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Quando o “futebol comercial” derruba um grande profissional da imprensa

Toda força ao Coelhão esta tarde no Independência contra o Botafogo. Pretendo ir lá ver de perto e torcer para mais um passo importante do América na luta pelo retorno à Série A. Enquanto isso, um assunto diferente aqui com as senhoras e senhores amigos do blog.

Com tantos meios de comunicação, tantos novos e velhos jornalistas e radialistas, tantas rádios, canais de TV abertos, a cabo, jornais, revistas e internet, de vez em quando a gente sente a falta de alguém e pensa: “cadê fulano?”. Dia desses me lembrei do Alberto Helena Junior, grande comentarista paulista e o procurei no Google. Encontrei essa ótima reportagem com ele, feita pelo Luis Augusto Simon, para o Uol.

Uma boa aula de como é o jornalismo e o jogo dos bastidores. Aí o leitor do José Luiz Gontijo que não entende bem a expressão que gosta de usar “futebol comercial”, passa a entender melhor:

* “Comentarista diz que deixou Sportv por não aceitar pedidos de “moderação””

“Vou te esperar na porta da pizzaria, com um cigarro em uma mão e um copo de uísque na outra”. A frase escrita em um email de Alberto Helena Jr não deixava dúvidas do quão aberta e interessante seria a conversa, e a cena prevista por ele só não se concretizou porque cheguei antes. E lá veio Helena, fumando. Terminou o cigarro, entrou e nos sentamos no bar. Pediu seu primeiro Cutty Sark e começamos a falar.

O hoje comentarista da TV Gazeta falou com a calma e a fluência de sempre. Foi constantemente interrompido por um cliente que vinha perguntar de sua saída do Sportv. Nem precisou esperar a minha pergunta, e já deu para o cliente ao lado sua versão sobre o que aconteceu, em uma longa resposta.

“Saí de lá porque senti que não me queriam mais. Basicamente isso. Começou quando eu critiquei o Felipão várias vezes. Várias posturas dele. Acharam que eu estava exagerando e que não deveria fazer aquilo. A primeira bronca foi quando houve uma ligação falsa da Espanha. Um jornalista se fez passar pelo presidente Jesus Gil y Gil, do Atletico de Madrid. Ele perguntou se Diego Costa iria para a Copa. Se isso acontecesse, ele ganharia um bônus de US$  5 milhões”, explicou.

“Felipão disse que o convocaria, mas que não precisava se preocupar com bônus. Resumindo, o que estava implícito era o seguinte: ele (Diego Costa) jogaria pela seleção antes da Copa e ficaria impossibilitado de jogar pela Espanha. E não jogaria a Copa e se economizaria o bônus. Eu denunciei que ele só queria enfraquecer a Espanha e prejudicar o garoto. Não gostaram e pediram comentários mais moderados. Depois, fiquei sabendo que estava fora da Copa”, prosseguiu.

Helena conta que o clima com sua antiga empresa ficou ainda pior depois que foi advertido por um comentário durante um treino da seleção. “A segunda trombada foi quando me perguntaram se eu iria torcer para a seleção na Copa. Eu disse que não. Que ia torcer para quem joga bem, como sempre fiz na vida. Aí, segundo oUOL Esporte publicou, o Felipão ficou indignado com o que falei. Recebi nova advertência. Aí me encheu o saco e pedi emprego na Gazeta. Deu tudo certo e estou feliz”, afirmou. O Sportv foi procurado pela reportagem, mas não deu posicionamento sobre as declarações do comentarista.

Helena falou também de sua carreira e de vivência em grandes momentos do futebol brasileiro. Irritou-se apenas quando falou de um velho companheiro de Jornal da Tarde.

“Roberto Avallone é um psicótico. Um fdp. Eu e o Moacyr Japiassu ensinamos o Avallone a escrever, letra por letra, porque era ruim para caralho. Impedi ele de ser demitido. Quando deixei a chefia de reportagem, indiquei ele, quando deixei a coluna Bola de Papel, indiquei ele, levei o cara para todo lado que eu ia: Record, Bandeirantes, levantei a carreira dele. Um dia, estávamos na Gazeta e ele pediu minha demissão para a chefia, sem motivo nenhum. É ou não é um fdp?”, desabafou. Avallone respondeu às declarações de Helena em seu blog, dizendo que seu advogado está estudando o caso.

