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Governo pipocou e clubes terão privilégios que empresas não tiveram no Refis

A corrupção, a violência e tantos outros desmandos históricos, crescentes no Brasil são o resultado da impunidade. Os justos protestos país afora representam um grito contra este estado de coisas, que causa indignação em todo cidadão de bem. O governo e os seus aliados de ocasião dizem que quem protesta é a “elite branca”, ou “a burguesia”, discurso mais anacrônico. Expressões que têm a ver com a memória seletiva do PT, cuja maior bandeira para chegar ao poder era a “guerra à corrupção e à impunidade”. Eu acreditei neste discurso e hoje também protesto, sem ser branco, da elite, e muito menos “burguês”. Traído como eleitor, agora tomo uma paulada como pequeno empresário: aderi ao Refis; paguei 10% de multa e parcelei a minha dívida em 180 meses.

Amanhã, quinta-feira, o governo apresentará medida provisória dando 240 meses para os clubes de futebol parcelarem as dívidas deles; sem pagamento de multas e nenhuma outra contrapartida. Demagogicamente o recém empossado ministro do Esporte, George Hilton, que não é do ramo, disse que “…o governo entende a urgência e a relevância do assunto. A situação dos clubes de futebol, que são um patrimônio cultural do povo brasileiro, é muito difícil”. Clubes, quase todos mal administrados e ou roubados por seus dirigentes que não sofrem nenhuma sanção por seus atos.

Serei eternamente grato ao futebol. Proporcionou-me a profissão que prezo e defendo, porém, concordo com o técnico da seleção italiana na Copa de 1994, Arrigo Sachi: “o futebol é a coisa mais importante dentre as coisas menos importantes das nossas vidas.” E muito usado por inescrupulosos como trampolim político e fonte de fortunas ilícitas.

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O governo até queria que as mesmas regras aplicadas às empresas valessem para os clubes de futebol, cujos dirigentes também teriam que se enquadrar e seguir rígidas normas de prestação de contas, sujeitas à fiscalização. Mas, pressionado por todos os lados e precisando de apoio no Congresso para outras questões, sucumbiu à tal “bancada da bola” e baixou a guarda.

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Enquanto isso os próprios clubes, mais as federações e confederações de futebol e demais esportes em todo o país vão continuar funcionando no mesmo sistema perverso de continuísmo, falta de transparência, ineficiência e perdularismo irresponsável e inconsequente. O enganado torcedor/cidadão paga a conta.

DIVIDAS

Dívidas até 2013 – Fonte: Estadão


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