Minha coluna do jornal O Tempo, desta segunda-feira:
Durante minhas caminhadas e corridas ouço rádio. Todo domingo, o ótimo programa do Carlos Eduardo Éboli, na CBN, de 9 às 12 horas, ou o Acyr Antão, na Itatiaia. Ontem não deu pra ficar no Acyr, já que os assuntos tratados pelo Éboli impossibilitaram qualquer mexida no dial.
Um deles, a praga da violência das torcidas organizadas que continua afastando famílias dos estádios, mesmo nas milionárias arenas construídas para a Copa, onde só não há câmeras de segurança dentro dos banheiros. A cada debate que ouço sobre o tema reforço a minha convicção: a impunidade, movida por interesses políticos e comerciais perpetua o problema. Dirigentes de clubes dão privilégios a dirigentes dessas organizações em troca de apoio político. É um absurdo uma “organizada” faturar fortunas usando a marca do clube sem pagar nada pelo direito de imagem. Chega um jogador contratado, famoso, e ao invés de usar a camisa ou boné do clube, razão de ser de todo o circo, usa da “organizada”. Em troca o dirigente garante que a “organizada” não o xingará quando o time estiver mal, e caso ele seja candidato a deputado, senador ou coisa assim, essa “organizada” será um dos seus maiores cabos eleitorais.
Coppola
Funciona como “taxa de proteção” celebrizada pelos filmes “O Poderoso Chefão”, I, II e III. E uns usam aos outros.
Em São Paulo um promotor resolveu acabar com uma “organizada” e conseguiu, temporariamente. Ganhou fama nacional e a simpatia dos paulistas. Virou deputado e esqueceu do futebol. A tal torcida voltou com a mesma violência, mas o ex-promotor continua deputado.
É geral
Para não ser acusado de fingir que não sei que isso envolve toda a sociedade brasileira, lembro que na imprensa também há colegas que fazem acordos tácitos ou formais com essas “organizadas” por interesses políticos/partidários ou comerciais.
A solução? Punir os clubes dessas “organizadas”, tirando-lhe pontos ou rebaixando-os.
Só assim os dirigentes se preocupariam em agir de verdade. Mexer no bolso ou inverter mando de campo não faz nem cócegas em um cartola desse naipe.
Jogo fraco
O horário impede que se fale sobre os jogos que começam às 18h30, caso de Cruzeiro x Vasco, ontem.
Sábado, o Atlético mandou na partida no primeiro tempo, mas na segunda etapa não forçou a barra o suficiente para sair do zero com o Goiás.
Valeu a excelente estréia do zagueiro Emerson e outra grande atuação do Fernandinho, que sobe de produção a cada jogo.
Muricy
Também na CBN o Éboli entrevistou o técnico Muricy Ramalho, que aguarda o momento de voltar. Lembrou dos ensinamentos do Telê Santana, em quem se inspirou até para cuidar melhor da saúde e reconhecer os próprios erros. Não vê ninguém se despontando para conquistar o Brasileiro, mas lembrou que a receita é infalível: campeão é quem tem o maior elenco com qualidade. Citou o Cruzeiro, Corinthians, Inter e Grêmio. Para ele o Botafogo está perdendo fôlego com a liberação de bons jogadores.
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