Blog do Chico Maia

Acompanhe o Chico

Leitura de fim de semana: “A Copa, O Estado, o Direito e a sociedade”

Do Leonardo S. Faria, do blog Burocracídio:

“Infelicidade fenomenal”

IMBECIL

Nesta farra que que o Brasil está prestes a presenciar, todos os envolvidos são maiúsculos, exceto a sociedade.Certamente a festa estará garantida. À Fifa, lucros exorbitantes. Ao Estado e seus representantes, palanque político, projeções pessoais, irresponsabilidade com o dinheiro público.

Aos cidadãos, qualquer imposto ou conta que deixam de pagar sua penalidade é certa e não tarda. Cortes de luz, telefone, água, prestação de contas à receita. A lei cumpre bem seu papel quando se trata de uma sociedade que pouco se vê abraçada por seus representantes políticos. A estes últimos a legislação punitiva é leniente diante de suas obrigações não cumpridas e abusos na administração pública. Pelo contrário, é permissiva: Punições que nunca ocorrem, investigações que não se concluem, foros privilegiados, prazos em dobro, recursos intermináveis. O Direito para aqueles que deveriam representar a sociedade é maiúsculo. Para o povo a lei. Ou nem isso.

Em Minas, diante do desrespeito ocorrido na reinauguração do Mineirão alguns torcedores entraram na justiça. Banheiros inacabados, falta de água, bares fechados, tudo isso ao custo de um caro ingresso. Ouviram em sentença que boi deve ser tratado como boi. Aliás, até mesmo os bois não ficam sem seus potes de água, ração e sal grosso. Mas para cidadãos, conforto é que não se pode esperar, segundo o juiz, representante maior da lei.

Em todo o Brasil a sociedade foi e vem sendo massacrada pelos mandos e desmandos dessa entidade futebolística com a leniência de seus representantes políticos, amparados por uma lei sempre relativizada para atender a interesses específicos.

Desapropriações irregulares, indenizações medíocres, diante de obras que supostamente trarão melhorias no transporte, na urbanística das cidades. Pequenos comerciantes, já sem forças para gerir a empresa, ficam meses sem o movimento que sustenta seus negócios em função dessas obras duvidosas. Quebradeira, demissões. Não há alternativa. O governo diz que futuramente essas obras trarão benefícios, mas eles não podem esperar uma promessa que geralmente não se cumpre.

Impressionante mesmo é que estes mesmo representantes políticos que agora se lançam e provavelmente fazem seus pés de meia, acostumados com o jeito brasileiro de fazer política, não percebem que também são vítimas de sua postura moralmente reprovável. Servem-se de marionetes desta que é a única e exclusiva beneficiária destes acontecimentos, a entidade privada FIFA.

Toda essa visibilidade política que essas marionetes agora angariam tem um alto preço. Quando a festa acabar, a sociedade, o Estado, a Lei, o Direito ficarão todos por aqui.

Em cada momento que o braço forte da lei usurpar desse cidadão minúsculo sua dignidade, beneficiando alguns que agora estão no poder, será ele mesmo cobrado depois. O Estado gera conflitos que ele mesmo depois terá que arcar financeiramente. Conflitos que movimentarão a máquina judiciária, executiva, legislativa, gerando custos e mais custos. Depois os representantes serão outros. Esse é o vício nacional de fazer política. Não existe projeto de nação. Existe o interesse agora, do momento, pessoal.

Mas certo é que a conta é de todo mundo. E quando ela vem em forma de um revólver na mão, de uma criminalidade incompreendida, a custo de vidas inocentes, ele é muito maior do que um tostão.

* http://burocracidio.blogspot.com.br


» Comentar

Comentários:
7
  • Interessante ninguém se preocupa em investir nos jovens quando estão no ensino fundamental ,depois querem policiais,íntegros e respeitosos.

  • Gilmar Dantas disse:

    Pior que fazer estádio é o INSS anistiar dívida de clubes de futebol. Os picaretas que administram os clubes privados enfiam a mão, viram agiotas e depois transferem o problema para os aposentados. Isso sim é vergonhoso!

  • Raws disse:

    Bruno, concordaria com você totalmente antes desse movimento, a esperança, é que com essa insurreição(antes tarde do que nunca), seu filho ou neto pode ver e viver um Brasil melhor. Pense bem, se você fosse um político em pleno mandato, você estaria tranquilo esta noite?
    Imagine se esse pessoal resolve direcionar essas ações para as residências desta turma, dá para imaginar?

  • Thomaz disse:

    É um fenômeno. Pior é que o cara fica querendo se desdizer, mas foi isso aí que ele disse. Ao ver o vídeo, nem a desculpa do contexto ajuda. Fica até pior, pois há um certo tom de desdém para com quem fez a pergunta, uma postura de dono da verdade.

  • Bruno Silva disse:

    A verdade meus caros, é que infelizmente, embora seje um país lindo, o Brasil não é um país sério.

    A corrrupção é um cancêr que na minha opinião, é incurável neste país.
    E com ela difícilmente as coisas mudam. Vejamos exemplos:

    -Saúde de qualidade? E como ficariam os planos de Saúde? Será que estas grandes (e incompetentes) Empresas permitiriam alguma melhora significativa?

    -Reforma do Código Penal? Será que nosso Legislativo quer mesmo leis mais rigidas? E como “eles” ficariam?

    -Educação? Para quê? Ter cada vez mais jovens questionando a bandalheira política do país?

    Então senhores, infelizmente creio que pelo menos a curto ou médio prazo, difícilmente algo vai mudar. Confesso às vezes que tenho inveja dos EUA e sua tolerância zero com bandidos.

    Vale lembrar uma fala de um agente da Cia sobre se seria capaz de perdoar o Bin Laden: “…bom, não tenho autoridade para perdoa-lo, isto cabe a Deus. O que eu preciso, é promover este encontro…”

  • Raws disse:

    ÌDOLOS
    Zico, apesar de fazer nossa geração de atleticanos sofrer, é um ídolo nacional, por que? Grande jogador, profissional exemplar, sempre demostrou ter caráter e nunca se viu ou ouviu nada que o desabonasse.
    Romário, craque, antipático, arrogante e controverso, mas que ainda briga pela condição de ídolo nacional, pois se em termos domésticos ele mantém a condição de ídolo, em nível nacional penso que o mesmo está rebuscando ou confirmando um título que já foi seu.
    Dou esses dois exemplos para ilustrar meu ponto de vista sobre esse rótulo, O “Fenômeno, o Edson e outros tantos alcançaram esse estafe porém fazem de tudo para perde-lo, são condutas imorais, comportamentos questionáveis e ovos de solitária no cérebro.
    O ídolo em vida não pode simplesmente ter sido, sua eternidade depende também do hoje, Lula pelo seu histórico inicial, saindo de onde e como saiu, para chegar aonde chegou, tinha tudo para ser, ainda bem que a história parou no tinha, não passou de boneco de gelo e o pior feito com agua de esgoto.
    Uma das maiores necessidades de nós Brasileiros, é justamente a referência, o herói, o ídolo, mas não podemos acreditar e investir nos “pseudos”, sejamos mais exigentes, modéstia as favas, eu faço muito mais para o meu país, do que maioria dessas “celebridades”.

  • J.B.CRUZ disse:

    O certo é que no novo século, estamos “‘pobres” de tudo..Heróis,líderes, produtos e serviços de qualidade….