É a coroação de um trabalho fantástico iniciado há quase dez por um modelo de gestão especial, diferente no futebol brasileiro. O Conselho Gestor do Coelho substituiu o regime presidencialista e tirou o clube de uma insolvência iminente. De portas quase fechadas, segunda divisão estadual a um dos clubes mais sustentáveis do Brasil, com patrimônio comparável a poucos e contas absolutamente controladas, transparentes, como uma grande empresa sólida. Quem lê este blog e minhas colunas no O Tempo e Super Notícia habitualmente há de se lembrar de uma sequência que escrevi contando o passo a passo da revolução administrativa e jurídica que foram feitas no clube, depois de uma visita que fiz à sede Boulevard, um ano atrás a convite do presidente Paulo Lasmar, aliás, um dos presidentes. Mas, no futebol, o trabalho sério de bastidores só aparece quando é transformado em títulos, como este, 15 anos após levantar o último caneco.
Parabéns ao América que fez por onde, nos dois jogos, contra um adversário muito superior financeiramente e por isso mesmo franco favorito.
O jogo só ficou bom mesmo a partir dos 12 do segundo tempo quando Clayton fez 1 a 0 para o Atlético.
Até então
O América jogava com o regulamento, feliz com o empate e arriscava nada. O Galo com medo de tomar um gol e se complicar mais, agredia menos que deveria e esbarava no ótimo goleiro João Ricardo. A expulsão do zagueiro Tiago aos 41 do primeiro tempo alterou os planos do Diego Aguirre. O time continuou dominando o jogo, mas perdeu opções de alguma substituição mais ofensiva.
Ao tomar o gol
O América entrou em campo e começou a jogar, sem acionar o “tudo ou nada”. Foi ao ataque conscientemente, correndo os riscos naturais de qualquer partida, inclusive tendo o Alison expulso aos 35 minutos, quando tudo parecia perdido. Mas o time é bem treinado, tem jogadores experientes e um treinador mais ainda. A troca do Claudinei pelo Borges foi na medida certa.
Justamente ele
Borges, ao invés de tentar dominar dentro da área e virar para o gol, ajeitou de peito para o impressionante Danilo marcar o seu terceiro gol nos dois jogos da decisão. De reserva até então a grande nome da final do Mineiro, detonando o pleno favorito ao título que era o Atlético. Toda a feliz fúria na comemoração dele deste gol se justifica.
Limitações
Diego Aguirre pediu aos jogadores que só pensassem na decisão e se esquecessem a Libertadores, mas ele mesmo fez diferente. Ao deixar Leonardo Silva de fora sabia que ele não tem um substituto à altura. Ao ser expulso, aos 41 do primeiro tempo, Tiago complicou o Aguirre que perdeu opções de substituições ofensivas que pudessem derrotar o América. Arriscou e dançou no risco.
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