O tema Avallone passou, e a calma voltou. Entre um chope e outro, Helena falou sobre sua carreira e opinou sobre diversos temas do futebol brasileiro.

Seleção de 70 : “Havia uma divisão na esquerda. Torcer ou não para a seleção em época de ditadura militar. Mas o time era tão sedutor que logo todo mundo aderiu. Eu torci a favor desde o início. Como ficar contra um time daquele nível? É a seleção que mais bem representou a essência do futebol brasileiro. Era como Cartola, como Noel, como Paulinho da Viola. O outro time representativo dessa escola foi o de 82, mas não venceu. O de 58 também era bom, poderia ter chegado ao nível dos outros se Pelé e Garrincha estivessem em campo desde o início. Era o suprassumo da beleza. Tinha Jairzinho, Tostão e Pelé, três meias ofensivos. Tinha Gérson e Rivelino, dois meias clássicos. Rivellino tinha o drible curto e uma porrada nos pés. Era um típico meia ofensivo, mas seu pai não gostava que jogasse perto dos zagueiros porque batiam muito. Então, ele recuava. Para ser um grande meia clássico, faltava a constância de um Ademir, de um Zizinho e de um Gérson. Rivellino também era vagalume, não mantinha constância o tempo todo. Mas era um jogador espetacular e que fez uma Copa muito boa.”

Estilo Guardiola: “O que define bem o time de 70 não é o esquema. É a precisão do passe. E do drible. É a essência do futebol. Passa, toca, desloca, repassa, recebe, dribla, busca um espaço, aparece a chance e faz o gol. Tem de fazer. Futebol sempre foi isso. E agora, veio Guardiola, que recuperou isso para o futebol. Essa maravilha. Tenho certeza que ele ouviu seu pai e seu avô falarem do futebol brasileiro. É uma tristeza imensa ver o Barcelona e o Bayern jogando o verdadeiro futebol brasileiro. Times que jogam bem tem o verdadeiro volante. Volante precisa defender, desarmar, tocar e avançar. Não existia volante brucutu. Em 58, Zito, que era volante, atacou e fez um gol de cabeça. Na final.”

Zagallo : “Ele teve méritos na montagem do time, colocando Rivelino em lugar de Edu, como era com João Saldanha. Acho que ganharia do mesmo jeito. A defesa do time não era tão boa, seria muito melhor se Joel Camargo, do Santos, fosse o quarto-zagueiro. Zagallo gostava de centroavante fixo e queria Dario ou Roberto Miranda em lugar de Tostão. Ele gostava mesmo de Dario, não tinha nada a ver aquela história de que foi obrigado a obedecer uma indicação de Médici. Bobagem.”

Golpe no Estadão : “Em 74, fui chefiar a equipe do Jornal da Tarde na Copa. O pessoal do Estadão ficava na nossa cola, copiava nossas matérias. E eu dei o troco. O Brasil dependia muito das cobranças de falta. Mandei os repórteres fazerem matérias desse tipo para os cobradores, para o preparador físico, qual o desgaste de bater muitas faltas, qual o melhor jeito etc. Os repórteres esquadrinharam tudo disso, velocidade do vento, chuteira etc. Juntei tudo e fiz uma matéria só, com varias retrancas. O Estadão fez tudo picado, solto, um pouco em cada página.”

Pelé: “Comia todas as mulheres, ele e Carlos Alberto. Insaciável, um garanhão, um animal priáprico. Resolvia comer uma mulher e ia para cima. E às vezes era o contrário. A mulher chegava e perguntava: vai me comer ou não? O Tuca Pereira de Queiroz, meu querido amigo, era repórter. Era da noite, amigo de jogadores. Emprestava o fusca para Pelé comer a mulherada sem ninguém saber. Olha, Pelé tem muito pouco filho comparado com a sua atividade sexual na época.”

