Felizmente o fato não ocorreu comigo, mas poderia ter sido, assim como com qualquer cidadão mineiro ou brasileiro.
No Brasil as autoridades só nos tratam cidadãos quando é para nos cobrar impostos. Até nos chamam, hipocritamente, de “contribuintes”.
Pois, achacados é o que somos!
Anteontem falei aqui dos absurdos da BR-040, no trecho que mais ando nela, de Beagá a Sete Lagoas.
Nos centros urbanos outras aberrações são cometidas contra as pessoas diariamente. Como aprendemos a conviver com desrespeitos de toda ordem no dia a dia, só reclamamos quando a situação fica insustentável.
Por essas e outras é que torço para que a Copa do Mundo seja porta voz da indignação nacional, assim como foi a Copa das Confederações em junho deste ano.
Que os protestos sejam maiores, mais intensos, que reúnam muito mais gente, nas grandes, pequenas e médias cidades.
Que o mundo veja como o cidadão brasileiro é tratado pelas classes dominantes.
A impressão que tenho é que políticos e grandes empresários, em sua maioria, se unem para meter a mão no bolso da população, que só tem deveres. O direito é relativo. De modo geral, só é concedido para aliados!
Vejam o e-mail que recebi do Samuel, um dos atingidos pelo desabamento da Rua Cabo Verde:
“… minha motivação maior para te escrever agora é um fato que vem transtornando a vida de muitos vizinhos, a minha, e sobretudo aqueles que tiveram que evacuar seus apartamentos depois que a maldita obra que estão fazendo na esquina fez a rua Cabo Verde desabar.
Veja este vídeo no link abaixo para você ter noção do que está acontecendo:
http://www.alterosa.com.br/app/belo-horizonte/noticia/jornalismo/ja—1ed/2013/12/26/noticia-ja-1edicao,103357/construtora-de-obra-na-rua-cabo-verde-e-a-mesma-do-shopping-plaza-anc.shtml
Eu apareço interrompendo a entrevista do engenheiro dono da obra, que por sua vez, argumentava cinicamente que a construtora era isenta de culpa, pois entendia que a rua era causadora da cratera devido a um fator “desconhecido”.
Eles são donos de várias empresas de engenharia como a Direcional, Topus (do shopping Anchieta que abalou 4 prédios, sendo que um foi condenado), Edifica, entre outras. Me parece uma luta de David contra Golias. Meu medo é esses caras, após todo transtorno que fizeram, conseguirem consertar a rua do jeito que der e viabilizarem o empreendimento tal qual estava no projeto inicial, após gastarem milhares do nosso dinheiro com essas obras emergenciais e não oferecerem qualquer contra partida para a comunidade afetada. Para relatar um pouco o que vem ocorrendo: falta de luz por 18 horas na véspera de Natal em toda a região; desvio de toda rede da Cemig, Copasa, tv a cabo na área da rua (postes arrancados e transferidos, tubulação de água rompida, etc); falta de luz novamente ontem por mais 10 horas; barulho ensurdecedor de dezenas de caminhões que jogam enormes pedras para aterrar o buraco durante todo o dia e até a meia-noite; e claro, as mais de 30 famílias obrigadas a abandonar suas residências em pleno 24 de dezembro.
O “desconforto” aos moradores alegado pelo engenheiro da obra é na verdade um transtorno que beira o caos e a incerteza dos dias seguintes. Sei que muitas regiões são afetadas por problemas parecidos em toda a cidade, ainda mais nessa época, e nós da região sul ainda somos beneficiados por ser uma área mais nobre, em que a defesa civil, bombeiros, demais serviços, e até mesmo a imprensa, sempre olham com mais atenção do que essas regiões menos favorecidas. Mas o que entendo é que esses malfeitores devem ser parados alguma hora, pois o exemplo Sérgio Naya não valeu e nunca valerá se as autoridades não caçarem os registros do CREA dessa gente, quando comprovado erros de engenharia.
Aqui a reportagem completa da TV Alterosa:
* “Construtora de obra na Rua Cabo Verde é do mesmo grupo do Shopping Plaza Anchieta”
A construtora da obra no Bairro Cruzeiro também era do grupo que fez a obra do Shopping Plaza Anchieta, bairro vizinho na região Sul de Belo Horizonte, que provocou estragos em cinco prédios e foi acionada na justiça por 79 famílias que tiveram que deixar seus apartamentos. É a Edifica Empreendimentos Arquitetura e Engenharia Ltda.
A empresa que faz parte de um grupo familiar de construtoras de três irmãos de Bom Despacho tem sede no Bairro Sion. O dono é Rogério Valadares que esteve ontem na Rua Cabo Verde. Ele alegou que o desmoronamento da rua pode ter sido provocado por algum problema já existente antes da obra, mas foi questionado por um morador. Veja:
Os moradores dos prédios da Rua Cabo Verde atingidos pelo desmoronamento estão revoltados porque tinham pedido providências à prefeitura e à Defesa Civil antes dessa chuvarada começar. Aliás há mais de ano, e nada foi feito.
Fotos do portal O Tempo
» Comentar