Os muitos anos de futebol ensinaram-me a ficar sempre com um pé atrás em todo início de competição na avaliação do desempenho de qualquer time.
A seleção brasileira do Telê Santana, de 1982, foi a primeira grande aula que tive.
Isso é recomendável para jornalistas, que vivem do dia a dia do futebol.
Já o torcedor pode e deve se empolgar sim, pois a sua alegria é a cada jogo e ele precisa curtir todo momento bom do seu time.
Esta é a primeira fase da Libertadores da América; difícil, porém o grau de dificuldade vai aumentando a cada fase.
Atenção à resposta do técnico Cuca à pergunta se uma ótima campanha nesta fase já apontaria o seu time como favorito ao título:
“- Eu acho que não. Vai começar o mata-mata e vamos ter as mesmas chances que os outros três. Não adianta favoritismo. Isso é coisa da mídia em cima de números. Nós que jogamos e trabalhamos no dia-a-dia temos que mostrar nosso melhor em campo; é ali que temos que mostrar que somos os favoritos.”
Pois é, todo cuidado é pouco, e os exemplos do passado devem ser sempre lembrados, principalmente para que erros fatais não sejam repetidos.
Esta declaração dele não tem nada a ver com o Atlético, apesar de a situação ser parecida.
Essa entrevista se refere ao Cruzeiro e foi no dia 16 de abril de 2011, quando ele dirigia a Raposa, ao portal R7, época em que o time era chamado de “Barcelona das Américas”. (http://esportes.r7.com/futebol/times/cruzeiro/noticias/tecnico-evita-rotular-cruzeirode-barcelona-das-americas-20110416.html)
Aliás, não foi o Cruzeiro quem se intitulou de “Barcelona”. Quem disse isso foi o técnico do Peñarol, do Uruguai, Diego Aguirre, mas a imprensa espalhou e os adversários ficaram mais atentos ao time, que se tornou o “adversário a ser batido” naquela edição do torneio continental.
E a eliminação foi contra um concorrente pouco conhecido, apesar de ter sido campeão da Libertadores em 2004, Once Caldas, derrotado na Colômbia por 2 a 1, mas supreendentemente vitorioso na Arena do Jacaré por 2 a 0.
Ou seja: um único vacilo, tirou o time de uma disputa onde ele tinha condições de ser campeão.
O mesmo pé atrás deve ser adotado em relação às perspectivas do Cruzeiro para 2013. Ótimo começo, porém, está disputando o Campeonato Mineiro, enfrentando adversários do nível que conhecemos. A vitória sobre o Atlético causou uma empolgação geral da torcida, mas clássico é clássico, ainda mais quando se trata do primeiro do ano.
É preciso saber se os contratados que chegaram vão render o que se espera deles contra uma sequência de adversários fortes.
Montar um time totalmente novo, como está fazendo o técnico Marcelo Oliveira é uma missão difícil, onde muitos fatores precisam se encaixar com perfeição.
Que o trabalho está sendo bem feito, está, porém, os jogadores é que resolvem em campo.
Quem eu entendo estar no caminho errado é o América, que começou antes de todos a sua preparação, em dezembro do ano passado, mas se equivocou na contratação do treinador, que indicou vários jogadores, desprezou promessas do próprio clube e com quatro jogos do Campeonato entrou em parafuso, sob desconfiança total.
A diretoria já viu que errou, mas está demorando a iniciar a tentativa de conserto da mancada.
Só pode estar havendo uma divisão de opiniões entre os “presidentes” do clube: uns querem a demissão já; outros preferem aguardar um pouco mais.
Aí, vai que o time vença o Nacional itinerante amanhã, e a ala que defende a permanência do Eutrópio fica fortalecida.
Se ilude com o famoso “agora vai”, e daí a mais alguns dias, conclui que o moço realmente não deu certo.
E começa tudo de novo!