Alexandre Kalil tem quase 100% de acertos na condução do Atlético e estes quatro anos da sua presidência mostram isso. Assumiu um clube quase falido e o recolocou entre os mais respeitados do país, com crédito dentro e fora dos gramados.
Só não conseguiu mais, ainda, porque nunca foi exemplo de diplomacia e articulação de bastidores.
Não se afinava com Ricardo Teixeira, com toda a razão, mas, reconheçamos, o ex-genro do João Havelange, mandava no futebol brasileiro e na Conmebol. Controlava tudo com mão de ferro, das eleições nas federações e própria CBF, aos contratos milionários de publicidade com a TV e patrocínios da seleção.
Caiu de podre e deixou um sucessor cujo passado não era nada animador.
Mas Kalil caiu no conto do José Maria Marin, figura alheia ao futebol mas conhecido nacionalmente pelas ligações com Paulo Maluf e a ditadura militar.
Del Nero (esquerda) e o padrinho Marin, em foto do Terra.com.br
O presidente atleticano chegou ao ponto de abrir seu voto e dar entrevistas dizendo que votará no candidato da situação nas eleições da CBF, Marco Polo Del Nero, atual vice.
Certamente pensava na defesa dos interesses do Atlético, mas, no primeiro teste, levou uma bomba sem tamanho: o presidente da CBF não tem nenhuma força da Conmebol e não conseguiu nada para o Atlético nessa disputa com o Olímpia.
O jogo de ida foi em um estádio infinitamente pior que o novo Independência. Só ganha da Arena do Jacaré em capacidade de público, 10 mil pessoas a mais, e mesmo assim, sem nenhuma segurança na área externa, onde assaltantes agem livremente, e a torcida adversária e jornalistas estrangeiros são agredidos verbal e fisicamente.
Particularmente entendo que 64 mil atleticanos no Mineirão vão exercer muito mais pressão que 20 mil no Independência, mas a questão não é essa. O presidente da CBF engoliu cordeiramente os argumentos fajutos da Conmebol, que aceitou uma declaração da federação paraguaia de que o Defensores del Chaco tem capacidade para mais de 40 mil pessoas.
Para inglês ver; aliás, para Kalil ver! E ele foi o primeiro penalizado. Por falta de segurança no local destinado aos dirigentes do Atlético, o presidente assistiu ao jogo pela TV, dentro do vestiário.
Foi o prêmio que recebeu por declarar apoio a um comandante da CBF fraco, impotente e descompromissado.
E pior: Kalil não é de voltar atrás no que fala, e sendo assim, votará no candidato do Marin, mesmo tomando a rasteira que tomou.
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