Arrogância em 74: “A seleção se preparou muito mal. Ficou 45 dias isolada na Floresta Negra. Era um frio total, os jogadores se lesionavam, treinavam pouco, duas horas por dia, e iam engordando. Não sabiam nada da Holanda. Mandaram Paulo Amaral, um homem de pouca sensibilidade futebolística ver Holanda x Uruguai. Foi um massacre. Pedro Rocha dizia que um trem havia passado pro cima. Foi o 2 a 0 mais barato da história. Paulo Amaral foi observar e veio com uma folha cheia de anotações. Pedimos para explicar e ele disse: tem um 14, centroavante, que não é centroavante, um 15 que é meia e não é meia. Não entendi porra nenhuma. Perguntamos para o Zagallo como a Holanda jogava e ele disse que era com tamanco. Um dia, bati papo com Cruyff em um hotel em São Paulo. Ele disse ‘se vocês fizessem o primeiro gol perdido pelo Jair ou pelo Caju, a gente ia desmoronar. Seria muito para nós’. Ou seja, se tivesse treinado sério e conhecesse o adversário, o Brasil teria chances.”

Cláudio Coutinho: “O homem mais inteligente que o futebol brasileiro produziu, fora e dentro de campo. Sempre foi primeiro aluno em tudo. Estuda em livros, lançou novidades como overlapping etc. Como utilizava os nomes em inglês, como nos livros, era ridicularizado. Na véspera da Copa de 78, tinha dúvidas entre Falcão, Chicão e Batista. Precisava cortar um e estava preocupado com os gramados da Copa, que estariam muito pesados. Ele pediu que o colocasse em contato com Rubens Minelli e Mario Travaglini, para trocar ideias. Minelli não queria. Era tricampeão brasileiro e tinha mágoa por não ser o treinador. Mas eu o convenci e houve a reunião. Minelli tinha dirigido Falcão e Batista no Inter e Chicão no São Paulo. De vez em quando, os dois falavam em italiano, ironizando Coutinho. Terminada a conversa, Coutinho olhou para nós três e disse que em pouco tempo falaria italiano melhor que nós três. Na Copa, ele deu entrevistas em um italiano perfeito, olhando direto para minha cara.”

Dispensa de Falcão: “Depois da conversa, Coutinho dispensou Falcão e ficou com os outros dois. O motivo foi o campo pesado, mas havia mais coisa por trás. Durante as Eliminatórias, o Inter tinha cinco jogadores convocados. Poucos jogavam. E Falcão disse a uma rádio gaúcha que preferia ser dispensado para ajudar o Inter. Perguntaram sobre isso a Coutinho e ele disse que não acreditava nessa frase de Falcão. Quando ouviu a gravação, suspendeu a coletiva e foi falar com Falcão. Falcão negou a entrevista, mas Coutinho mostrou a gravação. Então, ele confirmou. Coutinho perguntou se ele jogava em lugar de Rivellino. Falcão disse que sim. Perguntou se jogava em lugar de Zico. Falcão disse que sim. Coutinho escalou Falcão em lugar de Zico, que estava machucado. Jogou muito mal. Falcão não era meia, era volante. Um bom volante, mas não era meia.

Felipão: “O Tite me explicou outro dia que o Sul tem duas vertentes de treinador. O do capitão Carlos Froner, de muita marcação, e outra do Enio Andrade, de boa marcação, mas que privilegia o jogo. Felipão é discípulo do capitão. Fez mal para o futebol. É marca, marca, marca. Ganhou em 2002 marcando muito e apostando em três gênios na frente. É muito pobre. É muito pouco. E ainda como respeitar quem elogia o Pinochet? Em 2014, contrariou seus dogmas e resolveu atacar. E se deu mal. Ele queria reunir a imprensa em torno da seleção e nunca foi assim. Imprensa do Brasil nunca se uniu em torno da seleção. Sempre foi crítica.”

Lazzaroni: “Foi demitido da comissão técnica de Cláudio Coutinho. Um sujeito que não entendia nada. Em 90, ele veio com um 3-5-2 ultrapassado. Na Copa anterior, a Dinamarca fez um 3-5-2 em 86 com um meia como zagueiro, um meia de formação. Ele saía para armar o jogo. Como Beckenbauer. Com Lazzaroni, embora os zagueiros fossem de qualidade, não tinham saída. Não havia habilidade e saída de bola.”

Dunga: “Está indo muito bem. Colocou gente boa para jogar e não está apenas se defendendo. Vamos esperar, mas o início é promissor.”

Galvão Bueno: “É o maior narrador da história da Fórmula 1. Impecável. Único. No futebol, eu era fã de Mario Moraes, que também era grande comentarista de rádio.”

