Notícias como essas ajudam a aumentar a onda de descrédito pelo qual passa o futebol. Pode até ser que a firma esteja correta, mas vale a frase: “À mulher de César não basta ser honesta; tem que parecer honesta”. E vem também à memória a frase do Walter Clark, ex-todo poderoso da Globo, que falando da sua experiência como vice-presidente do Flamengo, disse no livro autobiográfico “O Campeão de Audiência”: “quem pensa que não se compram mais árbitros de futebol está redondamente enganado”. Notícia da Folha de S. Paulo:
* “Empresa de ex-árbitro falsificou diploma em convênio em SP”
A empresa de um ex-árbitro de futebol falsificou diplomas e é suspeita de outras irregularidades em contratos com a Prefeitura de São Paulo que somam R$ 1,3 milhão.
A Apto Assessoria e Eventos Esportivos pertence a Rodrigo Braghetto, que até 2013 apitou jogos dos campeonatos Brasileiro e Paulista. A empresa dele firmou dois contratos com a Secretaria Municipal de Esportes (de R$ 637 mil e R$ 651 mil) para serviços de arbitragem nos Jogos da Cidade de 2013 e 2014.
Esse torneio amador reúne cerca de 400 mil atletas em 40 mil partidas de diversas modalidades, e as empresas pagas pela prefeitura para oferecer o serviço de arbitragem devem contratar apenas profissionais para esse trabalho.
Após denúncia, a prefeitura concluiu que a empresa de Braghetto falsificou diplomas de três pessoas que apitaram jogos de handebol no evento.
Além disso, a prefeitura pediu que Braghetto apresentasse certificados dos demais profissionais que trabalharam nos jogos e comprovantes de pagamentos feitos a eles. Esses documentos, porém, nunca foram apresentados.
No último dia 4, a Folha revelou que a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) fez convênios com entidades de fachada e de aliados de vereadores para realizar eventos esportivos.
Ao todo, foram firmados contratos de R$ 52 milhões para esse tipo de parceria, que não exige licitação.
O gestor dos convênios, Siderval Marques de Brito, foi demitido pela prefeitura após a publicação da reportagem.
No caso da empresa de Braghetto, o denunciante da fraude foi o árbitro David Sanchez, que trabalhou na Apto em 2013 e era responsável pelo setor de handebol da empresa.
Professor de um curso de árbitros, ele apontou que Braghetto apresentou como formados árbitros que não participaram de nenhuma aula.
Segundo Sanchez, a Apto descumpria outras regras, como fornecimento de uniformes, lanches e transporte aos árbitros contratados com o dinheiro recebido da prefeitura.
Após inquérito administrativo, a gestão Haddad enviou um relatório de irregularidades ao Ministério Público, que agora investiga o caso.
A empresa foi declarada inidônea para licitações públicas. Também teve que pagar duas multas (R$ 3.256 e R$ 65.125).
A gestão Haddad afirmou que “os serviços efetivamente prestados pela Apto foram pagos, descontados os valores das multas.”
OUTRO LADO
Rodrigo Braghetto, negou a falsificação dos diplomas e outras irregularidades durante os Jogos da Cidade.
“Não tem nada a ver. É uma denúncia de um ex-funcionário que foi demitido por justa causa”, disse à Folha.
Segundo ele, advogados da Apto recorreram à prefeitura para que a empresa não seja mais considerada inidônea.
Braghetto afirmou também que cumpriu todas os serviços previstos no contrato com a Prefeitura de São Paulo, firmado em 2013 após licitação.
Em sua defesa à prefeitura, ele afirmou que três árbitras cujos diplomas foram falsificados, segundo investigação da prefeitura, são “experientes” e “respeitadas” no meio esportivo. Questionado sobre a falta dos documentos dos demais árbitros contratados, não deu justificativa.
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