Blog do Chico Maia

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Uai! Não era proibido proibir?

Nesta história da tentativa de alguns artistas da prateleira de cima da música brasileira proibir biografias “não autorizadas”, eu só não estava entendendo uma coisa: não era o Caetano Veloso que cantava a todos pulmões “é proibido proibir, é proibido proibir…” nos anos 1960/70?

E agora quer proibir biografias?

Aí li esta coluna do Vinícius Mota, na página 2 da Folha de S. Paulo de ontem, e compreendi melhor:

TRIO

* “Vinicius Mota”

Perderam

SÃO PAULO – Quem passou da infância à vida adulta nas décadas de 1980 e 1990 acostumou-se ao padrão. Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil nunca perdiam. Alinhados às boas causas, eram reputados como reserva de sabedoria de nossa vida pública corrompida.

Tratava-se, obviamente, de uma fábula. O primeiro compromisso desses artistas sempre foi com seus legítimos interesses profissionais e empresariais. A qualidade intrínseca de suas intervenções na política e no debate de ideias jamais se aproximou do seu desempenho como letristas.

A influência que exerciam nos palanques nacionais indicava a rarefação de nossa esfera pública. A conversão de capital cultural em capital político não é certa nem imediata nas democracias consolidadas, que separam muito bem esses campos.

Celebre-se, portanto, como sinal de amadurecimento do país a derrota esmagadora do (ex-)grupo Procure Saber, encabeçado pelo trio de ouro da MPB, no debate das biografias não autorizadas.

A causa era decerto ingrata. O grupo propunha-se a convencer a opinião pública de que biografias só poderiam circular mediante autorização do biografado ou de seus familiares. Não há meio de aceitar essa cláusula sem ferir a liberdade de expressão, consagrada na Carta de 88.

Sim, a liberdade de expressão é também a liberdade de injuriar, caluniar e difamar. Para esses males, a lei determina remédios. Mas é sobretudo a liberdade de criticar e contar histórias e versões menos abonadoras sobre quem quer que seja. E de oferecê-las ao crivo do debate público.

Habituados a despertar solidariedade automática nos círculos intelectuais e políticos, Chico, Caetano e Gil talvez pensassem que iriam levar mais esta. O tempo passou na janela, mas eles não notaram.

O Brasil começa a descobrir que, como políticos e intelectuais, eles são apenas bons compositores e empresários.


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Comentários:
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  • Rafael disse:

    Gilberto Gil ficou na dúvida quando convidado para ser ministro de Lula se aceitaria, pois o salário na época (2002) era “só” de R$ 8.000,00!
    Naquele instante, perdeu muita credibilidade.
    Vive falando besteiras em entrevistas e palestras, fala nada com nada, não chega a conclusão alguma, inclusive no exterior… vergonha nacional.
    E lembram do dia do Brasil na França durante a estadia dele no Ministério, pois é, convidou só a panela de amigos dele!

    Caetano vive variando… e Chico vive apoiando cegamente o PT, com todos esses casos de corrupção e desmandos.

    Esses artistas, e outros, como o Roberto Carlos, há muito deixaram de ser populares.

    É só ver… há quantos anos algum deles não se apresenta numa praça para o povo? Eles podem até cobrar dos organizadores, do governo, sei lá… ou mesmo fazer show a preços populares. Nos últimos anos, aqui em BH, só show para poucos no Palácio das Artes.

    Se mais.

  • Nelson Roberto B. Junior disse:

    Chico, neste assunto concordo com o que o Ruy Castro escreveu estes dias na Folha sobre sua viagem a Alemanha: “…uma livraria de fazer cair o queixo, em que as biografias, prós, contras ou neutras, autorizadas ou não, tomam paredes inteiras –de políticos, militares, escritores, atletas, cientistas, artistas, vivos ou mortos. Lá é assim: se a vida de alguém vale minimamente a pena, os alemães têm o direito de aprender sobre e com ela. De volta ao Brasil, o sentimento é de vergonha e frustração ao ver que, aqui, esse direito continua ao sabor de uns poucos que, ciosos de uma vaga privacidade, não se importam de obstruir a história e consolidar nosso atraso.” Precisa dizer algo mais??

  • J.B.CRUZ disse:

    Todos são contra,, até aparecer a necessidade de ser,,,,,a favor.

  • carlos santana disse:

    Estranhamento foi o que me causou a postura deles, mas creio que no fundo a questão é apenas financeira.