Rogério Ceni: “Bate na bola muito bem, o maior goleiro artilheiro do mundo. Mas não é um goleiro como Gilmar, por exemplo. Um sujeito frio, que sabia responder a uma falha recente. Tinha colocação, reflexo e elasticidade. Eu estava escrevendo um livro sobre ele, mas desisti. Nada com ele, foi comigo mesmo. Perdi o tesão.”

A pizza acabou e a conversa também. Helena recebe mais cumprimentos e pedidos para que tenha cuidados na viagem para Ibiúna. É lá que vive, sozinho, em uma chácara. Nunca dorme antes das quatro, nunca acorda antes do meio-dia. “É minha caverna, fico lá, ouço muita música, leio muitos livros, estou relendo No caminho de Swann, de Proust. E vejo futebol. Todos os jogos que posso, todos que passam. Nunca perco jogo do Barcelona ou do Bayern. É uma tristeza muito grande ver o futebol brasileiro praticado por outros países. Mas é uma alegria também, porque pelo menos esse tipo de jogo voltou. Graças a Guardiola”.

Luis Augusto Simon
Do UOL, em São Paulo

http://uolesportevetv.blogosfera.uol.com.br/2015/05/20/comentarista-diz-que-deixou-sportv-por-nao-aceitar-pedidos-de-moderacao/#fotoNav=8


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Comentários:
10
  • luiz ibirite disse:

    Chico será que vc ainda acha q o luxa nao esta ultrapassado? Ate as respostas pos jogo dizem isso, esse sangue suga vai levar o cruzeiro para a segundona, time com 3 volantes que nao acertam um passe de 2 metros? A bola quando passa do meio foi pq a defesa deu um chutão, pode pegar os números ai o Manoel é o jogador que mais faz lançamentos durante o jogo, o Henrique é um dos que mais tem chegado para cabecear na pequena área olha que ele nao acerta nem o gol pois não tem esta característica ( o nilton tinha por ex.) e luxa pedindo para a torcida apoiar esta transição, o torcedor quer que intime pelo menos jogue um futebol descente e nao esta vergonha que esta ai, jogadores sem vontade, escalações erróneas, e olha que no banco tem algumas opções que eu acho que ele nao coloca por pirraça l, e como bem disse o kadu done no comentário ao final da transmissão ninguém questiona e aceitam tudo que este sanguessuga diz, se acha o expert, outro dia teve a coragem de dizer que nao esta inventando nas que ls na Espanha os grandes jogam sem um meia de criação, e ninguém teve a coragem de lhe dizer que la estão os melhores da posição e nao estes cabeças de bagre que hoje vestem o manto azul.

  • Mauro Mesquita disse:

    O problema é que no Brasil, falar a verdade ofende. Falar de gente famosa, assaltante, assassino ou político; gera processos na justiça.
    O Brasileiro segue o simbolismo. Vê defeitos no vizinho, enxerga corrupção do outro lado, mas no seu quintal tudo é perfeito.
    Somos ótimos Liberais, mas péssimos Conservadores. Excelentes oposições, um fracasso como situação. Isso é muito antigo e nunca esteve tanto na moda!

  • André Corrêa disse:

    Que papo sensacional!

    Alberto Helena Jr. denota uma personalidade meio rebelde. E tem que ser mesmo: têm 73 anos, rodado, já viveu tudo que tinha que viver. Está naquela fase em que a última coisa que você quer é ficar dando muita satisfação. Eu não tiro as razões dele, mas querer ser incisivo contra algo ou alguém em uma emissora água com açúcar como a Globo sempre foi, não dá certo.

    Tomou a atitude decente que poderia tomar: não estava satisfeito e foi embora.

    Eu não entendo como um cara como esse Roberto Avallone pode ter espaço na TV. Eu não tenho a menor paciência pra escutar esse chato de galocha. As inflexões de voz dele são irritantes no nível hard. Fora que ele é muito, mas muito enjoado. O dia que eu vi esse cara no SporTV foi mais ou menos como pegar uma mulher muito gata e descobrir que ela usa calcinhas azuis da Turma da Mônica.

