Bate bocas que a nada levam, como o de Atlético e Cruzeiro, em mais um campeonato estadual, se repetem no Rio de Janeiro entre Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo; em São Paulo, entre Palmeiras, Corinthians, SP e Santos; no Sul com Inter e Grêmio; na Bahia, entre Bahia e Vitória e etecetera e tal. Enquanto os maiores clubes do país brigam entre si, domesticamente, e passam por grandes apertos financeiros e outros incontáveis problemas, a cartolagem nas federações e principalmente no comando maior do futebol verde e amarelo deita e rola.
E os dirigentes dos clubes, cujas torcidas e seus elencos milionários, responsáveis pelos bilhõe$ movimentados país afora, são omissos, cada um com os seus motivos e interesses. Deixam as coisas acontecerem e fingem que vão enxergam. Se a Polícia Federal e a Justiça ao menos esboçarem uma “Operação Lava Jato” no futebol brasileiro a dona Fifa ameaça intervir e desfiliar o Brasil. Aí todo mundo afina e tudo continua do jeito que é.
Del Nel hoje assume no lugar de Marin que sucedeu Teixeira que continua dando cartas. Reportagem do Uol:
* “Del Nero compra imóvel de luxo de parceiro da CBF por R$ 5,2 mi”
Cobertura é semelhante a outra que o dirigente havia adquirido um ano antes por R$ 1,6 mi
O novo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, comprou de um parceiro comercial da entidade, o empresário Wagner Abrahão, uma cobertura na Barra da Tijuca, área nobre do Rio, por R$ 5,2 milhões –um ano antes, ele comprara imóvel semelhante no local por R$ 1,6 milhão.
A negociação foi fechada em fevereiro deste ano. O primeiro imóvel –uma cobertura dúplex, que havia sido adquirida em maio de 2014 e tem um metro quadrado a menos– foi dado como parte de pagamento do novo imóvel por R$ 400 mil, mais saldo devedor, não revelado.
O R$ 1,6 milhão pago pelo cartola em 2014 estava aquém do valor de mercado, que era de cerca de R$ 5 milhões.
As coberturas ficam no condomínio Les Residences Saint Tropez, um dos endereços mais caros do Rio, localizado na orla. O condomínio tem forte esquema de segurança privada, parque aquático, quadras e academia.
Abrahão e a CBF são parceiros comerciais há mais de 20 anos. O Grupo Águia, do qual ele é sócio majoritário, faz todas as viagens da seleção e dos clubes que disputam as Séries B e C do Brasileiro, entre outros negócios.
Jérôme Valcke (Fifa) e Ricardo Teixeira
Tanto Del Nero quanto Abrahão negaram haver conflito ético na negociação (leia texto nesta página).
Advogados ouvidos pela Folha classificaram a compra dos dois imóveis como “atípica” e consideraram que a operação pode ter sido feita para driblar o fisco.
Na última semana, Abrahão foi homenageado com a comenda João Havelange, a maior honraria do futebol brasileiro, segundo a CBF.
Abrahão também é amigo do ex-presidente Ricardo Teixeira há mais de 20 anos.
OS IMÓVEIS
O primeiro dúplex adquirido pelo cartola fica no bloco 6 da avenida Lúcio Costa e tem 261 m? e quatro vagas de garagem.
Nove meses depois, em fevereiro de 2015, Del Nero comprou o segundo dúplex no mesmo condomínio, no bloco 4, então residência de Abrahão, com também quatro vagas e 262 m?.
O imóvel foi comprado por Del Nero da JAT Administração de Bens Ltda., empresa dos filhos de Abrahão, que está registrada no mesmo endereço do Grupo Águia.
Nos dois negócios, Del Nero adquiriu os apartamentos junto com um dos seus filhos, Marco Polo Del Nero Filho –o dirigente é dono de 70%.
Na compra do apartamento da família Abrahão, Del Nero e seu filho pagaram R$ 4,36 milhões divididos em 12 parcelas, de agosto do ano passado até janeiro, incluindo o débito de R$ 410 mil do primeiro apartamento. O restante (R$ 840 mil) foi parcelado em 12 cotas de R$ 70 mil a partir de fevereiro.
O primeiro dúplex no condomínio foi comprado pelo presidente da CBF da empresária Lilian Cristina Martins Maia, ex-presidente da escola de samba Estácio de Sá.
Ela teve seu sigilo fiscal e bancário quebrado pela Justiça do Rio na Operação Hurricane em 2007, que investigou uma quadrilha que explorava caça-níqueis no Rio.
Segundo a escritura do imóvel, Del Nero e seu filho pagaram R$ 200 mil na ocasião e parcelaram o restante (R$ 1,4 milhão) em 20 cotas mensais a partir de junho. Cada parcela “irreajustável” foi fixada em R$ 70 mil.
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