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Justiça na fórmula do campeonato, lógica e estatísticas

Sobre o artigo do jornalista Hélio Schwartsman, questionando a justiça da forma de disputa do Brasileiro, transcrito no blog ontem, dois comentários muito interessantes contestando-o.

Do Flávio de Castro e do Alisson Sol.

Confira:

Flávio de Castro:

* “O Schwartsman gosta de lógica, ciência e estatística. Sob o seu próprio ponto de vista, ele cometeu um erro lógico simples no último parágrafo. Fazendo um raciocínio que ele gosta de fazer, em uma competição de 20 times, se os outros 19 “não foram campeões”, “a rigor”, significa tudo, significa que o 20º foi! E isso é, logicamente, indiscutível!

Nos parágrafos anteriores, ele fala um monte de besteiras. Desde quando compeonatos, quaisquer que sejam, destinam-se a fazer justiça nesse sentido abstrato? A meu ver, o vencedor, legitimamente, é quem consegue melhor desempenho dentro das regras estabelecidas. Não abstratamente, mas no campo, esse é o melhor. Dando um exemplo recorrente: desde quando a Itália de 1982 é menos campeã por ter deixado pra trás a fenomenal seleção de Telê?!

Para além de tudo, eu concordo com a sua opinião, Chico, de que “poucas vezes na história do futebol brasileiro uma conquista foi tão justa e incontestável como essa do Cruzeiro”. Com seu apreço por estatísticas, o que Schwartsman tem a dizer da pontuação, do número de vitórias, do número de gols feitos, do saldo de gols, da distância para o segundo lugar, enfim, dos números do Cruzeiro?! Especialmente, o que ele tem a dizer desses números comparativamente aos dos times paulistas?!

É uma pena ver como o bairrismo no futebol é capaz de imbecilizar até pessoas genais como Hélio Schwartsman…”

Abs, Flávio de Castro

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Alisson Sol:

* “Vou fazer uma exceção ao minha determinação de não mais tecer comentários no blog para comentar sobre este absurdo, que creio ser ortogonal a controvérsias entre torcedores. Pessoas que dedicaram-se por anos a estudar e aplicar Física, Matemática e Estatística de maneira séria tem a obrigação de evitar que se multiplique informação errada, como a escrita nesta coluna pelo Sr. Hélio Schwartsman, onde se utilizou um cálculo estatístico correto de maneira completamente errada.

Modelos matemáticos dependem de entendimento do assunto para serem corretamente aplicados. Quanto três mulheres estão grávidas, e uma está grávida de 9 meses, enquanto outra está grávida de 1 mês, e outra de 2 meses, na média ela estão grávidas por 12/3 = 4 meses. A Estatística é incontestável, mas não se pode usar tal resultado para dizer que elas devem esperar pelo parto em aproximadamente 5 meses.

Da mesma forma, há muita gente que certamente entende de Matemática e Estatística que erra ao tentar aplicar seus conhecimentos ao futebol. Consideram que podem aplicar ao futebol modelos que consideram uma partida de futebol depois da outra como o mesmo que jogar uma moeda para o ar duas vezes. O problema é que o resultado de você jogar uma moeda para o ar pela segunda vez é independente do resultado de você ter acabado de jogar a moeda e lido o resultado (cara ou coroa). Mesmo isto, aqueles com entendimento mais profundo de Física irão contestar (pois há desgate na moeda, que já não é a mesma após a primeira medição).

No futebol, uma segunda partida entre dois times tem enorme correlação com o resultado de uma outra partida já disputada entre os mesmos times. E tal correlação aumenta quanto mais recente frequente é a disputa. Isto apenas já torna usar o modelo que leva à “final de 269 jogos” um absurdo. Adicione a isto fatores que sabemos que influenciam partidas profissionais (presença de torcida, premiação extra-campo, motivação dos times, etc.). O importante no futebol é aquela partida que foi marcada de acordo com regras pré-definidas. Não há como “repetir partidas”. Como se faria isto? (Mesmos jogadores? Mesma torcida? Mesma temperatura? Mesma grama? Mesmo “montinho artilheiro”? Mesmos erros do juiz?)

O modelo de campeonato de pontos corridos premia o “time mais regular durante o campeonato”. Esta é a definição de “melhor time para campeonatos”. O modelo de mata-mata (copas) premia o time que mais soube decidir jogos de ida e volta eliminatórios. Esta é a definição “melhor time para copas”. O Atlético-MG foi o melhor time da Copa Libertadores 2013. O Cruzeiro foi o melhor time do Campeonato Brasileiro 2013. Qualquer um que afirme o contrário demonstra ignorância na aplicação da Estatística a competições esportivas.”

Alisson Sol

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estatísticas

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Comentários:
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  • audisio disse:

    Cruzeiro campeão com méritos! Belo trabalho do Marcelo Oliveira.
    Acho que o Marcelo teve um estalo quando saiu do Paraná clube. A torcida paranista estava pegando no seu pé por sua atitude excessivamente defensivista. Acho que passou observar os times treinados pelo Cuca. Apesar de não ter tido muito sucesso com os resultados, Cuca sempre estava chegando em todos os clubes que treinava. Exatamente como ocorreu com o Telê. Começou a ficar com fama de pé frio, azarado etc. Até que chegou no cume com o Atlético na Libertadores deste ano. Estava observando o time do Vitória e vejo que Ney Franco começa a adotar a mesma tática. Três homens na frente do ataque, sendo que o Marquinhos alterna hora pela direita, ora pela esquerda. Para os que acompanham o futebol imediatamente se lembram do Bernard fazendo o mesmo no time do Cuca. Cuca aos poucos com o time do Galo está mudando a filosofia tática dos times brasileiros. Depois de naos de escravidão com os sulistas e retranqueiros onde temos matrizes famosas como Tite, Celso Roth e Felipão. Enquanto isso Renato Gaúcho parece permanecer fiel à sua “escola” gaúcha. 3 zagueiros e tres volantes! Reparem o que Dunga fêz com um elenco recheado de craques e atacantes famosos. Para o bem do futebol brasileiro, Marcelo Oliveira optou pela maneira ofensiva de se jogar e chegou lá. Todo mérito dele!

  • Paulo Henrique disse:

    O artigo é uma aberração lógica. Tenta desmerecer os pontos corridos, mas não apresenta nenhum argumento prático que valorize o mata-mata.

    O pior de tudo é saber que análises tendenciosas e sem fundamento, como esta, aparecem diariamente na mídia envolvendo assuntos importantes: política, ciências, economia, negócios, marketing, cultura, etc.

    Se fosse só no futebol, o mais importante dos assuntos não importantes, tudo bem.

    E como o brasileiro (quando lê) costuma ler uma fonte apenas sem conhecer o contraditório, muitas bobagens, como a escrita por este Hélio, viram verdades absolutas.

  • Stefano Venuto Barbosa disse:

    Acho que não tem o que discutir, cruzeiro foi campeão com méritos, pouco importa que os adversários não estivessem preparados, o cruzeiro não tem culpa.
    Que os clubes de Minas apertem o cinto, porque em 2015 vão ser alvos certos das “estranhezas” orquestradas pelos times do eixo, podem ter total certeza.

  • Jeferson C. Almeida disse:

    Em raríssimas oportunidades há sensatez neste meio, observem os comentários dos cru crus quando eles perdem um campeonato: são os mesmos.