou duas respostas ”agudas” costumam ser bem efetivas para conter avanços de laterais e zagueiros. Fiquei pensando se a turma está mesmo bem preparada fisicamente, pois vi muita gente reagindo e chegando atrasado…

VIOLÊNCIA: Trombar em adversário, dar carrinho, fazer falta por trás, agarrar adversário, excesso de força em disputas de jogadas em pontos neutros do campo (intermediária e laterais) são recursos usuais de times que se posicionam mal na marcação, de tal forma, que a reação quase sempre termina em cartões amarelos ou vermelhos. Esse foi o retrato do CEC domingo passado. É preciso ser time de futebol e não de MMA. Jogadores experientes como Ronaldinho, Tardelli, Jô, Pierre estão acostumados com o clima mais tenso e pesado de jogo. Não se ganha nada na base da tentativa de intimidação; e mais, perde-se o melhor, o time fica nervoso e deixa de jogar. Não gosto da galera que comemora chutão para a lateral (qualquer um sabe fazer isto).

PONTO FRACO DO ADVERSÁRIO: Réver e Gilberto Silva, quando pressionados, falharam e abusaram de faltas. Ambos são lentos, como a zaga do CEC, contudo o ataque não soube explorar o fato de que ambos estavam amarelados. Borges, Dagoberto, Diego, Everton Ribeiro e Goulart deveriam ter pressionado em cima de ambos, mas não tiveram gás para isto, sobretudo depois de ficar com um a menos. No próximo jogo o CEC deveria explorar mais este ponto fraco. É por aí o caminho da vitória.

LATERAIS: Não dá para aceitar lateral ou ala que não faça, todo jogo, pelo menos duas avançadas de qualidade em cada tempo, com bons cruzamentos. Os laterais do CEC só ficaram na marcação e foram facilmente envolvidos em alguns lances.

ZAGA: Jogadores pesadões, como Bruno/Léo/Paulão não se encaixam num perfil de time como o CEC precisa. Já ficamos no prova com TiagoHeleno/Vitorino/ThiagoCarvalho/RafaelDonato. Desde a saída de Léo Silva para o CAM o CEC perdeu em agilidade nesse setor. A zaga azul foi completamente envolvida pelo chão e pelo alto no clássico.

DIEGO SOUZA: É inaceitável que um jogador profissional fique tanto tempo trabalhando sem conseguir entrar em forma. A preparação física, a fisiologia e o atleta do CEC precisam se explicar. O jogador tem grandes qualidades mas não consegue fazer a diferença por falta de gás; acompanho o atleta desde quando era do Grêmio e a postura nunca mudou. Não há espaço no futebol moderno para jogador que não é competitivo na dinâmica defensiva e ofensiva do jogo. No visual nota-se que pode perder peso (de 6 a 8 kg).

ALTERNATIVAS: É pouco provável que MOliveira mude a formação do CEC para o próximo jogo. Ele reclamou das falhas individuais e da marcação no meio campo, mas é bem possível que escale o mesmo time, salvo o Éverton na esquerda e o zagueiro expulso. Tirar alguém a essa altura pode parecer que a culpa está sendo lançada nesse ou naquele jogador. Contudo, acredito que o melhor seria fazer o que aconteceu em 2007, depois do 4 a 0 para o CAM na primeira partida. O CEC lançou garotos da base e só não ganhou pelo mesmo placar porque um zagueiro foi expulso. Talvez fosse o caso de fazer algo parecido: Vinícius/ARamom para dar mais força de ataque; recuar Dagoberto para a armação e colocar Diego Souza e Borges no banco para usar no 2º tempo nos 25 minutos finais, Maycke no lugar de Ceará, Egídio na lateral esquerda e Éverton no meio, no lugar de Everton Ribeiro, para dar mais velocidade ao jogo e melhorar a marcação.

Vamos ver…”

Alex Souza – Bairro Guarani – BHz

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Ilustração com foto da exposição da Oi Futuro

* Por problema técnico, não estava sendo possível comentar neste post. Espero que já esteja resolvido. (CM)


Comentários:
1
  • Julio Cesar disse:

    Marvio dos Anjos chamou de polemica boba a não convocação do Gaucho e do KK. Neymar, o rei da firula, não justificou ate hoje as seguidas convocações. Então pq ele é convocado sempre e titular sem discussão?? Ora, como deixar de fora as dezenas de empresa que atualmente ele “vende” ? Arranhar a imagem do rapaz não esta nos contratos de marketing com certeza. E Jadson jamais se iguala ao Gaucho ou ate mesmo ao KK. O problema de nossa seleção esta em Felipão, que esta ultrapassado, esteve no centro da diversidade tatica e não aprendeu nada. Na verdade o problema começa com o tal do Marin, quem escolheu. Como disse em comentario anterior ele rebaixou o Palmeiras. Ele pediu Ricardo Bueno. Preteriu Pierre e pediu Daniel Carvalho. Simples assim.

    – Belo Horizonte

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