  • Lucas Viana disse:

    Concordo com o Stefano Venuto Barbosa, esse Chico não passa de um mala (não é você, Maia!! rss).

    Os outros dois ainda passa, mas mesmo assim se acham acima do bem e do mal.

    Aqui cabe muito bem o famoso “pimenta no ‘zoio’ dos outros é refresco”.

  • Paulo César disse:

    Stefano, ia escrever meu comentario. Li o seu, e ele me poupa de ser repetitivo. Assino embaixo sobre o Chico. E inclui outra definição aos outros: são “comunistas de butique”. Adoravam posar de esquerdistas, subversivos e socialmente engajados, mas usam iphone, viajam em jato particular, moram na Vieira Souto, estupram os fãs com preços pornográficos de ingressos e querem “meiar” o lucro dos livros. Em suma: muito malas.

  • Vinicius Campos disse:

    Este murmurinho todo foi por causa do Roberto Carlos que barrou uma autobiografia escrita por Paulo Cesarde Araújo. Além de tudo ele quiz utilizar o Fantástico pra tentar se justificar e ainda foi constrangido pela reporter.

  • Ricardo Pinto disse:

    Chico, este assunto é pertinente. Eu tenho como visão, que estes só pensavam em como ganhar mais dinheiro escrevendo letras contra a ditadura. Como disse o jornalista, eles nunca se engajaram, e quando o Gilberto Gil o fez, foi um fiasco como ministro da cultura, não produziu nada de bom. E tem aquele papo, deles de ficar divagando 3 minutos com palavras ao vento para no fim você chegar a conclusão que não responderam o que foi perguntado.
    Você já viu entrevistas mais chatas do que as que são feitas com Gilberto Gil e Caetano Veloso? São uns malas.

  • Paulo Santos disse:

    Ninguém neste país de corruptos tem autoridade para criticar este trio, que sofreu todo tipo de barbaridades da ditadura. Esse bobo aí da “Fôlha” não sabwe o que está dizendo e deveria de joelhos pedir desculpas publicamente pelo que escreveu. E quem é contra não sabe nada também e deveria ficar calado.

  • audisio disse:

    Fariseus…

  • Thales Rosa disse:

    para esses caras ai é proibido parar de entrar grana no Bolso deles.. seja via aposentadorias por terem sido exilados politicos seja por meio de programas do governo que pagam todos os custos de suas turnes via lei Rouanet… essa lei é o maior absurdo que ja vi, os caras pegam a grana do governo pagam todos os custos da turne e ainda cobram 200, 300 reais por ingresso.. ai o lucro fica so para eles.. e nos, Brasileiros, pagamos a conta.

  • Joaquim José Lamarca disse:

    A História geral é marcada por fatos desta natureza. Os feitos heroicos, até então narrados por nossa História tradicional, trás em seu bojo, interesses particulares de governantes e autoridades. Daí a importância da Nova História.
    Mais crítica, com pesquisas racionais e imparcialidade, a cada dia que se passa, são desvendados os interesses ocultos nos atos de homens públicos.
    Por isso, já há uma mobilização política, para que se reduza sistematicamente as aulas de História na grade curricular da educação. É interesse político, quanto menos gente bem informada, melhor para a classe. É preciso entender, nem tudo é romântico, quanto se escrevem. Tem escritores, em sua maioria políticos, que nunca escreveram uma linha sequer. Tem líderes, que se fotografavam com armas, mas nunca enfrentou uma batalha. É por isso que historicamente, inimigos políticos se unem, o que importa é o poder. Ao povo, a desordem e a pobreza. E assim, nossos heróis perpetuam, sendo idolatrados e ovacionados por uma população desinformada e desinteressada por leituras que o leve ao conhecimento. À mídia, é importante irradiar as futilidades e banalidades, que adentram nossos lares e se espalham rapidamente pelas mentes jovens.
    Portanto amigos, ao ler ou tomar conhecimento de algum fato histórico ou medidas políticas, adotem uma posição crítica e percebam: aqui tem um bem e tem um mal.
    Tudo, na vida pública, tem um interesse próprio!

  • Stefano Venuto Barbosa disse:

    Eu não entendo tamanha idolatria, principalmente em relação ao Chico, que sempre foi um burguês, que se aproximava do popular só pra angariar simpatias. Os outros dois são chatos de galocha, e o que mais impressiona é serem chamados a comentar de queijo minas à nave espacial, como se fossem donos do saber.