Hoje alguém reclamou que não tenho falado de política aqui. E estou em débito com o Fernando Ferraz, que no dia 14 passado escreveu no blog:
* “Já que a política tomou conta do noticiário, gostaria de saber do Sr. Chico Maia o quê pensa sobre o atual momento político do Brasil.”
* Caro Fernando,
quando começou o processo de impeachment da Dilma, parei de conversar sobre política até em rodas particulares. Não tenho bandido de estimação e o tema virou isso. Diferente do futebol, onde qualquer torcedor de qualquer time tem argumentos para defender as cores do seu coração, na política brasileira não. Isso é impossível. Sujos contra mal lavados, quem rouba mais contra quem rouba menos, quem iniciou a roubalheira ou qual furto foi pior para o país.
Os conceitos clássicos de esquerda e direita que predominam no mundo civilizado? Aqui, nem pensar. Quem é esquerda ou direita aqui? Quem sabe roubar e passa despercebido ou quem rouba escrachadamente e deixa pistas demais para ser apanhado?
Já fui militante do PDT nos tempos do Brizola. O grande gaúcho se foi e veja o que virou o PDT e quem está lá agora! Votei no Lula em duas derrotas e na primeira vitória dele. No escândalo dos Correios me desiludi com essa turma também e de lá para cá tudo só piorou.
O tucanato? Nunca me agradou.
A Dilma me convencia até meados do primeiro governo dela, mas quando recebeu ordens superiores para retornar com os suspeitos de corrupção que ela pôs pra fora do Ministério, começou a dançar. Era o projeto da reeleição que entrava em cena, onde se faria “os diabos” para permanecer no poder. Deu no que deu!
Tirá-la do poder? Tá, mas quem a estava tirando? Quem a substituiria? Taí!
E fica nego brigando na defesa de um lado ou outro, como se fosse clássico de futebol, onde na verdade estão é defendendo bandidos de estimação de ambos os lados. Uns defendem por interesses pessoais e ou comerciais, outros até guardam alguma ideologia, iludidos ou não, por convicção e ou conveniência.
Quando houve o plebiscito para escolher o regime de governo entre presidencialismo, parlamentarismo ou monarquia, votei pelo presidencialismo. Errei. Com o parlamentarismo esta situação atual já teria sido resolvida há muito tempo, sem traumas. Novas eleições já teriam sido realizadas e figuras como Cunhas e Calheiros não chegariam a postos como os que chegaram, ainda mais com tanto poder.
Quando o Collor caiu, pensei: agora vai! Mas continuamos marcando passo. E o Collor voltou, atualmente posando de probo e bacana na tribuna do Senado.
Mas de tudo isso, pelo menos um sinal positivo: o futebol deixou de ser assunto exclusivo das acaloradas discussões de rodas e bares. Com os políticos nos levando a um cotidiano cada dia mais difícil, as pessoas passaram a prestar mais atenção neles. Está doendo demais no bolso de todos nós e é fundamental ficar de olho, exercendo o nosso dever de cidadãos. Talvez, a partir de agora, além do árbitro que roubou do nosso time, passemos a nos lembrar também em votamos na eleição passada e de quem está roubando o dinheiro dos cofres públicos. As instituições estão funcionando e através do voto, errando e acertando, algum dia alguma geração futura viverá em um Brasil melhor.
E vida que segue!
A propósito, leia em primeira mão o editorial do jornal SETE DIAS que circulará na próxima sexta-feira, escrito por mim:
“Nenhum mineiro no ministério do novo governo. E daí? Há quase dois anos o Congresso não vota nada de interesse da nação, envolvido com o sai não sai da presidente e do assume não assume do vice. Enquanto isso o caos na saúde aumenta até na Região Sudeste acabando com este “privilégio” do Nordeste. A Polícia Federal pede paciência a quem está precisando tirar um simples passaporte: no mínimo 30 dias até que a Casa da Moeda consiga entregar as cadernetas. Menos mal, já que quem passa no exame para conseguir a Carteira Nacional de Habilitação não tem nenhuma previsão dos Detrans em todo o país de quando o seu documento será entregue.
Segurança? Faltam Delegados civis, Federais, policiais militares, investigadores e equipamentos.
Na Educação o pau continua cantando no lombo de estudantes e professores que ousam protestar publicamente contra a falta de estrutura e salários.
Enquanto isso o Senador cassado Delcídio Amaral, com ar de celebridade, concede enorme entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, entregando todo mundo, a si próprio inclusive, como líder que era do governo Dilma até outro dia. Já foi do PSDB, conhece bem o esquema e não se furtou a entregar também Aécio e outros tucanos de menor plumagem. Razão a quem gosta do ditado “é tudo farinha do mesmo saco”, que só pensa em si e em seus chegados.
Aliás, os impostos continuam aumentando, igual aos salários dos legislativos em todo o país, bem como do judiciário e executivo. Todos bancados pelo esfolado cidadão comum e empresas: micro, pequenas, médias e grandes, que já não aguentam mais.
Diz o ditado que “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Sendo assim, cuidemos da nossa rua, do nosso bairro e da nossa cidade, sem esperar nada dessa gente, que deveria cuidar do nosso bem estar em nosso dia a dia.
De tudo, resta a esperança de que o bom funcionamento das instituições ponha quem de direito na cadeia, afaste os corruptos do poder e que a partir das eleições municipais deste ano o eleitorado escolha melhor em quem confiar o voto.
E que venha o parlamentarismo. Estivéssemos sob este sistema, Dilma já teria caído há tempos e provavelmente o Temer também, mas sem demora e sem esta retórica safada de “golpe” e outras bobagens. A história prova que o presidencialismo faliu em países como o Brasil.”
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