    Eu senti falta de ler o Helena falar sobre as seleções do Telê. A de 70 tinha muita gente que sabia jogar bola, no melhor sentido da expressão – pouca gente já viu isso, mas a jogada do quarto gol contra a Itália começou com um salseiro de Clodoaldo na defesa que só pode ser feito por quem realmente sabe do negócio. Mesmo assim, eu acho que o time de 82 era melhor que o de 70.

    O problema do time que foi à Espanha era ambiente. Uns caras como Edinho e Serginho Chulapa causaram tumulto e envenenaram a convivência do grupo. Verdade que a Itália foi fantástica e Rossi, decisivo, mas a derrota daquele escrete foi uma tragédia.

    Faltou habilidade ao Telê para misturar os elencos de Atlético e Flamengo, melhores times do Brasil e bases daquela seleção. Os caras eram inteligentes e travaram disputas muito duras em seus clubes, dignas de faíscas. A comissão não enxergou que seria necessário um cuidado maior que o puramente técnico. Em 2002 Felipão teve essa visão. Deixou de fora alguns nomes que, tecnicamente, eram melhores, mas formou um grupo com perfil discreto e coeso. Deu certo.

    Dunga não merece nenhum elogio. Antes de ser avaliado sob o aspecto técnico, precisamos lembrar que ele é um dos braços desse esquema podre de convocações da CBF – o futebol comercial a que se referiram. Comeu o pão que o diabo amassou no início dos anos 90, foi o capitão do time de 1994 jogando bom futebol, capitão em 98 com mais bom futebol e ajudou a esquecer gerações inteiras de derrotas. Jogou tudo isso no lixo quando se juntou a esses bandidos.

    A história do Cláudio Coutinho é estranha. Até hoje ele é muito querido por quem o conheceu, no Flamengo. Poderia ter sido Campeão do Mundo se não tivesse aquela armação escrota a favor da Argentina – olha as bruxas outra vez, Chico! Sua morte trágica tirou-lhe a chance de, talvez, ter sido um grande treinador.

    Carlos Eduardo Galvão Bueno é o melhor narrador de futebol e Fórmula 1 da história da TV brasileira. Comete seus exageros de vez em quando, mas a maioria esmagadora se limita a descrever o que se vê em campo. Se for só pra isso não precisa de narrador, eu também estou vendo o jogo. Bons são os narradores que transmitem emoção, que vivem o jogo. Ou é isso ou então o cara faz até um jogo ruim virar espetáculo, como Sílvio Luiz e suas tiradas hilariantes. No conjunto da obra, gosto muito do Galvão – apesar de que, tecnicamente, acho Luciano do Valle insuperável.

    Ano passado o SporTV abriu seleção para talentos da narração. Eu, que a vida inteira quis ser narrador, foi atrás do sonho. Parei na penúltima etapa do processo. Ficou o consolo de que, enquanto dependi da minha capacidade com o microfone em mãos, fui passando.

    Estou lendo O Livro do Boni, autobiografia de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho. Há umas boas passagens sobre esses bastidores que a gente comenta. Água com açúcar também, já que são escritas em vida pelo dono das histórias, mas vale a leitura.

    Bela publicação, Chico. Nos finais de semana você poderia publicar uns posts assim, daqueles que promovem uns debates mais profundos sobre as coisas. É bom comentar aqui.

    Bom domingo a todos. Um abraço!

  • Gerson Frazão disse:

    Que sina essa do Roth, tá na rua de novo.
    Outro dia um monte de atleticano reclamando porque o Galo empatou com o Goiás dentro do Serra Dourada… Pois é, o Goiás sapecou o São Paulo em pleno Morumbi.
    A Bobo só mostra jogo do Curinthia na tv aberta. Todos vendo e ninguém faz nada. Corrupção no Brasil dá audiência e muita gente acha graça. Maracutaia ao vivo! A gente vê por aqui!
    São Benedito, Levir retorna ao esquema com um volante fora de casa.
    Atlético está acertando com lateral esquerdo do Vitória, reserva do Diego Renan ex Cru Cru. Lá vem foguete molhado! Deixou pra contratar agora, só acha isso ai no mercado… Reserva e com quase um ano sem atuar.
    Jesus Amado, o Goiás e o Coritiba ganharam. A Zona é ali!
    Se não fossem os Senadores e os acordos com a Bobo. Tchau!

  • Alessandro disse:

    Caro Chico, a crítica só é contundente quando o Brasil é eliminado, as de ocasião, Galvão é mestre nisso. Foi assim com Dunga em 2014, com o Felipão. No Jornal Nacional após o massacre da Alemanha, o Galvão disse: O Brasil nunca teve time para ganhar a copa. Antes e durante a Copa você viu alguma critica dele? Ao contrário a emissora estava o tempo todo babando ovo do Felipão. É claro pelo privilégio que teve. Um grande abraço. Alessandro

  • Alisson Sol disse:

    Qualquer atividade “profissional” tem de ter um aspecto “comercial”. O importante é que tudo seja claro e transparente, ao invés de negociatas por baixo da mesa sem conhecimento do público.
    Um dos “casos de estudo” geralmente apontados como bem-sucedidos no uso comercial do esporte é o Pelé. O “Edson Arantes do Nascimento” foi uma das primeiras pessoas a entender que “Pelé” era uma marca poderosa, e que ele deveria falar da marca na terceira pessoa, para reforçar a marca a cada declaração, ao invés de ficar falando “eu”. O “Pelé” é admirado no mundo inteiro, e numa votação online há uns poucos anos foi votado como um dos símbolos do sucesso (link), sendo o único brasileiro na lista. Evidentemente, no Brasil a marca Pelé acaba sendo hoje menos valorizada do que no resto do mundo, pois sucesso no Brasil é um defeito! No Brasil, é preciso ter sempre a desculpa de “sou um coitadinho, aplicando a lei de Gérson só porque não tenho outras oportunidades”…

    O esporte hoje está realmente ficando complicado, pois os acordos de patrocínio estão filtrando os bons atletas de eventos, filtrando as opiniões divergentes da imprensa, e criando uma autêntica realidade virtual no mundo “real”. Recentemente, um dos melhores atletas dos EUA se recusou a assinar o contrato que a Nike requer de todos os membros do time nacional de atletismo que vão disputar o Campeonato Mundial em Beijing este ano. Por que? A Nike agora quer que, mesmo fora das competições, os atletas das federações patrocinadas só usem roupas da marca, ainda que no “horário livre”. Ou seja: através de seu patrocínio às federações nacionais de atletismo, a Nike está literalmente bloqueando os atletas de terem patrocinadores individuais. Como cita reportagem do NY Times, isto é algo antigo, que já obrigou atletas a fazerem coisas absurdas, com o Michael Jordan, que era “atleta Nike”, a se cobrir com uma bandeira durante a cerimônia de premiação nos jogos Olímpicos em Barcelona em 1992, para evitar ser fotografado no uniforme da Reebok (link).

    Será que nas Olimpíadas do Rio estarão os melhores atletas do nosso tempo, ou os mais comercialmente viáveis?

  • luiz ibirite disse:

    e o josino ribeiro, tem noticias?

  • Julio Avila (mariana) disse:

    Tem jornalista da “bomba” ai que está precisando de uma geladeira!
    pra mim ele recebe dos presidentes de atletico e cruzeiro,da federação mineira e do luxa,o cara não enxerga um erro em nenhuma dessas pessoas e instituições,eu ja vi jornalista ruim mas igual esse nunca!

  • Eliezer Mattos disse:

    Chico gostei muito desta entrevista, que enciclopédia.

  • Albano Pedrosa disse:

    prezado Chico Maia,

    Evidente que toda notícia ou informação pode ter duas versões. Acredito até que o principal motivo da saída de Helena Jr. do SPORTV seja mesmo este citado por ele nesta conversa.

    Entretanto, não sou um espectador assíduo do SPORSTV, mas ocasionalmente vejo alguns programas. Confesso a você que fiquei impressionado com a arrogância do Helena Jr. em uma entrevista ao vivo com o então treinador da seleção brasileira sub-20, Alexandre Gallo. Não questiono aqui as razões do Helena Jr. em ser direto com este entrevistado, dizendo que achava que os treinadores brasileiros eram fracos, incluindo Gallo ao dizer que ele precisava de mais bagagem para trabalhar na CBF. Gallo ouviu atentamente, esperou o momento de falar, foi de uma cortesia ímpar nos seus comentários e em seguida continuou Helena Jr. a destroça-lo em rede nacional.

    Esta é uma outra versão dos fatos.

    Abraço.

    Albano Pedrosa.